“Fogo amigo’ e renovação ameaçam bancada na Câmara
Eduardo Gomes
@andradeeduardogomes
eduardogomes.ega@gmail.com
Assustados. Assustados e calados. Assim se encontra quase toda a bancada federal mato-grossense, na Câmara, com a entrada em cena de alguns nomes que deverão tomar cadeiras de deputados que até recentemente sentiam-se seguros em seus rechonchudos cargos. Quem está com o pé atrás: Nelson Barbudo, Coronel Fernanda e Rodrigo da Zaeli (todos do PL), Emanuel Pinheiro e Juarez Costa (ambos do MDB) e Coronel Assis (União). Fábio Garcia (União) debaixo do manto do governador Mauro Mendes (União) e José Medeiros (PL), que sonha acordado em ser senador encontram-se em situação confortável. O susto leva alguns a correr em busca de outros partidos. Cargo eletivo, para a maioria dos políticos é capital, patrimônio, e a luta para mantê-los é sem quartel. Algumas figuras tremem diante do bicho-papão, que nesse caso atende pelos nomes de Samantha Íris (PL), Virgínia Mendes (União), Gilberto Cattani (PL), Professor Sivirino (MDB), Adilton Sachetti (Republicanos), Zé Carlos do Pátio (PSB), Neri Geller (ainda PP), Irajá Lacerda (PSD), Janaína Riva (MDB), Valtenir Pereira (PSD), Rosa Neide (PT) e outros.
O susto na Câmara é porque pela primeira vez há um número maior de pré-candidatos com chance de eleição, do que as cadeiras na bancada, que de oito deverá saltar para nove.

PL – Campeão em cadeiras na legislatura em curso, o PL ocupa quatro, com José Medeiros, Nelson Barbudo, Coronel Fernanda e Rodrigo da Zaeli. José Medeiros é o nome do partido para senador, com apoio de Jair Bolsonaro. Os outros três estão sob pressão eleitoral e inclusive de ‘fogo amigo’.
Fartura de votos não é a característica dos três que tentarão a reeleição. Barbudo foi campeão de votos ao cargo em 2018, e amargou suplência em 2022, mas chegou ao plenário com a morte de Amália Barros.
Rodrigo da Zaeli era segundo suplente e ganhou a cadeira com a posse de Nelson Barbudo, que o fez primeiro suplente, e nessa condição substituiu Abílio Brunini, que se elegeu prefeito de Cuiabá; na eleição em 2024 Zaeli foi candidato a vereador por Rondonópolis e recebeu apenas 1.010 votos.

Além dos candidatos dos demais partidos, os liberais enfrentarão o ‘fogo amigo’ de Samantha Íris, vereadora campeã de votos em Cuiabá e mulher de Abílio Brunini. Esse ‘fogo’ vira fogaréu com a filiação do deputado federal Coronel Assis, que acontecerá na janela de filiação; e de Gilberto Cattani, deputado estadual que disputará a Câmara, por conta da necessidade de alguém com seu perfil explosivo e extremamente fiel a Bolsonaro; nos meios políticos analistas acreditam que a maior votação para deputado federal será a de Cattani.
Em suma: Samantha Íris e Cattani deverão mandar embora de Brasília, dois de sua atual bancada.
Caso Jair Bolsonaro reverta a inelegibilidade e dispute a Presidência, a chapa proporcional do PL em Mato Grosso deverá conquistar cadeiras na Câmara e na Assembleia; se acontecer o contrário, o ex-presidente se transforma em vítima do sistema e seus seguidores serão ainda mais fortalecidos.

REPUBLICANOS – Presidente regional do Republicanos, ex-deputado federal e ex-prefeito de Rondonópolis, Adilton Sachetti deverá ser um dos destaques na eleição para deputado federal. Além de Adilton, o partido lançará Neri Geller, que também foi deputado federal, além de ministro da Agricultura e vereador por Lucas do Rio Verde; Neri é uma das composições feitas pelo vice-governador Otaviano Pivetta, que será candidato a governador, com apoio do governador Mauro Mendes (União).

