Especial UFR – Bisset, uma Diva na cidadezinha que crescia na esteira da soja

Linda, perfumada, meiga, gostosa, sensual, envolvente e figura comum em Rondonópolis. Bons tempos aqueles em que a atriz Jacqueline Bisset, que nasceu inglesa com o pesado nome de Winifred Jacqueline Fraser Bisset entrava na cidade ao volante de um empoeirado Toyota tupiniquim para acompanhar o capataz da pantaneira fazenda Taiaman de seu namorado Giovanni Lancia.

A Diva sabia o caminho certo ao Armazém Patureba, onde as grandes fazendas do Pantanal no entorno da cidade se abasteciam, fiado, na caderneta.

Jacqueline Bisset era o rosto mais bonito e o perfume mais excitante nas ruas pouco movimentadas da cidade. Sua presença na fazenda era para encontros tórridos com o amado, famoso fabricante de carros esportivos.

Enquanto Lancia pescava e bebia com amigos famosos sua amada subia a serra, pegava a estrada para Rondonópolis, mas sequer tinha noção que presenciava a transformação de uma cidadezinha de nariz arrebitado na metrópole regional que surgia na esteira da soja, a leguminosa que deixava os poderosos pecuaristas do Vale do Jurigue de orelhas em pé a ponto de chamarem o amarelão CBT-090 que era o rei dos tratores, de onça comedeira de bezerros.

Sem saber da dor de cotovelo dos donos das boiadas e do avanço da soja no cerrado Jacqueline Bisset queria apenas viver a pequena cidade pra fugir de sua rotina nos estúdios de Hollywood. Enquanto o capataz separava as compras ela ia com seu Toyota até o Bar do David, na esquina da Amazonas com a 13 de Maio e num ambiente exclusivamente masculino ocupava uma mesa e pedia um Martini com pastel de “palmitô”.

PSPatureba é o apelido do mineiro de Patos de Minas, Jairo Antônio da Cruz e seu armazém funcionava na Avenida Presidente Kennedy. O Bar do David se situava na nobre esquina da Avenida Amazonas com a Rua 13 de Maio e seu proprietário era o comerciante David Soares da Silva, nascido em Alto Garças e de saudosa memória.

Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes

FOTO: Youtube