Nasceu no seio de uma humilde família de professores moradores do bairro do porto, à beira do Rio Cuiabá, e que nas suas puras e cristalinas águas, fazia navegar seus barcos de brinquedo por ele construído.
Vinte e nove de Janeiro, catorze anos que não pronuncio a palavra PAI.
Mas não desaprendi, pois sempre soube a importância dela, apesar do desuso que me foi imposto.
Catorze anos sem almoçarmos juntos, catorze anos sem ouvir seus preciosos conselhos, catorze anos sem sentir o cheiro do gel que você utilizava no seu cabelo e de conversarmos sobre a cidade que você me ensinou a amar.
Com catorze anos de atraso, comecei a ter coragem de bisbilhotar suas coisas que estão comigo. Começo e digo: agora vou até o fim! Ledo engano!
Começo a ver seus apontamentos, os recortes de jornais que mamãe os guardava e aí vem uma saudade imensa me impedindo de continuar.
Vejo neles, como você foi um verdadeiro pai que apesar da atenção e do amor que sempre te dediquei, jamais tive a noção da humildade grandiosa que tinhas, do seu talento intelectual e da sua verdadeira missão de pai.
Vejo nas suas coisas que os cargos que você ocupou jamais subiram à sua cabeça, muito pelo contrário ia trabalhar sempre dirigindo seu fusquinha.
Sinto muito sua falta, esta jamais será preenchida, e nossos momentos de conversa nunca serão trocados por nenhum filme, nenhum jornal, nenhum documentário ou nenhuma coisa que se proponha a preenchê-la.
Tento até hoje driblar a saudade que toma conta do meu coração. Finjo em muitas vezes que não a sinto sem deixa-la perceber que ela me incomoda, pois se valoriza-la ela toma conta de mim.
Nunca tive a mínima noção de que sua falta poderia me deixar uma saudade imensa, parecendo não tomar conhecimento dos dias e anos que se vão.
Não sei se você sabe, mas todos os dias balbuciando, pronuncio seu nome na ânsia de vê-lo ou ouvi-lo.
Não sei se isso algum dia acontecerá, só sei que o meu amor por você, ah, esse sim, é infindável….
Eduardo Póvoas cirurgião dentista pós-graduado pela UFRJ