Um dos mais destacados políticos mato-grossenses em todos os tempos, o senador Jayme Campos (União) costura sua candidatura ao governo desde sua vitória para o Senado em 2022. Ex-governador e um dos líderes do clã Campos, Jayme é um dos nomes aceitos com naturalidade pela população; por seu histórico e pela força eleitoral de seu partido teria tudo para voltar ao Palácio Paiaguás, porém, um ‘fogo amigo’ cerrado deverá empurrá-lo para outra sigla e poderá complicar sua caminhada. O pior é que não há meio para silenciar o tiroteio, que parte do presidente regional da sigla, que outro não é, senão o governador Mauro Mendes, que declaradamente apoia o projeto político de seu vice-governador, Otaviano Pivetta (Republicanos), em disputar sua sucessão.
ELE – Jayme nasceu e foi embalado em berço político, respira política, vive com o olhar voltado para o calendário eleitoral e – creio – se retirado desse mundo, morre, pois, o sopro de sua vida vem da relação que mantém com o eleitorado do amanhecer até altas horas, não importa onde esteja em Mato Grosso, porque independentemente do lugar e data, ainda que tente passar despercebido há sempre um olhar atento a identificá-lo e uma garganta afiada a gritar: “O Pedra 90 está aqui” ou algo parecido.
Decano entre os prováveis candidatos ao governo Jayme Veríssimo de Campos nasceu em 13 de setembro de 1951. É o típico cuiabano nascido de parto do turismo maternal. Sua família morava em Várzea Grande, onde não havia maternidade. Sua mãe, dona Amália Curvo de Campos foi levada para dar à luz em Cuiabá. Isso aconteceu com milhares de bebês que foram privados da cidadania várzea-grandense.
Antes da política Jayme administrou a empresa de atacarejo A Futurista, de seu pai, Júlio Domingos de Campos, o seo Fiote, no centro de Cuiabá. Depois tornou-se fazendeiro e um dos maiores pecuaristas de Mato Grosso.
Jayme governador
Jayme entrou na vida pública em 1982, quando elegeu-se prefeito de Várzea Grande pelo PDS, partido que sucedeu a Arena. No mesmo ano seu irmão, o então deputado federal e ex-prefeito daquele município, Júlio Campos, conquistou o governo. Permaneceu no cargo até o começo de 1989.
Em 1990 Jayme ganhou a eleição para governador e o apelido de Pedra 90. O Paiaguás foi barbada. Carlos Bezerra (PMDB) havia renunciado para disputar o Senado, sem sucesso. Bezerra foi substituído pelo vice Edison de Freitas (PMDB), que sofreu acidente aéreo e o presidente da Assembleia, Moisés Feltrin (PFL) foi governador constitucional por 34 dias. Jayme foi eleito com 401.005 votos (66,85%). Agripino Bonilha (PMDB) ficou em segundo com 83.053 votos (13,85%) e Luiz Scaloppe (PT), Luiz Soares (PSDB) e Mafalda Pedra (PMN) receberam votações ínfimas. Detalhe: naquele pleito o Tribunal Regional Eleitoral limitou o horário eleitoral no rádio e TV aos municípios de Cuiabá, Várzea Grande, Santo Antônio de Leverger, Acorizal, Chapada dos Guimarães e Nossa Senhora do Livramento – reduto metropolitano onde Jayme predominava – e excluiu os demais municípios, onde, em tese, Bezerra, padrinho de Bonilha, tinha mais densidade eleitoral.
Em 1996, pelo PFL, Jayme novamente foi eleito prefeito de Várzea Grande e reelegeu-se pelo mesmo partido em 2000. Na eleição ao governo em 2002 apoiou Blairo Maggi (PPS), que venceu o pleito em primeiro turno.
Em 2006 Jayme disputou o Senado pelo PFL e elegeu-se com 781.182 votos (61,16%). O segundo colocado foi o tucano Rogério Salles, com 266.957 votos (20,91%). Luiz Antônio Pagot (PPS) e Osvaldo Sobrinho (PTB) foram os suplentes de Jayme.
Enquanto Jayme exercia o mandato no Senado, Pagot presidia o Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit), debaixo de forte pressão do empresariado do setor de construção de rodovias, que utilizava senadores para o pressionar. Jayme estava em rota de colisão com Pagot, mas não demonstrava. Assim, preparou uma laçada para seu suplente. Em setembro de 2009 pediu licença de 130 dias para cuidar de assuntos particulares. Pagot não aceitou substitui-lo, pois se deixasse o Dnit não voltaria ao cargo. Diante disso Pagot renunciou à suplência – o Senado não permite a substituição do titular pelo segundo suplente – e Osvaldo Sobrinho ocupou sua cadeira.
