O caso Thelma de Oliveira não é fato isolado na política mato-grossense. A prefeita tucana de Chapada dos Guimarães é acusada de improbidade administrativa e, em fase embrionária, a Câmara Municipal aponta para o rumo que poderá levá-la a investigar o conteúdo das denúncias contra ela. Thelma se diz tranquila e nega as acusações. Ela poderá inclusive ser afastada da prefeitura, mas outro componente nessa crise administrativa que se instala mais uma vez em Chapada é a política migratória, que passa ao largo da discussão.
Na segunda-feira, 10, a Câmara acatou por 5 votos a 4 a denúncia contra Thelma, mas a mantém no cargo, enquanto prazos de defesa são observados.
O componente que não está sob análise é a política migratória. Thelma construiu sua carreira política em Cuiabá ao lado de Dante de Oliveira, já falecido, e com o qual foi casada. A transferência de seu título para Chapada foi uma jogada tucana para acomodá-la politicamente. À época, o governador e seu correligionário Pedro Taques estava no auge do poder, paparicado pela mídia e bajulado pelo grupo palaciano que gravita à sombra do governante independentemente de quem exerça o cargo. Essa manobra foi fortalecida pelo deputado estadual reeleito Wilson Santos, do PSDB, que está enrodilhado por denúncias de improbidade administrativa, tem bens bloqueados e sofreu condenação em primeira instância.Pedro e Wilson costuraram a candidatura de Thelma.
A migração de Thelma repete em Chapada o que aconteceu em vários municípios em épocas diferentes após a divisão territorial que em 1979 criou Mato Grosso do Sul. Essa migração em algumas circunstâncias são normais, mas em outras evidencia carreirismo. Eis exemplos das duas situações.
Zé Paraná foi vice-prefeito de Diamantino e prefeito de Juara. Ramon Itacaramby foi prefeito de Jaciara e Juscimeira. Ambos estiveram no poder nos municípios aos quais seus distritos pertenciam, e os governaram após a emancipação, o que é absolutamente normal.
Augustinho Freitas foi vereador por Rondonópolis e tentou ser prefeito daquele município, mas sem sucesso. Depois transferiu o título para Pedra Preta onde foi eleito prefeito e teve um final de governo melancólico, recheado de denúncias.
Elias Leal foi prefeito de Curvelândia e depois de Mirassol D’Oeste, onde foi afastado da vida pública ao ser alcançado pela Lei Ficha Limpa.
Cidinho dos Santos foi prefeito de Nova Marilândia e tentou repetir o feito em Arenápolis, mas foi rechaçado pela política daquele município. Cidinho (PR) é suplente do senador Blairo Maggi (PP).
Lino Rossi foi deputado federal residente em Cuiabá. Tentou ser prefeito de Várzea Grande e não conseguiu.
Nininho (PSD), deputado estadual reeleito, foi prefeito de Itiquira e tentou disputar a prefeitura de Rondonópolis, mas foi barrado.
Em suma: Chapada entra em crise administrativa por um caso que tem no epicentro uma figura sem nenhuma identificação com aquele município: Thelma, a prefeita da política migratória.
Da Redação
FOTO: Arquivo Diretório Nacional do PSDB