Fabris é o segundo deputado estadual preso em MT
Gilmar Fabris (PSD), vice-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, está preso. Fabris apresentou-se à Superintendência da Polícia Federal, em Cuiabá nesta sexta-feira, por volta de 14h20 e a PF cumpriu o mandado de prisão preventiva contra ele, expedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, como parte da operação Malebolge, desencadeada na véspera pela PF, com base na delação feita pelo ex-governador Silval Barbosa. A motivação para a prisão, segundo a PF, é obstrução de justiça. A decisão de Fux também o afasta do cargo. Ele é o segundo deputado estadual mato-grossense preso no cumprimento do mandato.
Fabris foi parar atrás das grades por um episódio isolado no contexto do cumprimento de mandados de busca e apreensão contra ele, que a PF cumpriu parcialmente na véspera. Antes das 6 horas, quando agentes aguardavam para entrar em seu apartamento no bairro Santa Rosa, em Cuiabá, o deputado saiu do local carregando uma pasta preta que supostamente teria documentos que deveriam ser apreendidos.
A Procuradoria Geral da República pediu a prisão e Fux a atendeu. Hoje, em Rondonópolis, onde tem seu principal endereço residencial, Fabris tomou conhecimento da decisão do ministro e viajou para Cuiabá para se entregar, o que aconteceu.
O deputado discorda da prisão. Alega que por ser parlamentar estadual somente poderia ser preso em flagrante por determinados crimes, dentre os quais não se incluiria a obstrução de justiça. Disse mais, que ao deixar seu apartamento desconhecia a operação em curso. O presidente da Assembleia, Eduardo Botelho (PSB) recebeu um telefonema do colega sobre a prisão. Botelho explicou que a PF tem 24 horas para comunicar o fato à Assembleia e que os deputados têm autonomia para decidirem se Fabris continua ou não atrás das grades.
O deputado seria levado para fazer exame de corpo de delito e em seguida seria levado para o Centro de Custódia de Cuiabá, mas a PF não confirmou para qual presídio Fabris seria conduzido.
FABRIS – Paulista, Fabris mora em Rondonópolis desde criança. Em 1988 integrou o chamado movimento Renovação Política Rondonopolitano, juntamente com Hermínio Barreto e Wellington Fagundes. Naquele ano, conquistou cadeira de vereador, Barreto derrotou Percival Muniz na disputa pela prefeitura e botou Wellington em seu secretariado.
Em 1990 Fabris chegou à Assembleia e Wellington à Câmara Federal, onde cumpriu seis mandatos consecutivos, mas no período tropeçou disputando a prefeitura; em 2014 Wellington foi eleito senador e preside o PR de Mato Grosso. Fabris repetiu a dose em 1994 e 2006, mas não conseguiu mandatos nas demais eleições parlamentares no período; no biênio 1995/96 presidiu a Assembleia.
Em 2014 Fabris era suplente e assumiu o cargo no começo da legislatura, no ano seguinte; ele ocupa a cadeira do deputado reeleito e diplomado Walter Rabello, que morreu de infarto no dia 10 de dezembro de 2014, em Cuiabá.
Barreto foi deputado estadual e aparece num vídeo gravado a mando de Silval, recebendo pacotes de dinheiro que seria propina ou mensalinho; Barreto alega que “aquilo era dinheiro para campanha política”. Num vídeo semelhante Fabris discute com Sílvio Corrêa, chefe de Gabinete de Silval, sobre suposta liberação de mensalinho.
Em sua defesa Fabris distribuiu a seguinte nota à imprensa:
“Com relação ao pedido de prisão autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, o deputado estadual Gilmar Fabris (PSD) nega que tenha agido para destruir provas ou obstruir a Justiça.
O parlamentar estava desde ontem em Rondonópolis. Ao tomar conhecimento da ordem de prisão pegou a estrada em direção a sede da Polícia Federal em Cuiabá para se apresentar acompanhado dos seus advogados de defesa.
A legislação autoriza a prisão de parlamentares somente em caso de flagrante ou crime inafiançável, o que não se enquadra ao caso e será questionado pela defesa.”
SEGUNDO – Fabris é o segundo deputado estadual preso em Mato Grosso no exercício do mandato desde a divisão territorial para a criação de Mato Grosso do Sul em 1978.
Antes dele, José Riva, então presidente da Assembleia, foi parar atrás das grades em maio de 2014. Riva foi preso pela Polícia Federal numa das fases da Operação Ararath que dentre outros crimes (ainda) apura lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro.
Riva foi preso em outras três datas após o término de seu mandato de deputado.
Da REDAÇÃO
Foto: ARQUIVO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
Comentários estão fechados.