Diplomação, solenidade em meio a uma grande crise
Com Mato Grosso mergulhado numa crise que se arrasta há algum tempo e que atinge, sobretudo, a esfera institucional, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) marcou para esta segunda-feira, 17, a diplomação dos eleitos em outubro para governador, vice-governador, Senado, Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa. O evento está programado para as 19 horas e, a exemplo das vezes anteriores, reunirá a classe política, empresários, graduados servidores públicos e jornalistas.
Diplomação é o reconhecimento oficial da Justilça Eleitoral do resultado alcançado pelo candidato nas urnas. Mas, para tanto não é necessário solenidade que resulte em gasto financeiro tanto para o TRE quanto para os diplomados. Em respeito ao cenário caótico no campo financeiro, bastava a expedição dos diplomas e que os mesmos fossem procurados num guichê do TRE, sem pompa, a custo zero. Isso em nome da razoabilidade administrativa que deveria ser norma entre todos os ordenadores de despeja nos três poderes, em todos os níveis.
A festa da diplomação estará no centro das atenções da Imprensa. Renderá manchetes e resultará em inflamados pronunciamento de diplomáveis. Se a realidade mato-grossense fosse outra, se o Estado não estivesse em crise, se não tivéssemos milhares de famílias abaixo da linha da pobreza – e à espera de doações ou dos parcos recursos dos programas de transferência de renda -, se não faltassem recursos para a Saúde Pública etc. a solenidade de hoje seria vista com naturalidade. Porém, diante da realidade ela se torna ofensiva, imprópria e, pior, estampa a face de um Brasil injusto dividido entre os que amparados pela estrutura do poder que não sabem o que é dificuldade e os que vegetam socialmente
O ideal seria que neste 17 de dezembro todas as ações que tramitam na Justiça Eleitoral estivessem julgadas. Que nenhum processo continuasse se arrastando. Que na pauta do TRE não houvesse pendência sobre os questionamentos judiciais relativos aos pleitos de 2014, 2016 e 2018.
Os custos com a diplomação dos eleitos não desequilibrarão as finanças do grande cofre público subdividido entre poderes e esferas. Mas, se todos os centavos gastos com superficialidade, benesses e os penduricalhos do poder não fossem desembolsados Mato Grosso seria mais igualitário e mais fraterno. Assim, gozaríamos da verdadeira liberdade de vivermos numa terra onde todos seriam iguais, e o Custo Estado seria menor, o que proporcionaria mais e melhores condições para a promoção da verdadeira justiça social nesta terra dominada pelas luzes e o glamour do poder.
Eduardo Gomes de Andrade – editor de blogdoeduardogomes
FOTO: blogdoeduardogomes
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