Era homem de extraordinária pujança e desde cedo aos 13 anos defende a Pátria, ao enganjar-se na Guerra do Paraguai, mostrando a coragem de um bravo militar, liderou tropas, o destino político do Estado, foi memorável jornalista, um incomparável carisma no século XIX.
Um legítimo cuiabano de “chapa e cruz”, filho do alferes José Ponce Martins e da Sra. Corsina Romana de Sousa, nascido no dia 10 de julho 1852, vive os primeiros anos no Forte Príncipe – da Beira, no rio Guaporé: bacia Amazônica e hoje Rondônia, seu pai era o comandante. Estudou no Seminário de Cuiabá, porém iniciada a invasão, em 1865 demonstrando muita atitude, alista-se como “Voluntário da Pátria” e segue para o cenário, retornando primeiro-sargento cadete.
Após a Guerra do Paraguai – 1864/70, passou a se dedicar inicialmente à lavoura, logo após em 1870 ao comércio, trabalhando para Firmo José de Matos, o Barão de Casalvasco. Convulou no ano seguinte com Maria de Almeida de Sousa Ponce, gerando Palmiro e Adelina. Havendo enviuvado, Generoso voltou a casar-se em 1878 com a Sra. Mariana Vaz Guimarães. Esta segunda união acabou gerando uma extensa prole de 8 filhos, a saber: Josefina, Alice, Julieta, Leogilda, Carlinda, Nadir, Altamiro e finalmente Generoso Ponce Filho.
A militância política inicia cedo impulsionando a carreira, veja-se que no Império, estava filiado ao Partido Liberal, chegando mesmo a ser deputado provincial de 1882 até 1889. Proclamada a República pelo Marechal Manuel Deodoro da Fonseca, em 15 de novembro 1889, Ponce enganja-se no regime, funda o Partido Republicano em janeiro 1890, sendo logo eleito Deputado Estadual Constituinte. Promulgado a Constituição em agosto 1891, o partido fundado elege Manuel José Murtinho como 1º Presidente do Estado e 1º Vice-Presidente Generoso Ponce, parece que ciente da ebulição naqueles idos tempo, tinham 3 Vices, o último era Pedro Celestino !
Marechal Deodoro promove um golpe fechando o Congresso Nacional em 3 de novembro 1891, aliam 19 presidentes estaduais, devido fortes reações 20 dias após ele renuncia. Assumido o Vice-Presidente da República, Marechal Floriano Peixoto, seu primeiro ato foi afastar todos os governantes que haviam aderido a esse malfadado golpe, incluíndo-se o de Mato Grosso. Sendo tímido o apoio de Murtinho, permanece no cargo, todavia, inicia uma reação liderada pelo Gal. Antônio Maria Coelho e Major Antônio da Mota comandante do 21º Batalhão em Corumbá, culminando em 1º de fevereiro 1892, com a deposição do Presidente eleito Manuel José Murtinho.
Na ocasião chegam a proclamar o Estado Livre de Mato Grosso, assume uma junta governativa permanecendo apenas por 2 dias no comando do Estado, logo assumindo o Coronel Pereira Leite.
Consolidava-se a oposição a Murtinho em Cuiabá, alastrando-se ainda ao interior, por outro lado, nestes dias conturbados e de muita agitação, entra em cena outro vetor importante.
A Câmara Municipal de Cuiabá, envia postulação ao Presidente Floriano Peixoto em que solicita, que abra mão de impor um nome e contrariar a vontade popular para evitar o derrame de sangue. Ante esse quadro, Generoso Pais Leme de Sousa Ponce resolveu como um grande líder que era, iniciar sua reação empenhada em defender a legalidade, mobiliza um exército de três mil homens, a que denominou “Legião Floriano Peixoto”, dividindo-o em unidades regulares sob sua chefia. Dessa forma, qual Napoleão, em 7 de maio 1892, à frente das tropas entra aclamado em Cuiabá, sendo o 1º Vice-Presidente, assume a chefia do governo, que em 20 de julho devolve a Murtinho. Assim volta-se a legalidade, recebe do Pres. Floriano o título honorário de “Coronel do Exército”.
Ponce logo retorna para Assembléia, sempre muito ativo, inicia volumoso trabalho na imprensa e nesse mesmo ano 1892, chegou a ser o redator principal do jornal “O Mato Grosso”. Cumpre até o fim seu mandato estadual em 1894, e dá outra salto na carreira elegendo-se Senador. Nesta sucessão de avanços em 1895 fundou o jornal “O Republicano”, do qual veio a ser diretor. A senadoria exerceu no Rio de Janeiro – Distrito Federal, durante 3 oportunidades até o ano 1902. Muito ativo em 1905 voltou a eleger-se Deputado Estadual de MT, mandato suspenso em 1907. Em 1906 lidera revolta que finda com a morte do Presidente Antônio Pais de Barros – Totó Pais. Depois, substitui Pedro Leite Osório em 15 de agosto de 1907, e galga a Presidência do Estado, gestão que encerra em 12 de outubro 1908, em razão de haver adoecido, assume Pedro Celestino.
Volta em 1909 eleito Deputado Federal, em maio assumiu uma cadeira na Câmara, onde sustentou forte campanha contra a administração do Lóide Brasileiro, empresa de navegação. Contudo, o gigante já vinha combalido apresentando saúde debilitada, mas exerceu este mandato até seus últimos dias, quando expirou no dia 7 de novembro 1911, ainda jovem aos 59 anos no RJ. O filho caçula seguiu seus passos, foi deputado constituinte em 1934, federal por MT em 2 vêzes.
Verdade seja dita, em Mato Grosso houveram duas personalidades que regeram o poder de forma inconteste durante as primeiras décadas em nossa República, Joaquim Murtinho e Generoso Ponce…
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