Nada é mais criativo do que a irreverência do brasileiro. E foi ela quem sacramentou a denominação mais bonita entre as 141 cidades mato-grossenses: Feliz Natal!
Todos os anos, às vésperas da maior festa cristã, seus moradores urbanos e na zona rural se preparam para a dupla celebração: o nascimento do Menino Deus e a reverência ao nome do município, no Nortão, onde, independentemente do calenário é sempre Feliz Natal.
Da irreverência nasce o nome do município
Agricultor gaúcho e visionário Antônio Domingos Debastiani era dono de áreas na região de mata, onde fundou a vila de Feliz Natal, no sábado, 12 de agosto de 1989. Até então, a área que se transformou no perímetro urbano era ponto de passagem para quem se dirigia às fazendas Cônsul, Bandeirantes, Uirapuru e Nova Aliança, no eixo da MT-225, ali conhecida por Estrada do Rio Ferro.
O nome do município carrega o DNA da irreverência do brasileiro. Às vésperas do Natal de 1978 funcionários dessas fazendas na Estrada do Rio Ferro se dirigiram à Sinop onde pretendiam passar o final de ano. Porém, a rodovia sofreu um bloqueio natural por um córrego afluente do rio Arraias – sem ponte – e até então sem nome, que transbordou na tarde de 23 de dezembro e impediu a passagem. Dois dias depois as águas baixaram e o grupo prosseguiu viagem.
O grupo passou o Natal debaixo de chuva e dentro dos veículos em que viajavam. A saudação cristã, na noite natalina naquele pedaço da Amazônia resultou não somente na escolha do nome para o córrego, mas, também, o da cidade que anos depois surgiria nas imediações do ponto do bloqueio.
Feliz Natal tem 4.522 habitantes e sua área mede 11.462,464 km² com 524.234,95 hectares pertencentes ao Parque Indígena do Xingu, o que representa 45,73% da extensão territorial.
No Parque vivem algumas etnias e, dentre elas, a Ikpeng, que é atendida em saúde e educação pelo município e o governo estadual.
A cidade é parcialmente pavimentada, mas não tem rede de esgoto. A água é universalizada pela prefeitura e o lixo é amontoado em um lixão. Hospital existe, mas para os primeiros socorros. Em casos mais graves a ambulância é a única saída, pois é ela quem transporta enfermo, acidentado ou vítima de arma branca ou de fogo para o Hospital Regional em Sorriso, distante 110 quilômetros por rodovia pavimentada.
A madeira foi o principal pilar da economia e ainda continua fazendo riqueza, mas em escala menor pelo rigor ambiental. A soja chegou a Feliz Natal e se espalha pelo município. O comércio varejista atende à demanda local.
Debastiani foi o primeiro prefeito. Chegou à prefeitura ao ser eleito em 1996 e reeleito em 2000. Em 2004 seu vice-prefeito paranaense Manuel Messias Salles o sucedeu no cargo. Quatro anos depois Manuel não aceitou disputar novo mandato e Debastiani voltou ao poder. Na segunda tentativa de reeleição, em 2012, ele recebeu 43,53% dos votos e o vencedor foi José Antônio Dubiella, o Toni Dubiella, com 56,47%.
Quando prefeito Manuel usou de artimanha para construir a sede da prefeitura. O município ganhou uma emenda parlamentar para um Centro Cultural. A solução encontrada para atender a exigência da emenda e a necessidade da administração foi dividir o prédio entre a prefeitura e a área para a Cultura, sendo que à última ele destinou uma saleta, mas com o detalhe do nome em destaque na fachada principal.
Quando da emancipação em 17 de novembro de 1995, a vila pertencia a Vera. A lei que criou o município foi do deputado Ricarte de Freitas e sancionada pelo governador Dante de Oliveira. Em 13 de abril de 2004 o governador Blairo Maggi sancionou uma lei de autoria do Tribunal de Justiça e aprovada pela Assembleia Legislativa, que criou a comarca de primeira entrância de Feliz Natal.
Gabriela Caroline Dal Bosco é o nome da MT-225 entre o município de Feliz Natal e a BR-163. A lei que lhe deu tal denominação foi de autoria do governo e sancionada pelo governador Blairo Maggi.
Da Redação
FOTOS:
1, 5, 6 e 7 – blogdoeduardogomes
2 – PSDB
3 e 4 – José Medeiros