Alírio já tinha sido consultado por Rubens dos Santos e garantido que seu “trabalho” era tão forte que bastava “preparar” dois jogadores para assegurar a vitória. Foram escolhidos, então, quem pegava a bola no gol (Fa-gundes) e quem marcava os gols (Bife).
Um de cada vez, os dois foram colocados dentro de um círculo de pólvora, enquanto Alírio fazia suas mandingas, rodopiando, gesticulando e in-vocando seus guias para ajudar Fagundes e Bife a garantirem a conquista do título.
“Era tanta pólvora que quase queimou minhas roupas”– queixava-se Bife toda vez que falava sobre esse episódio que marcou sua vida de jogador de futebol.
Completado seu “trabalho”, Alírio confirmou sua previsão: o Operá¬rio ia ser campeão. E até revelou o placar: 2×1, com os 2 gols de Bife, eviden-temente.
Vitória garantida, os dois jogadores voltaram para a concentração cheios de moral e trataram logo de espalhar a boa notícia entre os companhei-ros, que, claro, passaram a compartilhar da alegria de Bife e Fagundes. Afinal, ganhar um título estadual em cima de um time como o Dom Bosco ia ter um sabor especial…
Chegou o dia do grande o jogo e o placar foi mesmo de 2×1, como o macumbeiro Alírio havia previsto, só que para o Dom Bosco… com 2 gols de Jorge Cruz.
PS: Bife não fez nem um: o gol operariano foi marcado por Pé de Coelho. Pior: o que Alírio não previu foi que no final do jogo haveria uma briga feia, com os jogadores, dirigentes, policiais, juízes e bandeirinhas, gandulas e torce¬dores participando da pancadaria.
Reproduzido do livro Casos de todos os tempos Folclore do futebol de Mato Grosso, do jornalista e professor de Educação Física Nelson Severino