Data significativa e que merece profunda reflexão, 25 de agosto celebra o Dia do Soldado, em homenagem ao Patrono do Exército Brasileiro, o marechal Luís Alves de Lima e Silva, que recebeu o título de Duque de Caxias – nascido em 25 deste mês no ano de 1803.
Reverenciar o Dia do Soldado é mais que que retroceder em busca da memória do Patrono do Exército Brasileiro. É refletir sobre a geopolítica em que o Brasil se insere enquanto grande nação com imensurável reserva mineral estratégica, manancial de água doce e enormes vazios demográficos no mundo cada vez mais densamente ocupado pelo homem; é voltar o olhar para os problemas internos. A soma desses dois fatores exige um Exército forte, moderno, presente nacionalmente (as Forças Armadas de modo geral) para pronto emprego contra inimigos da pátria e para restabelecer a ordem interna, sempre que os pilares de nossa liberdade forem ameaçados.
Onde está o forte Exército? Ele não existe, apesar do amor pátrio e do profissionalismo de seus generais, oficiais e praças. O Brasil é um grotesco exemplo de retrocesso no cenário mundial quando o tema passa pela modernização das Forças Armadas. País que não tem capacidade de defesa é refém dos interesses internacionais. Foi assim com o Iraque por conta de seu petróleo. No entanto, o Ocidente rosna, rosna, mas não se atreve a atacar o Irã e a Coreia do Norte. A capacidade militar dos aiatolás é muito grande e enfrentá-los seria o mesmo que assinar sentença de morte para milhares (quem sabe milhões?) de americanos e seus aliados. Isso também acontece em relação ao fechado regime norte-coreano, que se escora em mais de mil peças de artilharia apontadas para a vizinha Seul, em suas plataformas de lançamento de mísseis capazes de atingir o Japão e bases dos Estados Unidos na região – além de seu respeitável arsenal nuclear que deixa Washington com urticária só em pensar na possibilidade de um aperto de botão pelo ditador Kim Jong-Un.
Estando o Exército limitado e com pouca capacidade de modernização, o Brasil é alvo em potencial. Somem-se a isso o desmantelamento do parque industrial bélico nacional, que chegou a ocupar lugar de destaque no cenário mundial. Não há orçamento para as demandas militares. Não há interesse político que isso aconteça. Enquanto o sucateamento prossegue, do lado de fora de nossas fronteiras muitos se modernizam. A falida Venezuela tem uma força aérea superior aos sucatões voadores da FAB. Ao lado do Amapá, a França hasteia sua bandeira e impõe presença em sua guiana. A não muito distante guerra nos Balcãs nos mostra que até mesmo na dita civilizada Europa acontecem conflitos convencionais. E nós? Nós somos um povo protegido por forças militares vistas com ressalvas pela classe política – salvo uma ou outra exceção.
Temos pouca capacidade militar de defesa. Nos resta a alternativa da guerrilha na selva, caso a Amazônia seja invadida sob absurdos argumentos de defesa dos povos indígenas ou da preservação ambiental. Sequer temos porta-avião. Nossos caças são quase simbólicos. Faltam brigadas do Exército em pontos estratégicos. Temos a Calha Norte desguarnecida. A presença militar é pequena na Cabeça do Cachorro. A segurança em nossas fronteiras (incluindo os 983 quilômetros de Mato Grosso com a Bolívia) foram terceirizados para forças estaduais (Gefron, por exemplo), prática essa inexistente no cenário mundial, sem excluir os pequenos países.
No aspecto interno o Brasil afunda aos poucos no mar da corrupção. Condenações isoladas (muito justas) não conseguem reverter o quadro hiperendêmico da pilhagem dos cofres públicos. Se todos os corruptos resolvessem assumir mea culpa, o Estado Brasileiro ficaria desmoralizado por não ter como puni-los. Esse cenário precisa ser estancado e posteriormente revertido, mas para tanto é imprescindível atos de força, que a dita democracia nacional não permite, muito embora a mesma faça vistas grossas ao que ora acontece.
Que o Brasil reflita sobre a data. Ao general de exército Eduardo Villas Bôas, que comanda nossa Força Terrestre, os cumprimentos pela data. Que ele consiga abrir caminho para a passagem do Exército em busca da modernização e do aumento de efetivo. Tanto pelas injunções externas quanto pelo cenário interno precisamos que nossos militares estejam preparados, prontos e dispostos a agirem motivados pela frase cunhada por Duque de Caxias, quando a Pátria os buscar, “Sigam-me os que forem brasileiros!”.
Eduardo Gomes de Andrade/editor de blogdoeduardogomes
FOTO: José Cruz/Agência Brasil