Em 2012 Jayme lançou sua mulher, Lucimar Campos (DEM) para a Prefeitura de Várzea Grande. Lucimar ficou em segundo lugar com 44.286 votos e Walace Guimarães (PMDB) venceu com 47.338 votos ficando Tião da Zaeli (PSD) em terceiro com 41.272 votos.
Em maio de 2015 Walace e seu vice Wilton Coelho foram cassados pela Justiça Eleitoral por crime de abuso de poder político e econômico, e por uso ilícito de meios de Comunicação durante a campanha. Com a cassação Lucimar assumiu a prefeitura. Em 2016 Lucimar foi eleita para o cargo, com 95.634 votos (76,16%) ficando o Coronel Taborelli ( PSC) em segundo com 20.662 votos (16,46%). Com essa votação Lucimar foi a segunda mulher proporcionalmente mais votada para o cargo nas eleições daquele ano em Mato Grosso. A campeã foi Sandra Crozetta (PROS) com 3.491 votos ou 78,96% em Juruena.
O mandato que Jayme ora exerce foi conquistado em 2018, num pleito para renovação de dois terços do Senado. Jayme (DEM) recebeu 490.699 votos (17,82%) numa chapa com os suplentes Fábio Garcia (DEM) e Cândida Farias (MDB); e a juíza aposentada Selma Rosane Arruda numa chapa partidária do PSL com os suplentes Gilberto Possamai e Clerie Fabiana recebeu 678.542 votos (24,65%). Fábio Garcia renunciou à suplência em 2022 para assumir mandato de deputado federal pelo União Brasil, com 98.704 votos – o mais votado ao cargo entre os eleitos naquele pleito. Rosa Neide, da Federação PT/PCdoB/PV recebeu 124.671 votos, mas sua federação não alcançou quociente para ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados.
Desunião Brasil
Sorriso, sorrisos; política, política
O União Brasil tem base eleitoral e capilaridade, e à exceção do bolsonarismo não teria adversário para derrotá-lo. Porém, com Mauro Mendes de um lado e seu vice-presidente Jayme Campos de outro, além de mudar de nome para Desunião Brasil, o partido cava a sepultura eleitoral para todos os seus candidatos em 2026, sobretudo os que disputarão as eleições proporcionais.
O problema aparentemente não tem solução porque Mauro Mendes é turrão, Jayme também e Pivetta então nem se fala. A cordialidade entre eles pode ser comparada ao tratamento entre inimigos fraternos.
Jayme tem firmeza partidária. Começou na vida pública filiado à Arena, que foi substituída pelo PDS, PFL, DEM e mais recentemente pelo União. Essa característica é familiar dos Campos, pois seu irmão, o deputado estadual Júlio Campos, também mantém a mesma postura ética. Mauro Mendes, não: pertenceu ao PR, PSB e migrou para o União Brasil. Pivetta coleciona uma sopa de letras de filiação em seu histórico: foi do PSB, PFL, PDT. Mesmo assim, Jayme foi empurrado para uma encruzilhada, e se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
O vucu vuco eleitoral mato-grossense é governista. Caso Jayme saia do partido, boa parte de sua base não o acompanhará preferindo o colo político de Mauro Mendes. Para complicar, quando começar o período eleitoral Pivetta será o governador, pois Mauro Mendes renunciará para disputar o Senado. Em suma: mudará a mão de quem tem a caneta e a chave do cofre, mas tanto a que sair quanto a que entrar não acenará para Jayme.
Para complicar ainda mais, a maioria na Assembleia acompanhará Mauro Mendes. Além do peso eleitoral da grande base parlamentar, o grupo de Mauro Mendes terá mais titulares de emendas do que os seguidores de Jayme. E para quem não sabe, emenda parlamentar é o pior que poderia acontecer à democracia. Por emenda, a vida pública perde a cabeça: vereador, vice-prefeito, prefeito e dirigente de entidade enlouquecem quando ouvem a palavrinha com seis letras: e-m-e-n-d-a-. Deputados nadando em emendas vão somar na campanha de Pivetta ao governo e Mauro Mendes para senador jorrando a dinheirama no adesismo de oportunismo.
