Edmilson Paulista Martins (PSC) à frente de uma coligação de nanicos intitulada Muda Rondonópolis disputa a prefeitura daquele município, em 1996 e enfrenta os dois grandes grupos políticos de Mato Grosso, um chefiado pelo senador Carlos Bezerra (PMDB) e outro liderado pelo também senador Júlio Campos (PFL).
Graves acusações e ofensas pessoais são lançadas contra o cidadão Edmilson – empresário dono do Lojão do Queima – que era torpedeado principalmente pelos liderados de Bezerra. Não faltava quem tentasse associá-lo ao narcotráfico e outros crimes transnacionais.
No último dia para o pedido de registo de candidaturas, Edmilson reúne seus candidatos e cobra a papelada:
– Falta papel de quem? – Quer saber Edmilson.
– Está faltando a certidão de crime da companheira Mulher Coragem – diz William Drosghic.
– Isso não pode acontecer, gente! – protesta Edmilson mandando que a candidata a vereadora Mulher Coragem fosse levada imediatamente ao cartório para requerer o documento. (Mulher Coragem é o apelido de Waldecy Silva Pompeu).
– Falta alguma coisa, ainda? – insiste Edmilson.
– A documentação do candidato a vereador Zeca da TCR está incompleta. Não consta a profissão… – explica o advogado, poeta, escritor, cantor, compositor e jornalista Ailon do Carmo, companheiro e um dos coordenadores da campanha de Edmilson. (Zeca da TCR é apelido e foi nome na urna eleitoral de José Ferreira da Silva/PSD, que recebeu 312 votos).
– Zeca, venha aqui – Edmilson o chama e completa:
– Fale sua profissão para o Ailon registrar sua candidatura, homem!
– Sou chefe de tráfego, doutor Ailon – informa Zeca com humildade.
Edmilson se irrita com a qualificação profissional de Zeca e manda mudar sua profissão:
– Você não chefia tráfego coisa nenhuma! A partir de agora você é chefe de circulação de ônibus – sentenciou Edmilson, provavelmente temendo que a função de Zeca fosse pronunciada propositalmente de forma parecida, porém incorreta, pelos adversários e que isso fosse usado contra ele no horário gratuito da televisão e do rádio.
TCR era a sigla da empresa Transportes Coletivos Rondonópolis, empresa que explorava as linhas urbanas locais em monopólio por concessão da prefeitura.
Nem a mudança de qualificação profissional salvou o chefe de circulação de ônibus Zeca da TCR da derrota e o mesmo destino teve Edmilson, que foi batido por Alberto de Carvalho (PMDB), numa disputa apertada.