Neste mês de agosto, Cuiabá foi palco do 1º Festival de Robótica Educacional de Mato Grosso, onde estudantes e professores de diversas instituições puderam mostrar seus projetos e conhecer outros, ter acesso a especialistas e ver criações incríveis que nasceram dentro do ambiente escolar. Puderam ver ali, de forma palpável, o resultado de meses e até anos de estudo, de aplicação da teoria e das ideias para gerar algo que seja capaz de executar tarefas.
Trata-se de uma tendência e é importante que as crianças e os jovens tenham acesso a esses avanços tecnológicos, que trazem para o concreto o aprendizado que está lá no abstrato. É por isso que ganha cada vez mais força a união entre a robótica, a metodologia STEAM e a cultura maker para a criação de projetos baseados em conteúdos curriculares da sala de aula. Ou seja, combinando Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática (cujas iniciais forma a palavra em inglês).
Essa interdisciplinaridade faz com que haja uma aprendizagem integrada, onde conceitos e habilidades se unem à prática para o desenvolvimento de projetos. Mas não somente isso. É preciso que a robótica aliada ao ensino regular estimule o estudante pensar em questões com “de que forma o que eu estou aprendendo vai mudar a realidade?”. Só assim tem sentido. E as crianças internalizam isso.
Esse é um ponto. O ponto de que dentro desse aprender existam coisas que os alunos possam utilizar não só para concretizar aquele projeto, mas levar para a vida, tanto profissional como pessoal. É preciso que o ensino de robótica estimule diferentes habilidades, o socioemocional, o trabalho em equipe, até a oralidade, criando um roteiro de apresentação para os demais colegas ou em uma feira de ciências ou de robótica.
São muitas as etapas e em cada uma delas há aprendizados importantes. Tudo começa com a iniciação científica, onde eles recebem o conteúdo teórico. Depois de adquirir esse conhecimento, eles passam a ter um novo objetivo, que é decidir o que fazer com o que aprenderam a partir dos elementos disponíveis – por isso é importante que essas aulas sejam em espaços próprios, com ferramentas e instrumentos que os auxiliem na confecção. Findo o projeto, testado, vem um novo desafio: mostrar o que sua criação pode fazer e o porquê.
É como se eles fossem vencer o seu produto, mas com profundidade e conhecimento de causa. Seja na sala de aula, na feira de ciências da escola ou em um evento como o Festival de Robótica, a ideia é que eles saibam dizer como chegaram àquele resultado, qual foi a intenção e de que forma funciona o projeto. Então é um processo longo que hoje mostra vários benefícios para a formação de jovens e crianças.
Trabalhar com eles a parte da oratória, como se expressar, faz parte de um processo de autonomia, de protagonismo e de transformação. E os impactos são para toda a vida, ainda que não optem por seguir nessa área de tecnologia.
*Márcia Bezerra – Diretora pedagógica de uma escola particular em Cuiabá
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