Seo João Norberto enquanto esteve vivo cumpriu a promessa e deixou aos herdeiros a continuidade dessa demonstração de devoção e fé.
A partir daquele ano até os dias de hoje, entre os dias 17 e 25 de julho tem novena. No dia 26 de julho é celebrada uma Santa Missa e servido um chá-com-bolo.
TRADIÇÃO RELIGIOSA
Sem perder o sentido maior, que seria o agradecimento e crença nos milagres da santa, tornou-se um evento de confraternização de muitas gerações crescendo em tamanho e devoção.
Com a morte do casal João Norberto e Ana Francisca de Barros, os 10 filhos continuaram a tradição religiosa. Vale ressaltar que todos os filhos do casal têm uma filha com o nome de “Ana”, em homenagem a Nossa Senhora Santana.
Embora a família tenha crescido e muitos tenham mudado para outras localidades mais distantes, a festa de Santana continua sendo um fator de união e confraternização de todos os membros da família Barros. Mesmo os que moram mais longe, nunca deixam de prestigiar a famosa festa e manter a tradição secular, que está sendo passada de pai para filho.
Os festejos reúnem cerca de 700 membros dos Barros, que são os filhos, netos, bisnetos e tataranetos de João Norberto e Donana. A grande maioria são moradores de Várzea Grande e Cuiabá.
A invocação e agradecimentos às intercessões de Sant’ana estão presentes em todos os momentos da vida dos Barros, desde doença aos concursos e vestibulares, conta Maria José de Barros Silva, da segunda geração.
Como a festa é custeada integralmente pelos parentes, eles têm como lema que “o que falta Sant’ana intera, e depois lhe devolve em dobro” como aconteceu em 1911, com João Norberto e Donana.
DIA DA SANTA
No dia Sant’ana (26/07) é lei, nenhum Barros trabalha. “Nós nos reunimos para não trabalhar”, brinca Joaquim de Barros, filho de João Norberto e Donana. “Quem tem comércio ou escritório fecha as portas e quem é empregado falta ao trabalho”.
QUEM FOI SANT’ANA?
Ana, na tradição Católica, foi à mãe da Virgem Maria e avó de Jesus Cristo. Tudo o que se sabe sobre os pais de Maria nos foram legados pelo Proto-Evangelho de Tiago, obra citada em diversos estudos dos padres da Igreja Oriental, como Epifânio e Gregório de Nissa.
Sant’Ana, cujo nome em hebraico significa graça, pertencia à família do sacerdote Aarão. Seu marido, São Joaquim, pertencia à família real de Davi.
Conta-se que Joaquim foi censurado pelo sacerdote Rúben por não ter filhos, quando Sant’Ana já era idosa e estéril.
Confiando no poder divino, São Joaquim retirou-se ao deserto para rezar e fazer penitência, e ali um anjo lhe apareceu, dizendo que Deus havia ouvido suas preces. Tendo voltado ao lar, algum tempo depois, Sant’Ana ficou grávida de Maria.
Ana e Joaquim residiam em Jerusalém, ao lado da piscina de Betesaida, onde hoje se ergue a Basílica de Santana, e aí, num sábado, 8 de setembro do ano 20 a.C., nasceu-lhes uma filha que recebeu o nome de Miriam que em hebraico significa Senhora da Luz, traduzido para o latim como Maria. Maria foi oferecida ao Templo de Jerusalém aos três anos, tendo lá permanecido até os doze anos.
A devoção aos pais de Nossa Senhora é muito antiga no Oriente, onde foram cultuados desde os primeiros séculos de nossa era, atingindo sua plenitude no século VI. Já no Ocidente, o culto de Santana remonta ao século VIII, quando, no ano de 710 suas relíquias foram levadas da Terra Santa para Constantinopla, onde foram distribuídas para muitas igrejas do Ocidente, estando a maior delas na igreja de Sant’Ana, em Düren, Renânia, Alemanha.
Seu culto foi tornando-se muito popular na Idade Média, especialmente na Alemanha. Em 1378, o Papa Urbano IV oficializou seu culto. Em 1584, o Papa Gregório XIII fixou a data da festa de Sant’Ana em 26 de Julho, e o Papa Leão XIII a estendeu para toda a Igreja, em 1879.
Wilson Pires de Andrade é jornalista em Mato Grosso