Do Uruguai a Moscou: 88 anos da Copa do Mundo
A 21ª edição da Copa do Mundo de futebol tem início hoje (14), às 12h (horário de Brasília), no Estádio Luzhniki, em Moscou, na Rússia. A seleção do país anfitrião enfrenta a Arábia Saudita. Nesses 88 anos de existência, oito seleções venceram a mais importante competição do futebol mundial: Brasil (5 títulos), Itália (4), Alemanha (4), Uruguai (2), Argentina (2) , Inglaterra (1), França (1) e Espanha (1). A Itália é a única equipe campeã que não conseguiu classificação para esta Copa.
A Federação Internacional de Futebol (Fifa) foi fundada em 1904, na França, mas a primeira Copa do Mundo foi realizada 26 anos depois. O Uruguai, cuja equipe de futebol vinha de conquistas olímpicas e comemorava seu centenário em 1930, foi escolhido como país-sede. No entanto, a ideia de fazer a competição em um país do outro lado do Atlântico não agradou às federações de alguns países da Europa por causa dos custos e da demora de uma viagem de navio para a América do Sul. A Copa no Uruguai não teve fase eliminatória, todas as seleções presentes foram convidadas pela Fifa.
Em função dessas dificuldades, apenas quatro das 13 seleções participantes eram europeias (Bélgica, Iugoslávia, França e Romênia). As demais vieram de países do Continente Americano (Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Peru, Paraguai, México, Bolívia e Estados Unidos).
Do Uruguai até Moscou, a Copa do Mundo deixou de ser realizada em 1942 e 1946 por causa da 2ª Guerra Mundial. Ela volta a ocorrer em 1950, e o Brasil foi escolhido como o país-sede. Para receber a Copa, foi construído o Maracanã, o maior estádio de futebol do mundo, inaugurado no jogo entre o Brasil e México, com vitória brasileira por 4 x 0.
A partida final foi entre o favorito Brasil e o Uruguai. O Maracanã lotado com mais de 200 mil torcedores que, surpresos, viram a sua seleção perder de virada por 2 x 1. O jogo entrou para a história como um dos momentos mais tristes do futebol e mundial. Os torcedores uruguaios chamam até hoje o episódio de “Maracanazo”. O resultado deu ao Uruguai o bicampeonato mundial, igualando-se em número de títulos à Itália.
A Copa do Mundo de 1954 foi marcada mais uma vez pela derrota na final da seleção considerada favorita. A Hungria, que conquistara dois anos antes o título olímpico, chegou à Suíça na condição de melhor seleção do mundo. Na primeira fase da competição, varreu a Coreia do Sul por 9 x 0 e a Alemanha por 8 x 3.
Nessa Copa, após a derrota de 1950, o Brasil estreou o novo uniforme, trocou o branco pelo amarelo na camisa, mas saiu da competição ao ser derrotado pela Hungria por 4 x 2. Mas a grande surpresa estava reservada para o jogo final. A Alemanha, que na primeira fase da competição havia perdido de 8 x 3 para a favorita Hungria, venceu o time húngaro por 3 x 2.
A Copa do Mundo de 1958, na Suécia, a primeira transmitida pela TV, mostrou ao mundo a genialidade de um jovem de 17 anos, Edson Arantes do Nascimento, Pelé. Contra o País de Gales, em um jogo de quartas de final, ele marcou o seu primeiro gol em uma Copa do Mundo. A partir daí, Pelé viria a se transformar no maior jogador de futebol de todos os tempos.
Na era Pelé, a Seleção Brasileira conquistaria definitivamente o troféu Jules Rimet, ao vencer também as Copas de 1962, no Chile, e de 1970, no México, passando a ter três títulos. O time de 1970 é considerado até hoje como a melhor que já existiu. A competição de 1966, na Inglaterra, foi vencida pelo time da casa.
Perguntado pela reportagem da Agência Brasil se a seleção de 1970 é realmente a melhor de todos os tempos, Jairzinho, que fez gols em todos jogos da Copa do México, disse: “Claro que foi. Você tem dúvida? Quando é que você vai ver uma seleção jogar com cinco números 10? E todos faziam a diferença. Eu era um deles”.
