Sua voz não se faz mais ouvir. Seus textos deixaram de pautar a legião que o seguia. Suas composições não voltam aos festivais regionais de canções. Um tiro de espingarda no meio da mata o levou para outro plano. Na segunda-feira, 14 de julho de 2014 ele caçava na fazenda Matão, em São Félix do Araguaia, acompanhado por um irmão e um amigo chamado Joaquim Jorge, mas que atende pelo apelido de Loiro Magaiver. A fatalidade: o amigo disparou, Calixto Guimarães, de 54 anos, tombou sem vida. Levou a música, o texto e a composição para o túmulo. O Araguaia se entristeceu.
No Araguaia Calixto foi a voz da Comunicação que se levantou contra a desintrusão da antiga Fazenda do Papa para o aldeamento de índios xavantes. Contra essa decisão escreveu o livro Desordem e Retrocesso na Guerra do Indigenato.
Dois dias depois do seu adeus escrevi no jornal Diário de Cuiaba o artigo “De cabeça“, em sua homenagem, identificando-o com a grafia Kalixto, que é como ele costumava assinar suas produções literárias e musicais. Também tentei junto ao então deputado estadual Neldo Weirich, de Canarana, que apresentasse um projeto na Assembleia Legislativa, denominando o estadualizado – como se discutia a perspectiva dessa obra – Contorno Leste da Rodovia BR-158 de Jornalista Calixto Guimarães.
Weirich respondeu que atenderia o pedido, pois ele também via na denominação uma justa homenagem, mas engavetou a solicitação.
De cabeça
Suiá-Missú morre pela segunda vez. Agora, porque o coração de Kalixto Guimarães não bate mais. Antes, por conta da corrente antinacionalista que expulsou milhares de brasileiros daquela área, que em sua região, no Araguaia, é mais conhecida como Fazenda do Papa.
Na frieza de uma página da internet leio que na tarde da segunda-feira, 14, um tiro acidental de espingarda fechou para sempre os olhos do jornalista, escritor, músico, compositor e figura humana exemplar Kalixto, na zona rural de São Félix do Araguaia.
Nos meios jornalísticos Kalixto foi uma das poucas vozes em defesa dos posseiros de Suiá-Missú. Ao empunhar essa bandeira, foi isolado pela classe política, porque político teme se solidarizar com causa que gere desgaste perante os ditos formadores de opinião pública que coabitam nas entranhas da mídia brasileira consciente ou inconscientemente atrelada aos interesses internacionais.
Nunca vi um de seus textos ousados, realistas, verdadeiros, puros e carregados nas cores verde e amarelo serem lidos no plenário da Assembleia Legislativa. Sua causa não ganhava ressonância na mídia porque suas matérias colocavam os interesses nacionais acima da avidez por dinheiro que move jornalistas.
“Não quero que você descanse em paz, pelo menos até que o Brasil se reencontre com a brasilidade”
Por maior que seja sua derrota (minha também) no desfecho da antiga Fazenda do Papa que virou terra indígena Marãiwatsédé, ela não significa desonra nem fracasso. Ao contrário, lhe confere o galardão dos guerreiros dos bons combates e sempre o fará lembrado – até mesmo pelos algozes dos ex-posseiros – na condição de homem digno, que se pautava pela razão, pelo humanismo e o amor pátrio.
A antiga Fazenda do Papa é fato consumado. Dela resta a desgraça coletiva que se abate sobre milhares de brasileiros de mãos calejadas, de crianças indefesas, de portadores de necessidades especiais, de mulheres, de idosos, de jovens. Dela sobra esse triste mosaico social que vegeta sem hoje e amanhã em Alto Boa Vista e região. Dela fica o grande legado de sua luta.
Tenho plena convicção que no amanhã teremos novos despejos ou desintrusões, como dizem os juristas. Jarudore tem os dias contados para ser riscado do mapa. Quando isso acontecer, a soldadesca repetirá o que fez na antiga Fazenda do Papa demolindo a vila Estrela do Araguaia e a zona rural na área transformada em terra indígena.
A diferença do ontem para o amanhã sombrio que nos espera é que o povo mato-grossense não terá a sua – essa sim – caneta dourada. Do lado de cá da vida estendo-lhe a mão, por mim, por minha mulher, meus filhos, minha nora, minhas netas e, se me permitem, pela população consciente de Mato Grosso.
