Na década de 70 teve rápida passagem pelo União um treinador, Genésio do Carmo – que mais tarde virou nome de um miniestádio no bairro Monte Líbano – que não deixou saudades. Foi um período de acúmulo de derrotas que levavam os torcedores colorados ao desespero.
O União fazia coletivos e não se descuidava da preparação física, mas na hora de jogar, parece que a boleirada – salvo raras exceções – estava com chumbo nas pernas. E os adversários só estufando as redes do União na maior moleza.
Um dia, por acaso, o presidente Lamartine descobriu o motivo da apatia do União dentro de campo: como bom cuiabano, Genésio do Carmo não dispensava uma boa peixada. E deixava que os jogadores comessem peixe à vontade, inclusive às vésperas de jogos. E aí, na hora de correr atrás da bola, era aquela água…
Genésio do Carmo também não era de se preocupar com a vida dos jogadores fora do campo. Por isso, muitos deles se acostumaram a abandonar a concentração à noite e cair na farra, sem hora para voltar.
Certo dia, às vésperas de um importante jogo contra o Dom Bosco, o presidente Lamartine da Nóbrega mandou pregar ripas na parte externa de todas as janelas da “república” do clube e bloquear também a porta dos fun-dos. E nem bem escureceu, Lamartine meteu um revólver emprestado de um amigo na cintura, foi para a “república” e se sentou próximo à porta de entrada e saída da casa…
Naquela noite não teve gandaia…
Cansado e com sono, Lamartine da Nóbrega nem apareceu naquele dia na Receita Federal para trabalhar. O seu sacrifício valeu a pena: o União conseguiu uma brilhante vitória sobre o Dom Bosco por 3×1.
Antes de Genésio do Carmo, o União teve um treinador chamado Índio Preto, que nem chegou a esquentar lugar, pois foi demitido depois de uma derrota por 9×1 diante do Mixto.
Esse jogo marcou a estreia no União do goleiro Banjo. Com 1,90 de altura e pesando mais de 120 quilos, Banjo parecia mais um lutador de sumô do que jogador de bola.
Um veterano jogador do União que participou da partida contra o Mixto na histórica goleada lembra que Banjo pulava para um canto e a bola entrava no outro. E foi assim durante todo o jogo…
A goleada deixou o presidente Lamartine da Nóbrega muito revol¬tado. Na realidade, Lamartine ficou tão puto da vida com o resultado que não quis conversa com ninguém: ligou para o vice-presidente Antonio Schommer e determinou que ele fizesse uma limpeza no plantel, começando com a dispensa de Índio Preto e Banjo…
PS – Reproduzido do livro Casos de todos os tempos Folclore do futebol de Mato Grosso, do jornalista e professor de Educação Física Nelson Severino