Don Tommaso Buscetta um mafioso em Rondonópolis

Eduardo Gomes
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Despercebido entre a população da cidade que crescia, o italiano Don Tommaso Buscetta – um dos mais temíveis mafiosos da Cosa Nostra – era pacato hóspede de um amigo na Rua Armando Araújo, no Parque Real, em Rondonópolis.

À noite, Buscetta costumava dar asas aos desejos e descambava para o cabaré Coqueirinho, à margem da BR-364, que era tocado pela Cristina.

Buscetta era velho conhecido do Brasil e inclusive foi casado com uma brasileira. No auge do poder o capo italiano foi chefe da família Porta Nuova, de Palermo (capital da Sicília), que integrava a Cosa Nostra.

Em janeiro de 1981 Buscetta deixou a Itália e oficialmente veio abrir uma terra de seu sogro no Pará. No entanto, naquele ano, optou por morar em Rondonópolis, o que em tese inviabilizaria seu projeto paraense.

O tempo arrastava-se e, ele, na surdina, levava adiante uma atividade criminosa e que não é engolida por nenhum judeu: o mercado do diamante, que Israel monopoliza mundialmente. Isso mesmo!

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O Mossad, poderoso serviço secreto hebreu descobriu, mas não tinha interesse em eliminá-lo naquela época, porque vivo poderia ser mais útil. Porém, bastou uma denúncia e em 22 de outubro de 1983 Buscetta foi parar atrás das grades em São Paulo, preso pela Polícia Federal. O mundo conhece sua página de prisão, delação, extradição para os Estados Unidos e sua morte em 2 de abril de 2000, aos 71 anos.

No bairro Parque Real, não muito distante da casa onde morava Buscetta, seu vizinho mais famoso era o temível coronel belga Jean Pierre, que comandou o Batalhão Leopardo, em Léopoldville, no Congo, nos anos 1960, para proteger os interesses belgas no diamante e outros minérios contra o nacionalismo que surgiu com a independência do país.

O ADVOGADO – O saudoso Willian Rodrigues Dias, advogado criminalista, cuidava da blindagem de Buscetta e certa vez revelou que ele escolheu Rondonópolis por ser o polo da extração de diamante em Poxoréu e no Vale do Garças. O mafioso mandava a pedra mais preciosa do mundo para a Europa. Seu negócio no Pará seria uma forma de justificar sua presença em Belém, para onde levava diamante sem jaça e o contrabandeava por navios. A revelação de Willian foi após Buscetta colaborar para o desmantelamento da máfia e receber apoio do governo americano.

Willian era paulista de Bauru. Residiu em Coxim (MS), antes da divisão territorial que criou Mato Grosso do Sul; naquela cidade foi vereador. Mais tarde, montou escritório em Rondonópolis, onde em 1982 recebeu 1.134 votos sendo o vereador o mais votado ao cargo. Mesclando política e atuação na esfera criminal, Willian passou a ser requisitado para fazer júris em várias comarcas. Em 1986 elegeu-se deputado estadual e foi líder do governador Carlos Bezerra na Assembleia.

Durante uma década Willian lutou contra o Mal de Alzheimer, mas na madrugada de 4 de agosto de 2014, num leito no Hospital São Matheus, em Cuiabá, foi derrotado. Seu corpo foi velado na Capela Pax, no conjunto CPA, em Cuiabá e sepultado no Cemitério Parque Bom Jesus de Cuiabá, cidade onde residia. Deixou viúva e filhos.

A Assembleia estipula que os corpos de ex-deputados estaduais sejam velados em seu Salão Nobre, porém essa honraria não foi concedida a Willian Rodrigues Dias.

Fotos:

1 – Wikipedia

2 – Instituto Memória do Poder Legislativo

Infografia:

Marco Antônio Raimundo