Especial UFR – Wander Melo, o mestre da pintura

Rondonópolis é berço e endereço de grandes nomes do meio artístico. Um deles, com reconhecimento popular e entre críticos das artes, é Wander Melo.

 

Quem não nasce artista, não vive artista e não morre artista não é artista. O verdadeiro dom da arte vem com o primeiro choro ao se deparar com o mundo, fora do ventre da mãe; não se separa nem na hora do sono; e permanece no indivíduo até seu último suspiro. Wander Melo é artista na acepção da palavra e ratificará essa condição no dia, hora e local determinado por Deus para devolver sua arte ao céu, de onde saiu em 17 de outubro de 1962, na então pequenina e empoeirada Rondonópolis, onde chorou pela primeira vez fazendo a alegria de sua mãe, Olívia, e seu pai, Jerônimo Procópio.

Antes mesmo de dominar o lápis para escrever as primeiras letras no Grupo Escolar Costa e Silva, na goiana Portelândia, onde sua família morou por alguns anos, ele já o usava rabiscando figuras, natureza. Era uma arte infantil, mas carregada de pretensão e chamava a atenção da comunidade escolar, “esse menino tem futuro na pintura”, diziam.

Por onde andasse, para o ponto em que olhasse e com o que sonhasse Wander Melo sempre encontrava inspiração. Sua arte de berço ganhava maturidade na leveza de seus traços, na harmonia de suas cores, no enigma do abstrato, na clareza do real e na força do expressionismo.

Rondonópolis passou a admirar, respeitar e a torcer por seu artista Wander Melo. De obra em obra e de exposição em exposição seu universo extrapolou os limites da sua agora grande e importante cidade. Expôs individualmente e em eventos coletivos em várias cidades mato-grossenses, em diversos estados e no exterior. Recentemente levou sua arte para O Festival de Ópera em Pittsburgh, na Pensilvânia, Estados Unidos, onde participou da exposição “Selva Urbana – Brasil em Foco”, com 10 obras e  recebeu os melhores elogios possíveis da crítica especializada.

Em Rondonópolis Wander Melo tem um ateliê e galeria de arte, onde também comercializa móveis artísticos juntamente com seu irmão e colega na arte de pintar, Hermes de Melo.

Perguntei  quais as obras que mais o marcaram. Tentou desconversar, “as obras são como filhos para mim...”. Insisti e ele com cautela, medindo as palavras disse que “todas são valiosas para mim, mas vou citar duas: uma do começo da minha carreira profissional, o “Incêndio no Posto Papai”, e a outra foi o marco da minha mudança para o expressionismo, o “Pesadelo””.

Politizado atento ao mundo, Wander Melo tem um astral muito bom e vive a realidade do mundo artístico. Pergunto como está o momento atual em Mato Grosso para as artes plásticas. “Melhorou muito – diz. Temos colecionadores, mas, claro que é preciso aumentar a aquisição pelas instituições públicas; publicar editais e lançar projetos culturais visando aumentar a participação popular nos meios artísticos”, resume.

Insisto no tema. Falta alguma coisa aos artistas? “(Falta um) Melhor reconhecimento aos artistas que sobressaem, para que possam se manter no mercado”, lamenta.

– Você aceita bem a crítica? Wander Melo sorri. “A crítica sobre nossa arte é motivadora, para que nossa história artística e cultural seja mantida, pois a gestão pública nessa área é claudicante”, volta a lamentar.

Rondonópolis tem importantes nomes nos meios artísticos e culturais. Wander Melo é um deles. Humilde, discreto, de pouca fala, é figura que passa despercebida entre a multidão. Esse perfil é completamente diferente do impacto que sua obra causa e que a faz notada, reconhecida, valorizada e prestigiada por todos.

 

EDUARDO GOMES/blogdoeduardogomes

FOTOS: Wander Melo

1 – O artista

2 – Tocadores de viola de cocho – 2016