Além dos dois, o Republicanos ganhará Juarez Costa, que foi vereador e prefeito de Sinop, deputado estadual e exerce o segundo mandato consecutivo de deputado federal. Com Neri e Juarez, Pivetta espera que seu partido seja campeão de votos no Nortão; com Adilton a esperança é a mesma em relação ao polo de Rondonópolis.
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Com um candidato a governador puxando votos para a legenda, e a possibilidade de que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, dispute a Presidência, o Republicanos deverá alcançar bons resultados nas eleições proporcionais.

MDB – Emanuel Pinheiro e Juarez Costa ocupam as duas cadeiras do MDB na bancada. Ambos já anunciaram a saída do partido. Juarez já alinhavou com Pivetta no Republicanos. Emanuel está de malas prontas para o PSD de Fávaro, onde seu pai, Emanuel Pinheiro, o espera.
Sem os dois deputados, e com Carlos Bezerra afastado dos meios políticos pelo peso da idade, resta ao partido a deputada estadual Janaína Riva e o vice-prefeito de Barra do Garças, Professor Sivirino.
Janaína ao comentar sobre a saída de Emanuel e Juarez a achou positiva. Segundo ela, é melhor o partido disputar eleição com maior oportunidade para os novatos, sem – em outras palavras – manter cadeiras cativas. A ótica é estranha e todos os partidos correm atrás de grandes nomes, para que alcancem o quociente eleitoral.
Em 1990 Dante se candidatou a deputado federal pelo PDT, foi o mais votado em Mato Grosso, mas não alcançou o quociente. Em 2022 Rosa Neide (PT) foi quem mais recebeu votos para a Câmara, mas pelo mesmo motivo de Dante, foi derrotada.

PSD – o ministro da Agricultura e senador licenciado Carlos Fávaro (PSD) faz trabalho formiguinha junto a comunidades, quilombolas, indígenas, assentamentos, pequenos produtores e parte do agronegócio. Líder do PSD Fávaro terá dois puxadores de votos para a Câmara: Irajá Lacerda, seu braço direito; Emanuel Pinheiro; e o ex-deputado federal Valtenir Pereira.

UNIÃO – Maior e menos unido partido de Mato Grosso, o União Brasil terá dois puxadores de votos: Virgínia Mendes e Fábio Garcia; em segundo plano Gisela Simona. Em 2022 o União elegeu Fábio Garcia e Coronel Assis. Fábio é do núcleo mais próximo do governador e está afastado da Câmara para chefiar a Casa Civil, e sua vaga é ocupada por Gisela.
Fábio não é a principal aposta de Mauro Mendes para a Câmara, mas recebe do governante o apoio necessário para tanto. A grande aposta de Mauro Mendes é sua mulher Virgínia Mendes, que é a segunda figura pública mais divulgada na mídia regiamente remunerada.
Até recentemente a divulgação de Virgínia não tocava na sua eventual candidatura a deputada federal, mas nos últimos dias ela é citada com naturalidade. Ao longo do período de divulgação implícita, a Imprensa manteve-se calada. Em várias ocasiões chamei a atenção para a situação.
Portanto, Virgínia e Fábio Garcia deverão compor a próxima bancada e Gisela naturalmente será a primeira suplência. Mauro Mendes será candidato ao Senado e puxará votos para seu partido.
As vagas do União na Câmara independem do Progressistas, com o qual deverá formar federação.

FÉ BRASIL – PT/ PCdoB e PV devem ficar fora da disputa para o governo, apoiando a candidatura de Fávaro à reeleição ao Senado. Porém, concorrerão para a Câmara e a Assembleia.
Rosa Neide é professora, foi secretária de Educação no governo de Silval Barbosa; é o principal nome para a Câmara, onde exerceu mandato.
Fotos: 1, 2, 4 e 5 – Agência Câmara
3 – Instagram Samantha
6 – ALMT
7 – Agência Senado
8 – Secom/MT