HUJM e uma ponte entre nós

Eduardo Gomes

@andradeeduardogomes

Em todos os dias da trajetória dos 40 anos do Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM) meu endereço foi a redação de jornal, onde já me encontrava antes mesmo de sua criação e inauguração em 31 de julho de 1984 pelo governador Júlio Campos. Ao longo dessas quatro décadas – que em termos de tempo podem ser comparadas ao período em que o povo israelita vagou pelo deserto após sair do cativeiro no Egito, guiado por Moisés, em busca da Terra Prometida – não escrevi uma linha sequer sobre aquele hospital escola nos milhares de textos que produzi, salvo citações sobre a pandemia da covid.

Nos últimos dias ouvi abnegados médicos do HUJM que fazem de suas vidas um instrumento em defesa da existência do próximo. Relatos de humanismo, de profissionalismo e de entrega total, longe do espalhafato jornalístico acenderam uma luz botando fim às trevas entre meus modestos textos e o grande hospital dos mato-grossenses (e de acreanos, rondonienses, amazonenses, paraenses e bolivianos, também). Sinceramente não sei como poderia ter sido útil ao HUJM, mas quando nada poderia somar meu exercício profissional aos que o divulgam na oralidade entre parentes, vizinhos, amigos e até mesmo com figuras desconhecidas.

 

                             “Não escrevi uma linha

                              sequer sobre aquele

                              hospital escola nos

                              milhares de

                              textos que produzi”

 

Pena que minha postura profissional seja esta ora revelada. Não posso julgar os colegas de profissão, mas na visão geral, há um fosso entre o jornalismo e o HUJM.

Nesta data significativa para Mato Grosso, ao invés de presentear o HUJM que entra na idade do enta, peço-lhe um presente: perdão por minha omissão, quando poderia ter mostrado ao leitor e internauta a luta silenciosa travada por centenas de profissionais da saúde ao longo de 40 anos nas salas de cirurgias, nos consultórios, nas visitas aos leitos, nos laboratórios, na lavanderia, na cozinha e por onde mais se possa imaginar que seja dependência do grande hospital dos mato-grossenses.

Que a partir de agora ao invés do fosso haja uma ponte entre nós e que possa cruzá-la antes que o implacável relógio biológico determine o término de meu ciclo jornalístico.

*Eduardo Gomes é jornalista e edita este blog

Comentários (1)
Add Comentário
  • Elza

    Como sempre , com toda sua humildade e grande profissionalismo, somos presenteados com mais uma matéria emocionante e histórica , agora sobre nosso Hospital Universitário que completa 40 anos de serviços prestados e muita história de luta pela saúde de MT . Obrigada Eduardo Gomes ( Brigadeiro) .