Vagabundo que sou!

Eu discordo do governador Pedro Taques em quase tudo, principalmente, no que diz respeito ao seu modo de governar e escolher seus auxiliares.

Sempre questionei, em artigos assinados, sua integridade e sua desonestidade intelectual , salientando a demagogia de seus factoides e de suas frases de efeito!

Posso dizer, contudo, que em algumas questões pensamos da mesma maneira. Recentemente, ele soltou mais uma de suas frases de efeito, esbravejou que “não foi pelo fato de ter virado político que se tornou vagabundo”.

Nesse ponto eu concordo com ele.

Realmente, ele não se tornou vagabundo ao ganhar um mandato eletivo, mas é bom frisar que político não é somente quem tem mandato.

Com o devido respeito a pessoa do senhor José Pedro Gonçalves Taques, reafirmo que concordo com ele parcialmente, pois ele virou vagabundo quando se utilizou do cargo de procurador para ganhar notoriedade. Tornou-se vagabundo quando, direta ou indiretamente, ajudou alguns “companheiros endinheirados” a se livrarem de processos. Tornou-se vagabundo ao aceitar dinheiro de caixa dois, já na sua campanha para o senado. Seu caminho para a “vagabundice” ganhou força em sua eleição para o governo, ao aliar-se ao que ele dizia ser o pior da política mato-grossense e fazer um acordo de proteção em troca de ajuda financeira do ex-governador Silval Barbosa. Fato esse, que denunciei em um artigo em maio de 2014, com o título de “Proteção Governamental”, e confirmado agora na delação do Silval.

O ápice de sua vagabundagem, no entanto, foi instalar uma quadrilha dentro da Seduc, com o objetivo de quitarem dívidas de campanha, foi também manter o esquema do DETRAN. Acrescentem o fato de cooptar deputados adversários, os quais eram da base do governo Silval, a quem ele tanto criticou nos palanques. Até mesmo seu líder na Assembleia está envolvido em corrupção.

Tornou-se, então, o governador um notório vagabundo ao continuar com a relação amistosa com os deputados citados e filmados por Silval.

Usa a estratégia de atacar para tentar se defender, ao classificar os políticos em geral como “vagabundos”. Afinal, existe vagabundagem maior que a “grampolandia” que foi montada em seu governo? Existe vagabundagem maior que o desrespeito a nossa classe política?

Vagabundagem, para mim, foi o que ele fez com Dante de Oliveira. Vagabundagem, para mim, é o discurso de falso moralista, é tungar o dinheiro do servidor público e patrocinar o trem da alegria para Nova York.

Não faço aqui nenhuma agressão gratuita ao governador e também nunca fiz críticas a seu lado pessoal, como gostam de fazer muitos de seus aliados nas rodas de padaria.

Aqui, neste artigo, faço uma defesa dos princípios democráticos, pois é somente por meio da política que podemos agir em benefício da sociedade. Abomino o discurso antipolítico daqueles que querem entrar na política. Abomino a falsidade ideológica do atual governo, que não sustenta em pé o que diz sentado. E trai, de maneira descarada, suas promessas e seu discurso de campanha.

Enfim, para mim, vagabundo é quem engana, mente, trai, rouba, manipula, faz uso do cargo em benefício próprio e, acima de tudo, debocha de nossa inteligência!

 

Rodrigo Rodrigues, empresário, jornalista e gestor público.