Portanto, quando o assunto é educação, já não devemos mais perder tempo discutindo se crianças e jovens devem ou não usar celulares, tablets, softwares, games ou apps nos processos de aprendizagem. A questão principal é observar quais são as estratégias de ensino das escolas para que todos esses recursos sejam inseridos e potencializados com o objetivo de se adquirir conteúdo e conhecimento. Muitas escolas já evoluíram e aprimoraram sua maneira de ensinar para se adaptar ao novos tempos, atendendo à demanda da sociedade e da nova geração de alunos e professores. Mas é importante avaliar de que forma a tecnologia está de fato integrada à proposta pedagógica e a qualidade que a instituição de ensino busca para garantir o aprendizado e os benefícios efetivos. Há muito a se explorar para oferecer o melhor a esses nativos digitais. E para aqueles pais que ainda estranham ouvir os filhos falarem em uso de celular, tablet e games enquanto estão aprendendo, saibam que são essas ferramentas que permitem a eles compartilharem, comentarem, questionarem, criarem e não mais decorarem, fazendo com que estabeleçam uma nova relação com o conhecimento.
Tantos recursos acabaram empoderando essa geração, que possui uma nova modelagem cerebral. A escola que não oferece aos seus alunos a chance de aprender segundo essa nova realidade, certamente terá cada vez mais dificuldade de engajar e motivar o estudante. Antigamente, bastava o aluno saber o suficiente para tirar uma boa nota e passar para o próximo ano. Hoje, o estudante da era digital quer mais – e não é mais possível, e nem correto, frear esse ímpeto. Privá-lo de ter acesso às novas tecnologias enquanto aprende é inimaginável. As escolas têm o desafio urgente de romper com os modelos tradicionais de ensino e guiar os estudantes nesse caminho. As novas ferramentas devem permitir que o conhecimento esteja nas mãos do aluno onde quer que ele esteja. E que a interação entre estudante, conhecimento e o restante do mundo seja total. Daqui para frente, o mercado de trabalho será, cada vez mais, dominado pela inteligência artificial. Quando analisamos, com uma visão mais ampliada, o que a sociedade e o mercado esperam dos futuros profissionais, vemos que estamos apenas no começo de uma revolução que vai transformar a maneira como nossos filhos e netos vão aprender daqui para a frente. Temos a responsabilidade de ajudar nossas crianças e jovens a se prepararem para esse futuro. E precisamos estabelecer desde já que, para dar conta dessa missão, precisamos de uma nova escola.
Celso Hartmann, diretor-geral do Colégio Positivo
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