Troféu Fifa
Com a conquista definitiva da Jules Rimet pelo Brasil, um novo troféu passou a ser disputado a partir da Copa de 1974. Na Copa da Alemanha, mais uma vez a história se repete, a Holanda, a seleção favorita, perde na final para Alemanha por 2 x 1. Com um futebol de muita movimentação de seus jogadores, a Laranja Mecânica, como passou a ser chamado o time holandês, viirou referência de futebol total.
Em 1982, na Copa da Espanha, agora com 24 participantes, outra seleção favorita fica pelo caminho. O Brasil do técnico Telê Santana, com uma equipe de jogadores virtuosos, entre eles, Sócrates, Zico, Júnior, Falcão, Toninho Cerezo e Éder, mostrou um futebol ofensivo e de muito toque de bola. Mas o time que encantou o mundo, mesmo jogando pelo empate, perdeu para a Itália nas quartas-de-final, por 3 x 2, saindo da competição com a quinta colocação. A partida final, entre Alemanha e Itália, foi vencida pelos italianos por 3 x 1, com a Itália conquistando o seu terceiro título e se igualando ao Brasil.
A Copa seguinte,no México, um jogador se transforma no grande destaque da competição, o argentino Diego Maradona. Na partida contra a Inglaterra, nas quartas-de-final, o argentino foi autor do gol mais bonito até hoje feito em uma Copa do Mundo. Ele parte do seu campo e, em velocidade, passa por vários ingleses, diante do goleiro Shilton, o argentino dá um toque para a rede. Na mesma partida, Maradona faz também um gol de mão e diz diz que foi a “mão de Deus.
Na era do Troféu Fifa, a Alemanha é a seleção mais vitoriosa, com três títulos. A última dessas conquistas aconteceu em 2014, no Brasil, derrotando a Argentina, na final, por 1 x 0. Mas o resultado marcante foi a goleada aplicada na Seleção Brasileira por 7 x 1, na semifinal. O Brasil, a Argentina e Itália vêm em segundo, com dois títulos cada um. França e Espanha fecham a lista, com uma conquista. Os dois troféus Fifa consquitados pela Seleção Brasileira aconteceram nas Copas de 1994, nos Estados Unidos, com destaque para o atacante Romário, e a de 2002, competição realizada pela primeira vez em dois países, Japão e Coreia do Sul, tendo Ronaldo como o grande nome do time brasileiro, marcando dois gols na final contra a Alemanha.
Sem contar com a participação de jogadores na edição da Copa da Rússia, de acordo com dados da Fifa, mais de 7 mil atletas de federações de todos os países filiadas à entidade que gere o futebol mundial participaram da competição. Do evento futebolístico mais importante do planeta passaram craques como os brasileiros Leônidas da Silva, Domingos da Guia, Ademir, Didi, Nilton Santos, Garrincha, Pelé, Jairzinho, Zico, Romário, Ronaldo; alemães como: Fritz Walter, Uwe Seeler, Helmut Rahn, Franz Beckenbauer, Gerd Müller, Lotthar Matthäus, Jürgen Klinsmann, Rummenigge, Bastian Schweinsteiger; os italianos Silvio Piola, Valentino Mazzola, Luigi Riva, Gianni Rivera, Nicola Berti, Cesare Maldini, Giampiero Boniperti, Fabio Cannavaro, Andrea Pirlo, Paolo Rossi e Franco Baresi; os argentinos Alfredo Di Stéfano, Osvaldo César Ardiles, Mario Kempes, Leopoldo Jacinto Luque, Daniel Passarela, Alberto César Tarantini, Diego Maradona e Lionel Messi; os uruguaios Obdulio Varela, Alcides Ghiggia; Juan Alberto Schiaffino, Fernando Morena, Rubén Sosa, Diego Fórlan, Enzo Francescoli, Roberto Cavani e Luís Soáres; os franceses Just Fontaine, Michel Platini e Zinedine Zidane; os espanhóis Luis Suarez, Francisco Gento, Andres Iniesta, Xabi Alonso; o húngaro Ferenc Puskás; o holandês Johannes Cruijff; e os ingleses Bobby Charlton, Gordon Banks, Bobby Moore, Alan Shearer, Gary Lineke, David Beckham.
Aécio Amado – Repórter da Agência Brasil* Brasília
Colaborou Eurico Tavares
FOTOS:
1- Agência Brasil
2 – CBF
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