Veni, vidi, vici!

 

Vivo hoje uma fase de minha vida em que voltei a acreditar na justiça dos homens. Mesmo que ainda tardia e os danos causados irreversíveis, aponta no horizonte o fim de uma era negra para o nosso estado.

Com a delação do empresário Alan Malouf, do cabo Gerson e, agora por último, sacramentado com a delação de Permínio Pinto, não sobrará um só grão de dúvida quanto à desonestidade do senhor governador José Pedro Taques. Ainda que ele persista na tese de negar, negar e negar, estratégia de dez entre dez criminosos, os fatos falam por si.

Durante os últimos sete anos, debaixo de críticas, tentei, de todas as formas, alertar o povo de Mato Grosso sobre quem era de fato Pedro Taques.

Durante todo esse período, mesmo sofrendo discriminação, nunca tive dúvidas e sempre me mantive coerente com minhas convicções. Sempre lembrando daquela memorável frase de que você pode enganar pouca gente por muito tempo ou muita gente por pouco tempo, mas não pode enganar todo mundo o tempo todo. Porém, não imaginava que a decadência de Pedro Taques seria tão rápida e que seu governo seria tão desastroso como está sendo.

Não que eu entenda de política nem que eu seja visionário, muito menos profeta, mas sei somar um mais um. E é com “autoridade” e com “coragem” de ter sido o primeiro a dizer qual era o verdadeiro caráter de Taques e quão sofrível seria um possível governo seu, que vos digo, se por um lado, vislumbramos o fim de uma era de trevas, por outro podemos ver a formação de nuvens negras que tentam resistir à mudança. E afirmo categoricamente que em uma eventual vitória de Mauro Mendes teremos uma gestão tão ruim ou pior do que a atual.

Como pessoa e em termos de caráter, Mauro é infinitamente melhor do que Pedro Taques, porém os dois são fruto do mesmo pecado, da vaidade exacerbada. Já dizia Fernando Henrique Cardoso depois de sua derrota para prefeito de São Paulo, que quando a vaidade supera a inteligência o desastre é certo. Mauro Mendes nunca teve e não tem vocação para a coisa pública. Motivado pura e simplesmente pela vaidade e pela ganância, tenta ser um novo Blairo Maggi, mas esquece que Blairo, além de comedido e sensato, não permitiu que a vaidade o cegasse nem que a arrogância florescesse como seus milhões de pés de soja. Mauro Mendes é despreparado para exercer o poder. Sua cultura limitada e seu deslumbramento de novo rico jamais lhe permitirão entender a política na sua grandiosidade e na sua complexidade, muito menos lhe permitirá promover políticas públicas de resultado.

Como prefeito de Cuiabá, fez uso da velha receita do pão e circo. Não conseguiu implantar, durante os seus quatro anos, nenhum conceito de administração que lhe credenciasse para governar o estado.

Certa vez, eu disse que Pedro Taques era um cara que sonhava em ser um Dante de Oliveira, mas que terminaria como Júlio Campos. Mauro sonha em ser Blairo e, caso venha a vencer as eleições, terminará seu governo como Pedro Taques.

A bem da verdade, Mauro Mendes é cúmplice de todos os desmandos que aconteceram nos últimos três anos e meio deste governo. Além de aliado de primeira hora de Pedro Taques, indicou vários secretários para cargos estratégicos, portanto, se as coisas não estão indo bem, Mauro tem tanta culpa quanto Taques. Em que pese seu esforço desesperado de descolar do atual governo para tentar se perpetuar no poder, suas impressões digitais são visíveis a olho nu.

Essas comparações me remetem a um filme antigo, de 1975, estralado por Sean Connery, Michael Kaine e Christopher Plummer, dirigido por Jonh Huston, chamado “O homem que queria ser rei”. Quem não assistiu, fica a dica. E também sugiro o filme, de 1949, “All the kings men” (A grande ilusão), que é um retrato fiel de grande parte de nossos políticos e mostra que nos Estados Unidos da América as coisas não muito diferentes do que são por aqui.

O momento é de muita reflexão. É chegada a hora que todos, repito, todos, devem ter o mínimo de consciência, de comprometimento, de amor próprio e ao próximo, e não se deixem enganar por um discurso oportunista que fere a nossa inteligência. Espero, sinceramente, que desta vez a sociedade organizada e os formadores de opinião, não cometam o mesmo erro que cometeram a quatro anos atrás. Não basta tirar Pedro Taques do poder, é mais do que necessário, que aqueles que foram sócios cooperados e patrocinadores deste desastre sejam alijados do processo também.

Rodrigo Rodrigues, empresário, jornalista, graduado em Gestão Pública