Boa Midia

Bife, a arte do gol e a magia do gingado

Artista da bola, com seu gingado desmontava as zagas. Mestre nos deslocamentos para receber a redonda e matar o goleiro adversário. Assim era o atacante Bife, craque que encantou Mato Grosso e por onde jogou mundo afora.

Bife levou para o túmulo uma marca que nunca será superada: artilheiro do Verdão com 92 gols marcados pelo Mixto, Operário e União de Rondonópolis, em jogos do Campeonato Estadual e do Brasileirão. O Verdão foi demolido para dar lugar a Arena Multiuso Pantanal, como parte da infraestrutura para Cuiabá sediar jogos do Mundial de 2014, a Copa do Pantanal.

A arte do craque Bife cruzou o oceano Atlântico. Foi atleta do Belenense e do Porto, ambos de Portugal. Também jogou pelo Comercial de Campo Grande (MS). Mas, foi em Mato Grosso que se consagrou enquanto ídolo e entrou para a história na condição de maior jogador do futebol mato-grossense.

Paulista de Vera Cruz, na infância e adolescência morou em Aquidauana, cidade no Pantanal de Mato Grosso do Sul, José Silva de Oliveira, o Bife, surgiu para o futebol e se transferiu para Cuiabá.

Seu apelido nasceu da irreverência popular. Adolescente entregava marmitas em Aquidauana. O horário do trabalho coincidiu com o pico de sua fome. Certa vez abriu uma marmita e comeu parte de seu bife. Descoberta a travessura ganhou o apelido com o qual seria famoso. A bola lhe rendeu fama, mas não conseguiu construir patrimônio. No final da carreira, em 1984, começou uma trágica mudança: cada vez mais distante do gramado e mais perto da bebida alcoólica.

Vítima de cirrose hepática agravada por quadro agudo de diabetes, morreu de falência múltipla dos órgãos, aos 57 anos, em 16 de fevereiro de 2007, no Hospital Jardim Cuiabá, em Cuiabá, depois de doloroso tratamento. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Municipal de Várzea Grande.

Em Cuiabá e Várzea Grande dois campos de futebol levam seu nome. Bife deixou filhos. Em Mato Grosso também deixou um vazio entre quatro linhas, onde a bola sem sua magia corre menos redonda.

 

EDUARDO GOMES/blogdoeduardogomes

Foto: ARQUIVO

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