(Fr) – Na segurança, Fronteira é terra de ninguém

Treinamento do Gefron

Mato Grosso tem 983 quilômetros fronteiriços com a Bolívia nos municípios de Poconé, Cáceres, Porto Esperidião, Vila Bela da Santíssima Trindade e Comodoro. Essa região se caracteriza por grandes vazios demográficos e imensa área alagada do Pantanal. Pelo vácuo do Estado, não seria exagero chamá-la de terra de ninguém.

 

Nessa área, a criminalidade fortalecida pelo narcotráfico é elevada.
Sua segurança ostensiva é feita pelo Exército, que tem o 2º Batalhão de Fronteira, em Cáceres, onde a Marinha opera uma unidade naval; pela Polícia Militar, que instalou o Grupo Especial de Fronteira (Gefron), em Porto Esperidião; e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), que reduziu seus postos. 

 

Na fronteira a PRF tem apenas três postos policiais nas rodovias. No Km 635 da BR-070, município de Poconé, na localidade chamada de 120 – entre Cuiabá e Cáceres. No aterro ao lado da cidade de Cáceres, nas rodovias remontadas BR-070/174. E em Pontes e Lacerda, na BR-070. O posto que operava na BR-174 na zona urbana de Comodoro, divisa com Rondônia, foi desativado, e o mesmo aconteceu com seu similar na BR-070 entre Cáceres e San Matias.

Efetivos do Batalhão do Exército em Cáceres

A Polícia Federal é judiciária e investigativa, tem instalações na fronteira, mas por seu modus operandi tem que se manter na penumbra, salvo quando da realização de operações – o mesmo se aplica à Polícia Civil, que no ano passado passou pelo constrangimento do fechamento de delegacias por decisão política do governador democrata Mauro Mendes.

Constrangimento à parte, em 2017 a Polícia Civil instalou a Delegacia Especial de Fronteira (Defron), em Cáceres.

Recebendo recursos federais o Gefron cada vez mais assume o policiamento ostensivo na fronteira, o que não é recomendável.

O policial militar em serviço naquela área se torna vulnerável aos criminosos transnacionais. Essa missão, tradicionalmente é militar, pelas características das Forças Armadas, que podem deslocar efetivos de outros estados para atuação em regiões de risco.

A fronteira é desguarnecida, o que facilita a ação do crime transnacional, que cada vez mais se capilariza em Mato Grosso, além de usá-lo enquanto rota para os grandes centros e outros países.

O Exército teve papel mais atuante na área, com destacamentos militares estruturados em Corixa, Santa Rita, Casalvasco, Palmarito etc. mas atualmente o controle policial  está mais afeto ao Gefron, que inclusive mantém policiais nos postos de fiscalização do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea). Nas rodovias próximas à fronteira há incontáveis trilhas no cerrado ligando os dois países. São as chamadas cabriteiras, por onde passam veículos roubados e furtados rumo aos bolivianos, e na direção inversa, drogas e armas.

O Estado Brasileiro, com a quase total ausência de militares na região, não tem estrutura para reverter essa realidade e se limita a montar barreiras móveis do Gefron para revistas aleatórias.

A Delegacia da Fronteira

Na fronteira de Mato Grosso com a Bolívia o Brasil perde a guerra para o narcotráfico.

Droga não é o único gargalo na fronteira. A falta de regularização fundiária é outro grande entrave ao seu desenvolvimento e consequente ocupação.

Propriedades bicentenárias não contam com documentação cartorial.  Proprietários e antigos posseiros enfrentam ameaças reais de perderem suas terras para demarcação de áreas indígenas.

Na região de Corixa, município de Cáceres, próximo a San Matias na Bolívia, o Incra criou projetos de assentamentos da reforma agrária. A região além de pobre de água, é fronteiriça e desabitada, o que expõe parceleiros ao assédio do narcotráfico, para que atuem enquanto mulas transportando cocaína da Bolívia para o Brasil. O caso é delicado e tratado com sutileza, para não trombar com o chamado politicamente correto. Porém, se cruzarem os dados de prisões e condenações de pequenos traficantes em Cáceres será possível constatar tanto o envolvimento de parceleiros quanto o de seus parentes, com esse tipo de crime.

A faixa de fronteira não tem penitenciária e presos à espera de julgamento são mantidos junto aos apenados – que receberam condenação. Além dos nacionais, há bolivianos, tanto homens quanto mulheres, amontados em celas prisionais em Cáceres, Pontes e Lacerda e Vila Bela da Santíssima Trindade.

O Brasil precisa ocupar a fronteira em todos os sentidos, mas sem fazer disso um gesto de agressão aos vizinhos, nem os colocando na vala comum.

O crime é praticado por minoria. Brasileiros e bolivianos convivem harmonicamente dos dois lados da linha imaginária que os une.

Redação blogdoeduardogomes

FOTOS: 

1 e 3 – Site público do Governo de Mato Grosso

2 – Prefeitura de Cáceres

 

 

 

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