Quando a soja chegou, no começo dos anos 1970, a violência em Rondonópolis nem de longe tinha os índices atuais, que parecem estatísticas de guerra civil. Era comum deixar a chave do carro no contato e botar cadeira na calçada, à noite, para bate-papo em família ou com a vizinhança, quando a chuva apagava o poeirão.
A única droga que existia à época em Rondonópolis era figurada, em tom de desabafo. Quando o pneu do carro batia numa pedra ou buraco o motorista gritava: “droga”.
Ladrões estão e sempre estiveram por todas as partes. Se alguém aparecesse em Rondonópolis podia ser o fim da picada, com uma viagem sem volta ao sumidouro do rio Itiquira tendo a lua por testemunha.
Qualquer ameaça que surgisse a cidade recorria ao temível tenente da Polícia Militar (PM) Adib Massad, que sabia como poucos botar ordem na casa.
Adib sempre negou que participasse das tais viagens ao Itiquira; os passageiros também, claro.
Com a divisão territorial que em 11 de outubro de 1977 criou Mato Grosso do Sul, o coronel Adib optou por aquele estado. Mais tarde ele seria coronel da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, onde foi uma espécie de ícone para sua corporação e teve reconhecimento oficial e da população.
Em 1996, logo após sua aposentadoria o coronel Adib, elegeu-se vereador por Dourados (MS).
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Em 3 de março de 2021, aos 91 anos, em Campo Grande (MS), o coronel Adib foi chamado ao céu para comandar o Batalhão de Guarda Celestial. Deixou um grande legado aos dois estados: Mato Grosso, onde nasceu em Cáceres, e Mato Grosso do Sul, onde destacou-se por sua atuação no combate aos crimes transnacionais nas fronteiras com a Bolívia e o Paraguai.
Que os antigos e os novos soldados, independentemente de patente ou posto, busquem inspiração na coragem e no profissionalismo do coronel Adib.