Pedro Celestino, Corrêa da Costa

 

Foi um homem pragmático de tradicional família de políticos, atingiu ao posto de Coronel do Exército, governou o Estado mais de uma vez, em momentos de graves conturbações políticas e da economia local, havendo deixado um marcante legado, nosso Palácio da Instrução !

Veio a este mundo em 5 de julho 1860, Pedro Celestino Corrêa da Costa, nascido no sítio Bom Jardim, localizado no município de Chapada dos Guimarães, sendo este o fruto da união civil entre o capitão Antônio Corrêa da Costa, com a Sra. Inês Maria Luísa da Silva Prado. Curiosamente, seu pai era homônimo do avô, A. C. C., sendo que este governara Mato Grosso, nos tempos da Província, décadas de 1830 e 40, tradição originada ainda no período da Regência. Começou os estudos no Seminário da Conceição em Cuiabá, mas ainda jovem aos 15 anos seguiu para o Rio de Janeiro, realizando o curso de farmácia na Faculdade de Medicina, forma em 1881.

Retornando para Cuiabá, demonstrando seus pendores, em pouco tempo galga a presidência da Câmara Municipal da capital, em seguida duas vezes deputado estadual, prenúncio das vitórias. Desde seu primeiro mandato iniciado em 1891, cerrou fileiras com um outro baluarte da nossa história o Generoso Pais Leme de Sousa Ponce, companheiros desde o Império, que em 1890 fundara em Mato Grosso o Partido Republicano – PR. Sendo deputados constituintes, elaboram a Constituição que elegeu Presidente Manuel José Murtinho, membro de um outro poderoso clã. Esposou a Sra. Corina Novis Corrêa da Costa, gerando Ítrio e Fernando, ambos Corrêa da Costa, seu irmão mais velho Antônio, foi deputado federal em 1893, e Presidente entre 1895 até 1898 !

Seguindo Murtinho elegem 1º Vice-Presidente Generoso Ponce, 2º Vice José da Silva Rondon, e 3º Vice Pedro Celestino, índício do que estaria por vir. No final dessa década, manteve-se firme apoiando G. Ponce, até quando ele rompeu com a prestigiosa família Murtinho. A querela entre os velhos partidários culmina em 1899 com o cerco da Assembleia Legislativa pela “Legião Campos Sales”, liderada por Antônio Pais de Barros – Totó Pais, assegurando a eleição e posse do apirante à Presidência apoiado pelos Murtinho, Antônio Pedro Alves de Barros. Em 1906 sempre como aliado de Ponce, lutou pela deposição do então Presidente Totó Pais, proprietario da usina de Itaici, que sucumbiu assassinado perto da fábrica de pólvora no Coxipó. Assume o segundo o mandato na Assembléia de MT em 1908, mas logo em 12 de outubro galga a Presidência pela primeira vez, com a renúncia de Ponce, rivalizando com o grande Sen. Azeredo.
Na esfera admistrativa encontrou dificuldades, estando o tesouro bem combalido, foi obrigado a duras medidas, como demitir servidores, cortar gastos, e rever incentivos inerentes à indústria da borracha, por entender que não havia retorno, ou atender os “interesses do Estado”. Sua gestão caracterizou-se por equilibrar as finanças do Estado e a obra do Palácio da Instrução, imaginou, iniciou um prédio à altura da Cuiabá moderna que sonhara, preparando os 200 anos !!!

Celestino Corrêa na vida política, refuta com veemência as investidas do poderoso Sen. Francisco Azeredo que insistia em ocupar o espaço aberto com a saída de Generoso Ponce. Contudo, seu adversário demonstrou possuir mais prestígio e influência junto ao poder central. Insatisfeito com declínio do PR gerado por Ponce na alvorada da República, P. Celestino criou o Partido Republicano Mato-Grossense – PRMG, encerrando a presidência em 15 de agosto 1911. Logo após em 7 de novembro desse ano, falece o grande mentor, correligionário Generoso Ponce.

Celestino fez seu sucessor, Joaquim A. Costa Marques, que presidiu MT até 1915. Sucedeu-o Caetano Manuel de Faria e Albuquerque, em uma notável vitória apoiado por Azeredo. Acirra a crise devido aproximação de Caetano ao PRMG e distribuir cargos a estes, atinge o ápice na Intervenção Federal em 9 de fevereiro 1917, do Pres. Venceslau Brás, um pleito do Senador. Depois do Interventor Camilo Soares de Moura, entra em cena o apaziguador D. Aquino Corrêa.
Pedro Celestino elege-se senador em 1918, renunciando, assume pela segunda vez, a Presidência do Estado no dia 22 de janeiro 1922, sucedendo Dom Francisco de Aquino Corrêa. Esta eleição selou um ajuste político celebrado entre o PRMG e PRC, do poderoso Sen. Azeredo. Novamente enfrenta um caótico cenário financeiro, através de semelhantes contentoras medidas, suprime os gastos, pessoal e atestando a sua faceta de hábil administrador recupera a estabilidade. Apesar de assumir passivo de 5.320:000$000 – cinco bilhões e trezentos e vinte mil contos de réis, colheu 4.140:075$343 no exercício anterior, em razão de haver um declínio no ciclo da borracha, ainda meou esforços na luta armada, contra o Eng. Morbeck e garimpeiros em terras do Araguaia.

Deteriorando-se a saúde, cedeu a cadeira ao Vice Estevão Alves Correa em 1º de novembro 1924.

Recuperado, volta a eleger-se pela segunda vez Senador da República em 1927… e apesar de apoiar G. Vargas na eleição, perde o mandato com a Revolução de 24 de outubro 1930. Assim, retorna para vida particular, exercendo o papel de procurador da Empresa Mate Laranjeira. O sobrinho Mário Corrêa da Costa foi Presidente de MT, de 1926/30, e governador de 1935 a 37. Seu filho Ítrio elegeu-se Deputado Federal entre 1935 e 37, depois de 1955 até 67, Fernando foi Senador em 2 gestões 1959/61 e 1967/75, ainda Governador, também 2 vezes 1951/56 e 1961/66 ! Esta poderosa família viu-se desfalcar do grande líder, em 22 de janeiro 1932 no Rio de Janeiro. Seu nome cobre a vetusta Rua de Cima, onde havia o cine Bandeirantes, e do Jardim à Mandioca. A bisneta Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, Dep. Federal imortaliza ad eternum seus passos…

 

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