Especial UFR – Adib, Buscetta e Batalhão Leopardo
Quando a soja chegou a Rondonópolis, a violência nem de longe tinha os índices atuais, que parecem estatísticas de guerra civil. A única droga que existia era figurada, em tom de desabafo. Quando o pneu do carro batia numa pedra o motorista gritava, “droga”.
Ladrões estão e sempre estiveram por todas as partes. Se algum aparecia podia ser o fim da picada, com uma viagem sem volta ao sumidouro do rio Itiquira tendo a lua por testemunha.
Qualquer ameaça que surgisse a cidade recorria ao temível tenente da Polícia Militar Adib Massad, que sabia como poucos botar ordem na casa.
Hoje, Adib é coronel aposentado da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, onde é uma espécie de ícone para sua corporação. Adib sempre negou que participasse das tais viagens ao Itiquira; os passageiros também, claro.
MÁFIA – Despercebido entre a população da cidade que crescia o italiano Don Tommaso Buscetta – um dos mais temíveis mafiosos da Cosa Nostra – era pacato hóspede de um amigo na Rua Armando Araújo, no Parque Real.
Às noites, Buscetta costumava dar asas aos desejos e descambava para o cabaré Coqueirinho, à margem da BR-364, que era tocado pela Cristina.
Buscetta era velho conhecido do Brasil e inclusive foi casado com uma brasileira.
Em janeiro de 1981 Buscetta deixou a Itália e oficialmente veio abrir uma terra de seu sogro no Pará. No entanto, optou por morar em Rondonópolis, o que em tese inviabilizaria seu projeto paraense.
O tempo se arrastava e, ele, na surdina, levava adiante uma atividade criminosa e que não é engolida por nenhum judeu: o mercado do diamante. Isso mesmo.
O saudoso William Rodrigues Dias, advogado criminalista dos bons e mais tarde deputado estadual, cuidava da blindagem de Buscetta e certa vez revelou que ele escolheu Rondonópolis por ser o polo da extração de diamante em Poxoréu e no Vale do Garças. Com uma rede de compradores ele estava mandando a pedra mais preciosa do mundo para a Europa. Seu negócio no Pará, seria uma forma de justificar sua presença em Belém, para onde levava as pedras e as despachava contrabandeadas por navios.
O Mossad, poderoso serviço secreto hebreu descobriu, mas não tinha interesse em eliminá-lo, porque vivo poderia ser mais útil. Bastou uma denúncia e em 23 de abril Buscetta foi parar atrás das grades em São Paulo. Sua página de prisão, delação, extradição para os Estados Unidos e sua morte em 2 de abril de 2000 é de domínio público.
No bairro Parque Real; não muito distante da casa onde morava Buschetta, seu vizinho mais famoso era o temível coronel belga Jean Pierre, que comandou o Batalhão Leopardo em Léopoldville, no Congo, nos anos 1960, para proteger os interesses belgas no diamante e outros minérios contra o nacionalismo que surgira com a independência do país.
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – Polícia Militar de Mato Grosso do Sul
2 – Youtube
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