Faissal no governo e PV no colo político de Mauro Mendes

Em 24 de abril blogdoeduardogomes antecipou que o deputado estadual verde Faissal Calil assumiria a Secretaria de Ciências, Tecnologia e Inovação do governo do democrata Mauro Mendes. O site mostrou que estava em curso uma grande manobra política de bastidores pra botar o PV de Cuiabá no colo político de Mauro Mendes. As parte envolvidas recuaram da posse imediata de Faissal, esperando a poeira baixar. Surgiram outros fatos nada republicanos e tranquilamente o parlamentar assume a secretaria nesta sexta-feira, 15.

O PLANO – Faissal ocupa o lugar até então de Nilton Borgato, apadrinhado político do senador Carlos Fávaro (PSD). À época o site também antecipou o destino de Borgato: a chefia do Escritório de Mato Grosso em Brasília (leiam boxe sobre Borgato), com as bênçãos de Fávaro. Mais: o material revelou que a secretaria não cairia de graça no colo de Faissal – ele teria que costurar o apoio do PV em Cuiabá à candidatura a prefeito do democrata e suplente de senador Fábio Garcia. Para tanto teria que arrastar a bancada municipal do PV para o grupo de vereadores que apoia Mauro Mendes e, consequentemente, bota-la contra o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), que tem ampla maioria na Câmara.

Além da bancada municipal do PV formada pelo  Delegado Marcos Veloso, Justino Malheiros e Mário Nadaf, a missão da Faissal também incluiria a adesão do presidente regional, José Roberto Stopa, que é secretário de Serviços Urbanos em Cuiabá e carne e unha com Emanuel Pinheiro.

O plano foi bem arquitetado. Em 22 de abril, dois dias antes da postagem do material no site, Faissal pediu licença por 121 dias na Assembleia e sua cadeira foi ocupada pelo suplente e correligionário Oscar Bezerra. Nesta quarta-feira, 13, a Assembleia chancelou a ida de Faissal pra secretaria ao homologar uma licença pra seu afastamento por tempo indeterminado.

Na Assembleia, Oscar terá que rezar pela cartilha de Mauro Mendes e votar no candidato governista à presidente do Legislativo, pleito que acontece neste ano. Na secretaria Faissal não poderá se afastar da prática franciscana do é dando que se recebe, pra contemplar os correligionários verdes que passarem a exorcizar Emanuel Pinheiro.

É preciso observar que Fábio Garcia, primeiro suplente do democrata Jayme Campos, é o candidato de Mauro Mendes a prefeito, com o devido respaldo de Jayme.

A isso se dá o nome de uso da máquina pública pra fim eleitoreiro, mas oficialmente se trata de mudança na cúpula do governo, com a participação do Legislativo, que também oficialmente não tem nenhum vínculo com o governo estadual.

Nilton Borgato

BORGATO – Nilton Borgato foi preso acusado de cometer crime ambiental e de utilizar maquinário da prefeitura de Glória D’Oeste, que administrava, para construir tanque de piscicultura e abrir estrada em sua propriedade. Borgato ganhou o cargo de secretário de Ciências, Tecnologia e Inovação no governo de Mauro Mendes.

 Borgato se elegeu prefeito de Glória D’Oeste, na faixa de fronteira, em 2008. Denunciado por peculato, sua candidatura à reeleição em 2012 foi barrada pela Justiça Eleitoral, que o considerou ficha suja, mas Borgato concorreu sub judice sendo o mais votado. Pelo PP recebeu 1.237 votos numa chapa com o vice  Gean Carlos Alves (PSB). Em segundo lugar ficou Elisete Mesanini de Souza Barbosa (PSDB), com 835 votos, que dobrou com o vice Valdomiro Silva Barros, o Valdomiro da Soja (DEM) Borgato foi o mais votado, mas a Justiça Eleitoral proclamou Elisete vencedora. Porém entre a eleição e a posse o juiz Alexandre Martins Ferreira, de Araputanga, acatou a argumentação de  Borgato e determinou sua diplomação.

O prefeito negou que o sítio fosse dele e alegou que realizava trabalho administrativo com cunho social. Saiu da cela e o caso foi devidamente abafado.

Três dias depois da prisão, Borgato foi afastado da prefeitura pela acusação de peculato, que inicialmente cassou sua eleição em outubro de 2012. Com a vacância do cargo o presidente da Câmara, Edimar Teixeira Ramos (PP) assumiu a prefeitura.

Em 7 de julho de 2013, em eleição suplementar, Borgato foi eleito prefeito com Gean Carlos Alves (PSB) de vice. A mesma Justiça Eleitoral que o afastou ao ser eleito em outubro de 2012, assegurou sua nova candidatura, sem que o caso de peculato fosse encerrado por sentença com trânsito em julgado.

Borgato cumpriu mandato até 31 de dezembro de 2016 e foi um dos integrantes do quinteto político mais famoso na faixa de fronteira, que se completava com Pedro Henry (Cáceres), Ezequiel Fonseca (Reserva do Cabaçal), Airton Português (Araputanga) e Antônio Azambuja (Pontes e Lacerda).

Remanescente do grupo político de José Riva, Borgato é filiado ao PSD e se lançou candidato a deputado federaL em 2018, mas em agosto desistiu. Oficialmente sua decisão foi para que assumisse na fronteira uma das coordenações das campanhas de Mauro e dos candidatos ao Senado Jayme Campos (DEM) e Carlos Fávaro (PSD). Nos bastidores comenta-se que sua retirada teria sido na tentativa de concentrar votos da região para o candidato a deputado federal Adriano Silva (DEM), que tinha as bênçãos de Jayme, mas que não se elegeu.

Redação blogdoeduardogomes

FOTOS:

1 – Site público do Governo de Mato Groso – Divulgação

2 – Site público da Assembleia Legislativa – Divulgação