Vando da Colnizatur, prefeito de Colniza, foi assassinado na tarde da sexta-feira, 15 de dezembro de 2017, na Avenida Sete de Setembro, em sua cidade.
Esvandir Antonio Mendes, o Vando, tinha 61 anos, era casado e empresário no ramo de transporte de passageiros. Foi executado a tiros por ocupantes de um carro que seguiu a camionete Toyota que dirigia na Sete de Setembro. Além dele, o secretário de Finanças da prefeitura, Adnilson Ferreira também foi atingido; tiros acertaram as costas e uma perna de Ferreira.
A mulher e um genro do prefeito estavam no veículo, mas saíram ilesos. Com Vando morto ao volante sua picape desgovernada bateu no muro de uma oficina mecânica.
O corpo de Vando foi velado em Colniza e transladado para sepultamento em Ji-Paraná, Rondônia. O vice-prefeito Celso Leite Garcia, o Celso da Cacique (PT), assumirá a prefeitura.
MEMÓRIA – Em 2012 Vando foi eleito vice-prefeito pelo PSB na chapa encabeçada pelo peemedebista João Assis Ramos, o Assis Raupp. O prefeito Assis Raupp é sobrinho do senador por Rondônia, Valdir Raupp, do qual adotou o sobrenome para efeito político.
Antes de Colniza Assis Raupp foi vereador por Porto Velho. O município mato-grossense faz divisa com Amazonas e Rondônia, e sua base populacional é composta por ex-moradores de municípios rondonienses. Prefeito e vice se desentenderam.
Na eleição de 2016 Vando foi eleito pelo PSB com 5.070 votos ou 51,14% da votação válida. Assis Raupp estava afastado do cargo, tentou registrar sua candidatura, mas não conseguiu. O mesmo aconteceu com o ex-prefeito Sérgio Bastos dos Santos, o Serjão (PHS), que também foi barrado pela Justiça Eleitoral. O adversário de Vando foi Milton de Souza Amorim, o Miltinho (PSDB), que cravou 4.843 votos o correspondente a 48,84% da votação.
RÉ – A falsa médica pediatra Yana Fois Coelho Alvarenga, acusada de ser mandante do assassinato, aguarda julgamento presa na Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May, em Cuiabá. O Ministério Público em Colniza quer o desaforamento do julgamento de Yana e dos demais acusados.
Em abril deste ano Yana foi condenada pelo juiz Vagner Dupim Dias, do Juizado Especial de Colniza, a 8 meses de prisão pelo exercício ilegal da medicina.
O município
Colniza foi implantado por Antonio Carlos Grimaldi diretor da colonizadora que empresta o nome ao município. Sua população é de 39.861 habitantes na cidade, zona rural e nas vilas.
O município é o maior de Mato Grosso, com 27.946,126 km². Sede de Comarca de Primeira Entrância, Colniza se emancipou de Aripuanã em 26 de novembro de 1998, por uma lei do deputado Pedro Satélite sancionada pelo governador Dante de Oliveira.
Sua renda per capita é R$ 14.620,57 e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 0,611 numa escala de zero a um.
Município amazônico, Colniza é banhado pelos rios Aripuanã, Roosevelt, Guariba, Madeirinha, das Rosas, Branco, Pardo, Canamã, Mureru, Mureruzinho e por vários igarapés.
Considerável parte do município é ocupada por reservas ambientais e terras indígenas. O Parque Estadual do Tucumã mede 80.079,91 hectares (ha), a Estação Ecológica Rio Madeirinha (11.101,75 ha), o Parque Estadual Igarapés do Juruena (109.351,60 ha e se estende a Cotriguaçu), o Parque Nacional dos Campos Amazônicos (5.548,03 ha e se estende ao Amazonas e Rondônia), a Estação Ecológica Rio Roosevelt (55.295,20 ha), a Reserva Extrativista Guariba/Roosevelt (59.094,23 ha), o Território Indígena Arara do Rio Branco (121.692,92 ha da etnia Arara se estende a Aripuanã); em fase de tramitação processual se encontram as áreas que a Funai pretende transformar oficialmente em territórios indígenas: Hawahiwa do Rio Pardo e Rio Pardo (da etnia Tupi Kawahiba).
A cidade surgiu de um projeto fundiário adquirido ao governo estadual pela empresa paulista Colniza Colonização, Comércio e Indústria, numa área de 180 mil hectares na calha do rio Aripuanã. A demarcação das parcelas rurais e da zona urbana começou em 1986, através do topógrafo Antonio Nunes Severo Gomes.
Em 1991, a Colonizadora Colniza cedeu ao governo 17 mil hectares para a implantação do Assentamento 1º de Maio, que visava solucionar um problema agrário no Rio Grande do Sul. Nessa área foram assentados inicialmente 130 famílias oriundas de Bagé (RS), e que foram transportadas por aviões Hércules C-130 da Força Aérea Brasileira (FAB).
O primeiro voo, com 73 famílias aterrissou em Colniza em 25 de abril de 1991. Os novos moradores foram recepcionados por pioneiros e diretores da colonizadora. Naquela data passaram a integrar a legião que expande a fronteira agrícola nacional, assegura a ocupação amazônica e escreveu as primeiras páginas de uma vila que se preparava para se transformar em mais uma cidade mato-grossense.
Colniza não passava de uma clareira na mata. A estrada vicinal que a ligava a Aripuanã era praticamente intransitável no período das chuvas. Nem sempre o motorista da colonizadora, Jorge Caetano da Silva, conseguia transpor os atoleiros. Para superar o risco de isolamento os moradores se valiam do monomotor da colonizadora, pilotado pelo comandante Ricardo Coloman Zaborski. Excepcionalmente, o topógrafo Severo Gomes ajudava no transporte aéreo oferecendo carona em seu avião àqueles que se dirigiam a Aripuanã, Juína ou Cuiabá.
Rapidamente Colniza deixou de ser uma pequena vila e ganhou ares de cidade. Construções residenciais e comerciais se espalharam por todos os pontos da área urbana de 3.808 hectares reservada ao aglomerado urbano. A população ganhou uma moderna escola estadual que recebeu o nome de “Bernardino Gomes da Luz”, em homenagem à memória do pai do topógrafo Severo Gomes.
Colniza é o único dos 15 novos municípios de Mato Grosso que é sede de comarca. Essa relação é formada por Rondolândia, Conquista D’Oeste, Vale de São Domingos, Nova Santa Helena, Santa Rita do Trivelato, Santo Antônio do Leste, Santa Cruz do Xingu, Curvelândia, Nova Nazaré, Bom Jesus do Araguaia, Serra Nova Dourada, Novo Santo Antônio, Ipiranga do Norte e Itanhangá.
Os primórdios o comércio se fortalecia com a movimentação no garimpo de ouro do Mureru, no rio do mesmo nome, na Serra do Moreno, divisa com o Amazonas. O acesso a esse garimpo somente era possível por avião. Garimpeiros se abasteciam de gêneros alimentícios e compravam diesel, roupas, bebidas e outros produtos na praça de Colniza.
Com ares de modernidade, Colniza se tornou cidade de convergência para muitas famílias que trocam outros estados por Mato Grosso. Lá, homens e mulheres se irmanam na luta pelo desenvolvimento com igualdade de oportunidade para todos.
Redação blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – folhaderondonianews.com.br – Ji-Paraná (RO)
2 – Arquivo blogdoeduardogomes
3 – Site público do Governo de Mato Grosso