O plano de Jayme será inviabilizado se ele deitar em berço esplêndido. Sair de um partido onde encontra-se há 43 anos não deve ser fácil. Convencer aliados a acompanhá-lo, não menos. Competir com Mauro Mendes para arrastar esse ou aquele correligionário é algo muito difícil, por mais que ele tenha 70 milhões para distribuir anualmente em emendas impositivas. Numa elucubração tão comum nos meios da análise política, Jayme poderia imaginar que teria o apoio do diretório nacional, o que pode ser bem difícil, e ainda que aconteça, não haverá vencedor tamanha a sangria no escolhido e no rejeitado.
Prefeito Jacson, de Alto Araguaia
Em suma: Mauro Mendes fez um verdadeiro stryke de filiação nas pequenas prefeituras, e segundo dizem fontes que pedem para serem preservadas, repetiu o feito em grandes municípios, com um discurso na base do vem ou racha tanto para os poucos filiados quanto para a maioria que militava em outras siglas. Assim, o União virou o maior partido e está com a bandeira hasteada em prefeituras que não deixam claro no imenso mapa mato-grossense. Está em Alto Araguaia, com Jacson Niedermeier; em Aripuanã, com Seluir Peixer; em Cocalinho com Márcio Conceição, o Baco; em Marcelândia, com Celso Padovani; em Nova Monte Verde, com Edmilson Marino; em Tangará da Serra, com Vander Masson; em Curvelândia, com Jadilson Alves; em Canarana, com Vilson Biguelini; em Campos de Júlio, com Irineu Parmeggiani, o Parma; em Peixoto de Azevedo, com Nilmar Nunes, o Paulistinha; em Alta Floresta, com Chico Gamba; em Sorriso, com Alei Fernandes; em Diamantino, com Chico Mendes; em Rosário Oeste, com Mariano Balabam; em Ponte Branca, com Clenei Parreira; em Alto Taquari, com Marila Sperandio; em São José dos Quatro Marcos, com Jamis Silva; em São José do Xingu, com Sandro Costa, o Dr. Sandro; em Araguainha, com Francisco Gonçalves, o Chiquinho; em Nova Xavantina, com João Machado Neto, o João Bang; em Acorizal, com Diego Taques; em Barra do Garças, com Adilson Gonçalves; em Paranaíta, com Osmar Mandacarú; em Carlinda, com Pastor Fernando; em Guiratinga, com Barga Rosa; em Chapada dos Guimarães, com Osmar Froner; em Paranatinga, com Marcos Tomazini; em Planalto da Serra, com Natal de Assis; em Nova Santa Helena, com Paulinho Bortolini; em Matupá, com Bruno Mena; em Nova Canaã do Norte, com Vinicius Oliveira; em Nova Ubiratã; com Neninho da Nevada; em Barão de Melgaço, com Margareth de Munil; em Itiquira, com Fabiano Dalla Valle; em Mirassol D’Oeste, com Hector Alvares; em Santa Cruz do Xingu, com Jo Soares; em Araputanga, com Enilson Rios; em Gaúcha do Norte, com Ari do Prado; em Nova Olímpia, com Ari Cândido Batista; em Jauru, Valdeci José de Souza, o Passarinho; em Comodoro, com Rogério Vilela; em Brasnorte, com Edelo Ferrari; em Juína, com Paulo Veronesi; com Luís Fernando, em Santo Afonso; com Aldecir Oliveira, o Marrom, em Denise; com Jakson Rios, o Juninho, em Castanheira; com Manoel Garça Branca, em Juruena; com Alexandre Lopes, em Campo Verde; com Moisés Ferreira, em Cotriguaçu; com Marcelo Vitorazzi, em Lambari D’Oeste; com Mariano Gomes, em Nortelândia; com José Domingos Fraga Filho, em Nobres; com Ana Maria Urquiza Casagrande, em Nova Maringá; com Professor Neuilson, em Canabrava do Norte: com Vanderlei Antônio, o Vandeco, em União do Sul; com Leandro Félix, em Nova Mutum; com Edinho da Bonanza, em Nova Guarita; e com Thiago Gonçalo Lunguinho, o Dr. Thiago, em Nossa Senhora do Livramento.
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Evidentemente que nem todos os prefeitos do partido do governador votarão em Pivetta, mas no período das convenções, por força de entendimento com o governante, gritarão o nome do vice-governador pelos quatro cantos. Poucos apoiarão Jayme, o que contribuirá para seu esfacelamento partidário.
