Essa técnica adotada nos grandes centros do mundo e do Brasil é disponível tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto coberto por planos de saúde e particular também. Esta técnica garante um tratamento menos incômodo e indolor para o paciente que tenha indicação de quimioterapia intratecal, possibilitando uma melhor qualidade de vida e o menor risco de infecção devido punções lombares seriadas, apesar do tratamento quimioterápico.
Vamos entender como funciona, até o surgimento do implante de reservatório de Ommaya a quimioterapia era feita através de punções lombares diárias, que são dolorosas e aumentam o risco de infecção em pacientes já imunossuprimidos, tanto pela quimioterapia e radioterapia sistêmica como pelo próprio câncer.
Com a instalação do reservatório de Ommaya, a medicação é injetada diretamente no sistema ventricular do cérebro, sem a necessidade de punções lombares diárias; possibilita também de forma menos indolor e rápida, a coleta de liquido cefalorraquidiano para análise e seguimento terapêutico. O reservatório de Ommaya também pode ser utilizados em casos aonde a quimioterapia intratumoral está indicada, bem como é utilizado em alguns trials com immunotepaia. O procedimento é feito aqui mesmo em Cuiabá em poucas horas e é muito utilizado em crianças nos grandes centros. Aqui em Mato Grosso realizamos o primeiro implante numa mulher de 41 anos há uma semana com grande sucesso.
A principal vantagem da técnica é que os quimioterápicos tem uma dificuldade de ultrapassar a barreira hematoencefálica quando administrado por via sistêmica, diminuindo assim o efeito no sistema nervoso central, com essa técnica a medicação consegue chegar com elevada concentração independentemente de suas propriedades físico-químicas.
Sabemos que qualquer tratamento para câncer é difícil tanto para o paciente quanto para os familiares, mas não quer dizer também que o paciente está condenado à morte. Com as novas tecnologias em conjunto com as novas técnicas podem garantir uma maior sobrevida global e sobrevida livre de doença com uma melhor qualidade de vida para o paciente com câncer.
Roger Rotta, neurocirurgião oncológico, membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Fellowship em Oncological Neurosurgery no MD Anderson Cancer Center em Houston – Texas, além de coordenador da Residência em Neurocirurgia no HGU em Cuiabá, é pioneiro no implante do reservatório de Ommaya em Mato Grosso e ressecção de tumores cerebrais com paciente acordado.
roger.rotta@hotmail.com