Obrigado Dr. Eugênio

Eduardo Gomes

@ andradeeduardogomes

eduardogomes.ega@gmail.com

Alunos da rede pública mato-grossense lendo autores desta Terra de Rondon graças a uma política pública neste sentido. A propositura é do deputado estadual Dr. Eugênio (PSB) e a mesma tramita à espera da decisão em plenário após receber parecer favorável da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Assembleia, na enfumaçada e quente terça-feira, 17 de setembro.

 

Alegre e com renovada esperança que a literatura mato-grossense ligará nossa juventude com o histórico da formação social e econômica desta abençoada e ensolarada terra no centro do continente.

Ao propor a política de fomento à leitura das obras de autores locais, Dr. Eugênio lança luz na formação cultural dos estudantes e expande o universo de leitores aos que se dedicam à arte da literatura em todas as suas vertentes.

Até então, prevalece o vácuo da leitura literária nas escolas. Sob todos os aspectos essa condição é extremamente nociva independentemente do local onde tal cenário existe, mas em Mato Grosso o quadro é ainda mais grave, senão vejamos:

A maioria dos municípios não tem meio século. Nossa história guarda um quinhão dos idos das bandeiras, mas a base deste Mato Grosso moderno vibrante e pilar da política de segurança alimentar mundial é recente no contexto da nação. Nesta quadra, territorial e populacionalmente majoritária há um vácuo de conteúdo literário perante o universo estudantil, pois a aquisição de livro entre nós permanece tabu. Com a lei proposta por Dr. Eugênio, o Estado levará a obra e consequentemente o autor mato-grossense ao leitor estudantil.

Literatura e jornalismo caminham juntos. Em décadas na redação de jornais e revistas, escrevi alguns livros, todos ambientados em Mato Grosso e com marco temporal no ano de 1970, quando começouu o fenômeno migratório em busca do Eldorado mato-grossense, Porém, minha alegria não está associada ao meu atrevimento em escrever algumas obras, pois sei de minhas limitações e jamais ousaria a oferecê-las ao governo para distribuí-las ao alunos. Fico feliz por conta dos escritores que vivem entre nós e que até então permanecem não muito conhecidos, mas que poderão ocupar lugar de destaque na literatura nacional com a lei de Dr. Eugênio.

A lei que esperamos e que nos foi anunciada às vésperas da Primavera quebrará amarras e romperá as travas contra as obras que não agradam aos donos do poder, por se tratar de política de Estado e não política de governo. Cito um exemplo sobre esta realidade que é palpável, mas não para o público:

Em 2016 escrevi um livro sobre o Nortão e a BR-163. O então e recém-nomeado secretário estadual de Cultura, professor Marco Marrafon conversou comigo sobre minha modesta obra. Marrafon disse que gostaria de comprar exemplares e distribuí-los nas escolas, mas que não o fazia porque um dos capítulos mostrava que Pedro Taques botou cadeado nos rios contra as hidrovias em Mato Grosso. À época do cadeado Taques era procurador da República, e quando da publicação do livro, governador. Em suma: o absolutismo do poder censura a verdade que não lhe agrada.

A propositura é um marco temporal da literatura mato-grossense. Além disso, a mesma tem força para nos mostrar Dr. Eugênio fora do Araguaia, pois a lei que haverá de vigorar contempla Mato Grosso de Vila Rica a Alto Taquari, de Cáceres e Nova Bandeirantes, de Comodoro a Itiquira e não o deixa somente na região que adotou como sua e foi por ela adotado, o Vale do Araguaia.

Dr. Eugênio, com a lei que aguardamos, estará permanentemente nos 142 municípios. Porém sua presença física continuará no Araguaia, ao qual representa na Assembleia e pelo qual seu cérebro pensa e o coração pulsa, ainda que os reflexos de sua atuação parlamentar estejam onipresente lançando luz nos 903 mil km² da terra onde escritores locais e alunos estarão juntos nas páginas que até então permanecem fora de nossas escolas.

Obrigado Dr. Eugênio!