Na campanha, prefeitos filiados ao União mesmo gravitando no grupo de Mauro Mendes correrão para o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, independentemente do que lhe aconteça após a denúncia feita contra ele pelo Ministério Público Federal, porque Mato Grosso é um reduto bolsonarista. Essa defecção beneficiará o virtual candidato liberal Odílio Balbinotti, desde que o mesmo seja o indicado por seu partido; caso a opção seja pelo senador Wellington Fagundes, a debandada será menor porque Wellington para a direita é considerado melancia.
FIDELIDADE – Independentemente do apoio de Mauro Mendes a Pivetta, Jayme sempre terá apoio do grupo jaimista, que o acompanha. Mesmo políticos de longa militância no União e nos partidos que o antecederam trocariam de sigla naturalmente acompanhando o líder.
Os jaimistas estão por todas as partes e pressionam por sua candidatura. Exemplo disso é o vice-prefeito de Água Boa, Ari Zandoná (União) que foi vereador em nove legislaturas consecutivas; Cesar Miranda, secretário de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso; e tantos outros.
No palanque com o inimigo
Em 2018 os irmãos Jayme e Júlio Campos queriam reforçar o Democratas – embrião do União. Para tanto convidaram para o partido o ex-prefeito cuiabano Mauro Mendes, Eduardo Botelho, Fábio Garcia e o Professor Adriano Silva, ex-reitor da Unemat. Todos eram filiados ao PSB e aceitaram o convite.
Na noite da sexta-feira, 23 de março de 2018 o Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá, ficou pequeno para tantos presentes que queriam acompanhar a filiação de Mauro Mendes e dos demais no partido que era controlado por Jayme e Júlio Campos. A importância do ato trouxe para a capital mato-grossense o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ) e outros caciques nacionais. Assim o partido esvaziou o PSB e ganhou reforço com Mauro Mendes, Botelho, Fábio Garcia e Adriano Silva.
Às vésperas de completar sete anos de filiação, Mauro Mendes defende a candidatura de Pivetta ao governo e o consequente afastamento de seu partido da disputa.
O vai ou racha
Na noite de 30 de maio de 2022, sob ampla cobertura da mídia, Mato Grosso testemunhou em Cuiabá um ato coletivo de adesão ao partido de Mauro Mendes. Naquela data, 16 prefeitos assinaram ficha de filiação ao União. Desse grupo, sete foram reeleitos e Miguel Vaz, de Lucas do Rio Verde saiu do União retornando ao seu partido de origem, o Republicanos – Miguel foi vice-prefeito de Otaviano Pivetta, em Lucas.
Além de Miguel Vaz, filiaram-se os prefeitos José Bueno (Campinápolis), Irineu Parmeggiani, o Parma (Campos de Júlio), Márcio Conceição Nunes, o Baco (Cocalinho), Hemerson Máximo, o Maninho (Colíder), Rogério Vilela (Comodoro), Janailza Taveira (São Félix do Araguaia), Leocir Hanel (Nobres), Rubens Roberto, o Rubão (Nova Canaã do Norte), Edgar José Bernardes, o Neninho da Nevada (Nova Ubiratã), Natal Alves Sobrinho (Planalto da Serra), Clenei Parreira (Ponte Branca), Eugênio Pelachim (Porto Estrela), Luzia Brandão (Ribeirão Cascalheira), Alex Esteves Berto (Rosário Oeste) e Vander Masson (Tangará da Serra). Os prefeitos grifados em negrito foram reeleitos.
Vander Masson é empresário em Tangará da Serra e tem berço tucano. Seu pai, Saturnino Masson, já falecido, por duas vezes foi prefeito daquele município, foi deputado estadual e suplente de deputado federal. Uma fonte segura revelou que Vander foi à Casa Civil e conversou com o secretário Fábio Garcia (União) e Garcia teria insistido com sua filiação o alertando que estava em curso o projeto da Prefeitura de Tangará para captar água no rio Sepotuba, e que o munícipio não teria recursos suficientes para executá-lo. Ainda segundo a informação, Garcia foi claro com Vander: ou você vem conosco, ou a água não chegará facilmente nas torneiras de sua cidade.
Em 22 de maio a filiação de Vander completará três anos e ele aparentemente sepultou seu passado tucano, pois não toca mais no partido que seu pai foi uma das referências em Mato Grosso. O sistema de captação de água foi concluído e não se sabe quanto o governo estadual injetou no mesmo quer seja pela Fonte 100 ou por emendas de parlamentares aliados. Na tarde da quarta-feira (19) o prefeito revelou que a inauguração do sistema de água do Sepotuba será inaugurado em 13 de maio, data do aniversário da cidade.
