Lá pelo limiar da década de 40 chegou a Cuiabá um português de nome João Lopes da Costa que não jogava bola, mas era louco por futebol. Como todo bom português, ele tinha uma padaria muito movimentada e bem montada no centro da cidade. Até telefone, um luxo naquela época, a padaria de João Lopes tinha.
A paixão de João Lopes pelo futebol fez dele um mão aberta. Se um time de Cuiabá precisasse de uma ajuda para comprar um jogo de camisas, uma bola, um dinheirinho para custear uma viagem, pagar o tratamento de um jogador que se machucava, era só procurar o bom lusitano que o problema estava resolvido. João Lopes era um verdadeiro mecenas da bola.
Muito conhecido do pessoal ligado ao futebol e também muito que¬rido por causa da sua devoção ao futebol, João Lopes acabou sendo vítima, por muito tempo, das brincadeiras da molecada que não perdia uma chance para se divertir às custas do bondoso portuga. Principalmente com o seu sotaque lusitano.
Sem se identificar, claro, os meninos ligavam frequentemente para a padaria para fazer sempre a mesma pergunta: “Seu Costa, se alguém sentar num penico de barro para cagar, ele quebra?…”
A resposta era também sempre a mesma: “Se a puta que te pariu sen¬tar, quebra!…”
Reproduzido do livro Casos de todos os tempos Folclore do futebol de Mato Grosso, do jornalista e professor de Educação Física Nelson Severino