Não quero que você descanse em paz, pelo menos até que o Brasil se reencontre com a brasilidade. Ao contrário, espero que seu espírito irrequieto mova anjos, arcanjos e querubins, e que as legiões celestes levem até Deus o preito que norteou sua vida. O Senhor haverá de atendê-lo. Depois dessa vitória, que sua alma repouse entre as estrelas e que seu fulgor seja visto pelas famílias de todos os até agora injustiçados pela política do entreguismo nacional. Que nesse amanhã de glória os pais digam aos filhos: “Pra ver a estrela Kalixto é preciso levantar a cabeça”.
Levante a cabeça, Mato Grosso!
Eduardo Gomes de Andrade é jornalista
FOTOS:
Facebook de Calixto Guimarães
PS – ALTO BOA VISTA é município na comarca de São Félix do Araguaia, tem 2.240,437 km² e sua população é de 6.822 habitantes. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é 0,651 e a renda per capita R$ 16.837,42. A cidade é divida ao meio pela BR-242 e não tem acesso pavimentado. Alto Boa Vista enfrenta problema com a falta de regularização fundiária em boa parte de suas propriedades rurais.
Alto Boa Vista se emancipou de São Félix do Araguaia e Ribeirão Cascalheira em 19 de dezembro de 1991, por força de uma lei de autoria do deputado Hermes de Abreu e sancionada pelo governador Jayme Campos.
Morte na rodovia
Sandra Inácia Costa, 43 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu no local onde sua moto foi abalroada por um Pajero da Prefeitura de Água Boa, dirigido pelo prefeito Mauro Rosa, o Maurão (PSD), que ao tentar uma ultrapassagem bateu de frente com a moto pilotada por Sandra, que trafegava em direção contrária.
O acidente aconteceu por volta de 22 horas do dia 1º de abril de 2015, na Rodovia GO-070 perto da cidade de Itauçu. Mauro permaneceu no local e foi ouvido por policiais do Trânsito, O prefeito teria dito que iria a Goiânia, para passar o feriado da Semana Semana.
O boletim de ocorrência do acidente cita que a moto trafegava com o farol apagado. O documento não leva em conta que o prefeito viajava fora de seu estado em um veículo oficial, que segundo o mesmo, era usado para turismo de lazer.
FOTO: Agência de Notias AMM
Suplente de deputado federal preso
Preso preventivamente pela Polícia Federal no dia 22 de agosto em Confresa, na segunda fase da Operação Tapiraguaia, o suplente de deputado federal e ex-prefeito daquele município, Gaspar Lazzari (PSD) ficou numa cela em Barra do Garças.
Contra ele pesa acusação de improbidade administrativa num esquema que envolveria outros políticos e empreiteiras. Quem determinou a prisão de Gaspar foi a Justiça Federal em Barra do Garças. O político é acusado de desviar recursos do município, que seriam destinados a construção de pontes de concreto.
No dia 29 de outubro Gaspar pagou fiança de R$ 9,9 mil e deixou a prisão. Denunciado pelo MInistério Público Federal espera em liberdade por seu julgamento.
Gaspar nega a acusação.
FOTO: Youtube de Gaspar
Prefeito bate em moto e casal morre
Rônio Condão (PSDB), prefeito de Confresa, viajava de sua cidade para Cuiabá pela BR-158 e no trecho entre Vale dos Sonhos e Barra do Garças a camionete Nissan que diriga bateu de frente com uma moto. A colisão, violenta, resulton na morte, no local do acidente, do casal Moisés Cardoso, 48,e Célia Marcelino da Silva, 40.
O prefeito foi submetido ao teste do bafômetro, Não havia bebido. Liberado, seguiu viagem. Os corpos de Célia e Moisés foram trasladados para Barra do Garças, onde rmoravam e, ali, sepultados.
Liberado, naquele mesmo dia Rônio participou de um evento político do governador democrata Mauro Mendes, em Cuiabá, e sequer esteve no velório e sepultamento das duas vítimas. No ato político com a presença de Rônio, Mauro Mendes anunciou a retomada de obras rodoviárias.
PS – CONFRESA – Com 5.801,943 km² o município tem 30.933 habitantes, seu IDH é 0,68 e a renda per capita R$ 24.590,12.
A sede da comarca de Confresa é a vizinha Porto Alegre do Norte. Seu acesso a Cuiabá não é totalmente pavimentado, mas sua ligação com o Pará, sim, pela BR-158, via Vila Rica. O município tem graves problemas agrários desde o começo de sua colonização. Sua emancipação de Santa Terezinha, Luciara e Porto Alegre do Norte aconteceu em 20 de dezembro de 1991, por força de uma lei de autoria do deputado Jaime Muraro e sancionada pelo governador Jayme Campos.
FOTO: Youtube de Rônio Condão
Excelente material