MEMÓRIA – Em 2002 0 PSDB de Dante de Oliveira dominava Mato Grosso politicamente, mas divergências internas fragmentaram o tucanato e o novato em política Blairo Maggi elegeu-se governador pelo PPS em primeiro turno. Transcorridos 22 anos, o posicionamento de Mauro Mendes poderá levar o União ao mesmo desfecho.
Quadro irreversível
Política não é ciência exata, mas a opção do governador por Pivetta é irreversível e até mesmo num cenário hipotético com Jayme conseguiu aprovação do diretório estadual para candidatar-se ao governo, o União estaria rachado, com Mauro Mendes no palanque adversário de Jayme.
A força de Mauro Mendes junto a Assembleia Legislativa também é grande. Na Assembleia sua base é consolidada e alguns deputados até exageram no apoio que lhe dão. Tanto assim, que longe de Beto Dois a Um (PSB) colegas o chamam de Veto Dois a Um, numa crítica à sua postura favorável aos constantes vetos apostos pelo governante. Recentemente, quando da eleição da mesa diretora, Janaína Riva (MDB) ocupava espaço nos sites com seu nome citado para a 1ª Secretaria, mas o governador a teria vetado, o que obrigou seu recuou abrindo vaga para Dr. João (MDB) ser eleito para aquela função. Pouco depois sites noticiaram que o governador reservou para aliados a presidência das principais comissões permanentes da Assembleias – detalhe é que Janaína não foi indicada para presidir nenhuma das 14 comissão.
O cenário partidário é desfavorável para Jayme, muito embora o mesmo necessariamente não tenha que se repetir no plano eleitoral. Resta-nos aguardar os próximos passos.
HISTÓRICO– Jayme com seus acertos e erros é uma das referências políticas de Mato Grosso.
Comando Geral da PM
Quando governador promoveu desenvolvimento e emancipou municípios. O ponto alto de seu governo foi a criação da Universidade do Estado (Unemat), com campus em Cáceres. Quem idealizou aquela instituição de ensino superior foi o vice-governador e secretário de Educação, Osvaldo Sobrinho. Jayme licenciou-se do cargo e Osvaldo Sobrinho o assumiu, para sancionar a criação da Unemat, que nasceu de um projeto de lei do deputado Jorge Yanai.
Jayme pavimentou 700 quilômetros de rodovias incluindo o trecho da MT-320 entre Colíder e Alta Floresta. Construiu o Comando Geral e a Academia da Polícia Militar. Investiu em PCHs para a Cemat, que detinha o monopólio da distribuição de energia. Pela extinta Cohab espalhou 17 mil mil casas em conjuntos habitacionais Mato Grosso afora. Construiu o Contorno Norte de Cuiabá, a Ponte Mário Andreazza sobre o rio Cuiabá, o Hemocentro e concluiu o Hospital de Câncer de Mato Grosso. Comprou 500 viaturas para a Segurança Pública. Criou o programa sanitário animal contra a febre aftosa e a Lei da Piracema. Construiu 900 salas de aula e 16 estações de tratamento de água (ETA). Governou com amigos e companheiros, mas foi duro com adversários. À época de seu governo não havia emenda parlamentar para o Estado e o Fethab não existia, além disso a receita tributária era bem menor, pois o agronegócio não havia alcançado o patamar atual e a base de arrecadação era reduzida, pois no começo dos anos 1990 ainda não haviam sido criados os municípios de Boa Esperança do Norte, Itanhangá, Ipiranga do Norte, Vale de São Domingos, Curvelândia, Conquista D’Oeste, Rondolândia, Colniza, Santo Antônio do Leste, Bom Jesus do Araguaia, Serra Nova Dourada, Novo Santo Antônio, Santa Cruz do Xingu, Santa Rita do Trivelato, Nova Santa Helena, Nova Ubiratã, Feliz Natal, Gaúcha do Norte e outros.
Jayme é municipalista. Seu governo criou vários municípios em todas as regiões, e dentre eles, Confresa, Nova Maringá, Campos de Júlio, Cotriguaçu, Porto Estrela, Carlinda e Canabrava do Norte.
Várzea Grande é o município mato-grossense com o pior sistema de distribuição de água. Jayme foi seu prefeito em três mandatos, mas ao deixar o cargo pela última vez, em 31 de dezembro de 2004, a cidade tinha 183 mil habitantes e desconhecia torneira seca, como agora.
