Nhaaaaaam! Este é o som característico dos aviões agrícolas nos rasantes sobre rodovias que cruzam lavouras onde aplicam agroquímicos. O barulho do motor sobre o teto dos carros assusta muitos motoristas. Solitário em sua cabine, o piloto não dá bola ao trânsito rodoviário e prossegue em sua excitante profissão de voar rente ao solo sabendo que qualquer falha mecânica ou erro humano pode ser fatal.
Mato Grosso domina esse tipo de aviação no Brasil. Dados do Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), subordinado à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), aponta a existência de 2.600 aviões agrícolas no país, considerando-se baixas e a incorporação de novas aeronaves no setor, operado predominantemente por aviões nacionais.
Com esse quantitativo Mato Grosso tem a maior frota aeroagrícola brasileira, seguido pelo Rio Grande do Sul, com 420; São Paulo, 330; Goiás, 300; e o Paraná, 300. Neste cenário, Cuiabá recebe no próximo dia 20, às 9 horas, no auditório da Aprosoja, o Congresso Nacional de Aviação Agrícola e o Congresso Mercosul, 2024, realizados simultaneamente pelo Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícolas (SINDAG).
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MEMÓRIA– Em 15 de março de 2005 um produtor rural de Sorriso comprou o primeiro Ipanema a etanol, mas o lançamento desse avião somente aconteceria em 19 de abril daquele ano, na Agrishow Cerrado.
Essa possante máquina voadora foi o primeiro avião no mundo a receber homologação para voar a etanol. Seu motor de 6 cilindros de 300 cv a gasolina ganha mais 20 cv ao ser produzido para abastecimento com o etanol, combustível que não lança poluentes pesados na atmosfera. A diretoria da Neiva o apresentou a autoridades, pilotos e produtores rurais em Rondonópolis.
A Indústria Aeronáutica Neiva Ltda instalada em Botucatu, no interior paulista, é o braço da Embaer que fabrica sua linha de aeronaves agrícolas.
Quem primeiro recebeu informações sobre a máquina voadora movida a álcool, ou etanol – como queiram – foi o então governador Blairo Maggi. Blairo ouvia atentamente a explanação sobre o avião que dispensa gasolina, quando um piloto agrícola que acompanhava a fala do executivo da Neiva espalhou brasa.
O piloto disse que bem antes, “uns dois ou três anos”, a aviação aeroagrícola mato-grossense já ‘convertia’ ao álcool motores a gasolina, para reduzir o custo operacional do nhaaaaam… nhaaaaam sobre as lavouras e pastagens.
A fala do piloto não causou muita surpresa, porque boa parte dos presentes conhecia tal situação e, alguns até voavam com os motores convertidos ao álcool. O comentário não causou nenhum constrangimento e a explanação prosseguiria normal, se não fosse a intervenção de outro piloto. Esse sugeriu ao colega:
– Conta pra eles como nós chamamos o avião a álcool!
– Uê, a gente chama ele de Lulinha, porque o danado bebe pra daná!