Boa Midia

As eleições municipais

A cidade é encontrada e se plasma nas ruas, onde ricos, remediados, pobres e paupérrimos se encontram num frenesi do vai e vem do dia. Muita coisa passa desapercebida para os desatentos, mas o nosso cotidiano é o retrato do que acontece nas ruas. A história poderia ser pautada nos limites e dimensões das ruas.

Um personagem que somente aparece nas vésperas das eleições, retornou a ela: os meninos e, sobretudo meninas que passam o dia inteiro balançando onerosamente uma espécie de bandeira de algum candidato. Eles se misturam com os pedintes que têm lugar cativo nos vãos e desvãos da cidade. Como se vê a cidade é democrática, pois abriga a todos.

 

Candidato agora é bancado pelo sempre curto dinheiro do contribuinte. Enfim, pagamos para ver nas ruas os desdobramentos da campanha a promover slogans e frases de sentido duvidoso. Na televisão isto se repete como se fosse um disco furado de frases e expressões fisiológicas que nada dizem e não levam lugar nenhum, pois cada uma é feita com intenção de causar impacto a fim de captar a atenção do desatento eleitor. O passado é sempre didático e a prática dos absurdos é antiga e era gratuita: “o meu nome é Eneas”!
Ou então ficam os candidatos se auto idolatrando e/ou a assacarem baixarias uns contra os outros.
Pegam-se mulheres a laço para ser candidatas, pois a legislação exige e não abre mão de um percentual das candidaturas seja preenchido pelo sexo feminino, o que já causou muitos problemas em eleições passadas, pois tinha candidatas que nem sabia que eram candidatas e outras de aluguel para cumprir os desígnios de uma legislação absurda, onde permeia sempre a nossa crônica corrupção.
Este nosso sistema eleitoral precisa de profundas reformas, principalmente por ser custeado com o dinheiro público e pelas severas contradições que abriga, como as apontadas acima. Não creio que chegaremos a lugar algum com uma legislação cambiante sujeita aos interesses e as conveniências de cada eleição.
Insisto, entre todas e tantas contradições, ainda acho que o dinheiro público teria melhor utilidade se fosse aplicado para tirar da indigência os pedintes e desafortunados, o que nos livraria de arcar com onerosa e constrangedora pantomima de um festival de sandices.
Renato Gomes Nery – Advogado em Cuiabá e ex-presidente da OAB/MT
rgnery@terra.com.br renatogomesnery.com.br

Comentários estão fechados.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está bem com isso, mas você pode optar por sair, se desejar. Aceitar Leia Mais

Política de privacidade e cookies