Padre Sebastião à espera de um milagre nas urnas

Eduardo Gomes

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Terra debaixo do dedo, somente quando mexe no jardim da Igreja Imaculada Conceição, onde é pároco. Sotaque sulista nem pensar. Ao contrário de quase todos os 26.769 moradores em Querência, que nasceram no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, o padre Sebastião Coracy de Oliveira, candidato a prefeito, é mineiro das montanhas em Manhuaçu e não tem vínculo com o agronegócio. Chamá-lo de zebra seria ofensivo, por conta de sua batina abençoada pela Santa Madre, mas não é exagero afirmar que no Nordeste de Mato Grosso, na região chamada Vale do Araguaia, há um padre candidato a prefeito no reino do agronegócio à espera de um milagre nas urnas.

Filiado ao Novo, padre Sebastião é contraponto ao poder político e econômico local, que ninguém sabe onde um começa e o outro termina. Para tentar administrar aquele município fundado pela ousadia do pastor luterano gaúcho Norberto Schwantes, o sacerdote católico montou uma chapa partidária com a professora paranaense de Campo Mourão, Cristina Aparecida dos Santos, a Professora Cris, que todos em Querência conhecem até pelo caminhar.

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Ele, com 38 anos. Ela, com 40. O município, desmembrado de São Félix do Araguaia e Canarana, tem 32 anos, e bate no peito para dizer alto que é um dos maiores polos agrícolas do Brasil.

Querência, na Bacia do Xingu, tem 17.799 km² e parte de seu território é indígena. A Terra Indígena Wawi tem 151 mil hectares naquele município; e o Parque Índigena do Xingu, 579 mil hectares. A convivência é harmônica entre os aldeados e seus vizinhos.

Padre Sebastião conhece bem a realidade de Querência, inclusive confidências espirituais de confessionário, que ele guarda em juramento e não as leva para a política, mas fora do sacramento da confissão ele se abre para a realidade, os gargalos e os sonhos da cidade fundada por um luterano numa área que pertencia a São Félix do Araguaia, então liderado pelo polêmico bispo da igreja progressista Dom Pedro Casaldáliga, da Prelazia de São Félix do Araguaia.

MEMÓRIA – Se eleito, padre Sebastião será o segundo padre católico prefeito em Mato Grosso após a divisão territorial que em 11 de outubro de 1977 criou Mato Grosso do Sul.

Em 2000, o padre Antonino Cândido Paixão (PSDB) elegeu-se prefeito de São José do Povo, na comarca de Rondonópolis. Teve um mandato tumultuado, abandonou a política, deixou a batina; é professor em Chapada dos Guimarães, onde nasceu.

Foto: querencianews.com.br