De linha do horizonte

Dia de decepção e tristeza. Essa a melhor definição para a terça-feira, 19 de setembro de 2017 em Cuiabá.

Decepção e tristeza pela indiferença dos movimentos sociais, da classe política e da militância sindical e estudantil. Tristeza e decepção diante do silêncio frio e cortante de tantas vozes atrevidas com Lula ou Temer, mas incapazes de ecoarem diante da corrupção que vomita aos seus pés.

Cuiabá não moveu uma palha. A quase tricentenária cidade de Moreira Cabral não abriu a boca. Claro, que a referência não inclui arremedos sindicais mobilizados não se sabe como, para uma patética lavagem do piso e paredes da Assembleia Legislativa, como se viu. Também não relaciona o Fórum Sindical, que apresentou seletiva lista sugerindo o afastamento de 10 deputados mensaleiros, mas tendo o cuidado em não citar parlamentares amigos e o prefeito Emanuel Pinheiro e seus pares em Chapada – Thelma de Oliveira – e Juara – Luciane Bezerra.

A sabedoria popular nos ensina que cada povo tem o governo que merece. Isso também se aplica ao Legislativo.

Somos povo que não fala e ao mesmo tempo somos cidadãos que conseguimos empregos comissionados para parentes e apaniguados. Somos povo calado e cidadãos à espera da abertura de uma fresta no poder. Somos povo silencioso, capaz de urrar contra os erros em Brasília, mas sem força para um gemido sequer por aqui…

Louvemos o nosso Ministério Público Estadual que há duas décadas prega no deserto tentando fisgar corruptos. Felicitemos nossa magistratura bem personificada pelos juízes Luís Aparecido Bertolucci Júnior e Selma Rosane de Arruda, e por Câmaras do TJ, que não se curvam na aplicação de punições ao colarinho branco. Brindemos aos procuradores da República em Mato Grosso, e em especial a procuradora Vanessa Zago. Não nos esqueçamos dos poucos jornalistas que enfrentam a máquina do poder.

Saudemos o amanhã que virá. Que virá e será melhor apesar do silêncio covarde que alicerça a quadrilha de saqueadores do dinheiro que falta nos hospitais, escolas, segurança e até onde Deus duvida.

Um novo tempo está na curva da vida à nossa espera. Ele virá, queiramos ou não. Que possamos chegar a ele com a coluna ereta nesta terra de tanta cabeça baixa em nome de interesses que realmente só podem ser vistos por olhos que não miram a linha do horizonte.

Eduardo Gomes de Andrade

Editor

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