A falta de água nas torneiras levou Várzea Grande a derrotar o prefeito Kalil Baracat (MDB) que tentou a reeleição em outubro do ano passado, numa chapa com o vice Pedrinho Tolares (União). Esse cenário foi agravado em 20 de setembro com uma operação da Polícia Civil no Departamento de Água e Esgoto (DAE), onde estaria instalado um esquema de fraude e corrupção. A operação foi pedida por Kalil e seus efeitos políticos foram terríveis. Os policiais prenderam 11 acusados e dentre eles o então vereador Pablo Pereira (União) que tentava a reeleição; Pablo nega envolvimento. Nada de concreto foi apurado até agora, mas o impacto da operação facilitou a eleição da chapa bolsonarista liberal com Flávia Moretti e Tião da Zaeli para a prefeitura. Kalil era apoiado por Jayme. Mauro Mendes, Júlio Campos, Janaina Riva, Dilmar Dal Bosco, Fábio Tardin, Eduardo Botelho, Juca do Guaraná, Coronel Assis e outros políticos regionais.
O ponto falho de Jayme foi não acionar o senador Chico Rodrigues (DEM/RR e agora PSB), que em 2020 foi preso pela Polícia Federal com 33 mil reais na cueca, em sua casa na capital Boa Vista. Jayme presidia o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, que não apurou o fato. A conduta de Jayme foi a mesma do Senado, que agiu corporativamente, acima das questões partidárias.
Cachimbo da paz com Flávia Moretti
SEM MÁGOA – Jayme apoio a candidatura de Kalil Baracat (MDB) à reeleição para prefeito em Várzea Grande e o pleito foi vencido por Flávia Moretti (PL). Ao longo da campanha Flávia não economizou críticas ácidas a ele.
Passada a eleição, Flávia foi ao gabinete de Jayme no Senado em busca de recursos financeiros e apoio para administrar o município, que é o segundo maior de Mato Grosso. Jayme a recebeu e assegurou que destinará recursos para obras e projetos sociais naquele município, onde reside sua família.
O senador desconsiderou os ataques feitos por Flávia e colocou os interesses de Várzea Grande em primeiro plano.
RESUMO – Jayme corre contra o tempo. Caso tenha que deixar seu partido, não será um ato isolado, mas uma grande migração partidária Mato Grosso afora, numa operação que deixará muitos de saia justa, querendo sair, mas temendo Mauro Mendes. O amanhã dirá.
SÉRIE – Continuem lendo a série Sete querem o governo.
A postagem dos nomes citados ao governo é aleatória.
A postagem começou no dia 3 deste mês e o primeiro focalizado foi o senador Wellington Fagundes (PL).
A segunda postagem aconteceu na quinta-feira, 5 deste mês.
O focalizado foi o senador licenciado e ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD).
A terceira postagem data do domingo, dia 9 de fevereiro.
O texto abordou o engenheiro civil e professor universitário José Carlos Junqueira de Araújo, o Zé Carlos do Pátio (PSB), que foi vereador e prefeito de Rondonópolis, e deputado estadual.
O vice-governador, ex-prefeito de Lucas do Rio Verde e ex-deputado estadual Otaviano Pivetta (Republicanos) foi focalizado na quarta postagem da série, na quarta-feira, 12 de fevereiro.
O empresário, engenheiro agrônomo e ex-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa Agropecuária em Mato Grosso (Fundação MT), Odílio Balbinotti foi o quinto focalizado pela série.
Balbinotti foi ouvido na sede de suas empresas em Rondonópolis.
A postagem da série continuará de forma aleatória, como aconteceu até agora. Seu objetivo é mostrar a Mato Grosso os nomes querem querem governá-lo a partir de 2027.
Leiam, compartilhem e ajudem a divulgar a série, que além se ser o exercício do verdadeiro jornalismo, é um resgate da trajetória política de figuras de destaque na vida pública mato-grossense.
Fotos: 1 – Arte Marco Antônio Raimundo sobre foto da Agência Senado 2 – Instituto Memória do Poder Legislativo Deputado Lenine Póvoas 3, 5 e 7 – Eduardo Gomes 4 – DEM/Divulgação de campanha eleitoral 6 – Câmara Municipal Água Boa 8 – PMMT 9 – Gabinete senador Jayme Campos
Meu voto é Fávaro.
José Almir da Silva – vice-presidente do Sindicato Rural de Terra Nova do Norte
Nesta briga já tem um derrotado que é o União Brasil