Imortal da AML destaca Júlio Strubing Müller
Tudo iníciou com a vinda para Brasil do jovem médico Augusto Frederico Müller, nascido na Alemanha provavelmente em 1818, que entrando por Belém, subiu o rio Arinos até chegar em Diamantino. Este gerou Júlio Frederico Müller, que foi pai de uma seleta casta a saber ։ Frederica, Fenelon, Rita, Filinto e Júlio S. Müller – o único a incorporar o sobrenome Strubing. Hoje o clã espargiu, engenheiros, economistas, médico, até os campeões de judô Fenelon e David.
Muitos poderiam merecer um artigo por seus marcantes feitos, desta feita abordarei o Homem da Ponte, pioneira ligação entre Cuiabá e Várzea Grande, tão pertas, mas tão distantes ! Naceu na fazenda Bom Jardim em Chapada, dia 6 de janeiro 1895, filho de Júlio Frederico Müller e Sra. Rita Teófila Corrêa da Costa Müller. Estudou no Colégio Salesiano de Cuiabá e formou-se em Direito pela Faculdade de Direito também desta urbe, sempre se destacando como bom aluno. A competência profissional manifestou-se cedo, exerceu várias funções públicas, sendo professor primário na Escola Modelo, foi ainda diretor do grupo escolar Barão de Poconé, naquela cidade e sendo versátil … lecionou alemão no Liceu Cuiabano, francês na Escola Normal Pedro Celestino. Casou aos 24 anos com a professora e poetisa Maria de Arruda Müller em 1919, gerando ditosa prole։ Augusto Frederico, Hugo Filinto, Helena Júlia, Adelina Rita, Teresinha Mª, Júlio Federico.
A primeira aparição em destaque na vida política ocorreu em função da Revolução de 1930, galgando desta feita a prefeitura da Capital, permanecendo no posto de alcaide até o ano de 1932. Seu irmão Filinto Müller, chefiou a polícia do Distrito Federal-RJ, na gestão Pres. Getúlio Vargas de 1933 a 42, Senador de 1947 a 51 e 1954 até 73, ao falecer na queda do avião em Orly-França; ainda seu outro irmão Fenelon Müller, Prefeito de Cuiabá e Interventor de Mato Grosso em 1935. No ano de 1933, ficou definido convocarem eleições para uma Assembleia Nacional Constituinte, formaram em todos estados partidos representando os objetivos doutrinários da Revolução de 30, aqui criaram o Partido Liberal Mato-Grossense, liderado pelo interventor Leônidas A. de Matos. Participando desde a fundação da sigla, Júlio Müller elege-se Deputado da Constituinte Estadual, que além da Constituição, iria escolher o Governador e também os 2 membros do Senado Federal. Angariando experiência, veio a ser Secretário-Geral do Estado nos governos dos Interventores, César de Mesquita Serva – outubro 1934 / março 35; e Fenelon Müller – março 1935 / agosto 35. Foi eleito pela Assembleia em 7 de setembro 1935, Mário Correia da Costa … Governador de MT.
Correia da Costa vindo a falecer em 13 de setembro 1937, o Legislativo estadual elegeu Júlio Strubing Müller para substituí-lo na chefia do Executivo estadual até 15 de agosto de 1939. Assumiu o cargo em 4 de outubro, permaneceu Governador constitucional por cerca de um mês, instaurado o Estado Novo em 10 de novembro, foram suspensos todos mandatos eletivos do país. Contudo, logo a 24 de novembro foi reconduzido, desta feita como Interventor Federal no Estado.
Durante a sua auspiciosa gestão, a postura separatista no sul do Estado vinha acirrando-se, por certeira influência do irmão Filinto Müller, aquiesceu o Pres. Getúlio Vargas em promover um surto progressista através inúmeras obras públicas, para compensar o desequilíbrio e isolamento. Seguia a máxima do Estado Novo, “projeto nacional desenvolvimentista”, abrangendo expansão populacional para o Centro-Oeste e Norte, intitulada como “Marcha para o Oeste”, lucrou Cuiabá.
Um pacote de obras para a Capital, foram entregues na gestão de Júlio Müller na visita entre 6 a 8 de agosto 1941 do Pres. Getúlio Vargas ao regressar da incursão realizada ao Paraguai. Vários prédios públicos em estilo art déco, foram inaugurados pelo Presidente … o Grande Hotel, Residência Oficial dos Governadores, Palácio da Justiça, Hotel Águas Quentes, Cine Teatro Cuiabá, Centro de Saúde do Estado, e a maior obra educacional até hoje feita no Estado o “Liceu Cuiabano.” Não esquecendo o prédio do 16º Batalhão de Caçadores, e concretagem da avenida Getúlio Vargas. D. Aquino, orador sacro de Vargas, aqui informa-o da eleição para a Academia Brasileira de Letras. As realizações na gestão Júlio Müller não pararam, fundou o Departamento Estadual de Estatística, o Departamento de Saúde Pública e realizou a completa reforma da Imprensa Oficial do Estado. Contudo, a pérola de suas concretizações, gravada com seu próprio nome foi a 1ª Ligação Cuiabá – Várzea Gde, a ponte em concreto “Bel. Júlio Müller”, com 224 m x 6 m de pista e 40 m de vão para navegação, inaugurada no dia 20 de janeiro 1942 como reportado em “O Estado de Mato Grosso”.
Construiu ainda a Estação de Tratamento de Água, Campo de Aviação onde é hoje a Vila Militar, executou o levantamento da Planta Cadastral e o Plano de Expansão e Urbanização da Cidade !!!
Por outro lado, sua esposa, a confreira Maria de Arruda Müller – cadeira nº 7 da Academia Estadual de Letras, fundou o Abrigo dos Velhos e das Crianças de Cuiabá, ainda a Sociedade de Proteção à Maternidade e Infância, além de ter ampla atuação no Conselho Estadual da LBA/MT.
Este ciclo foi marcado através efetivo progresso econômico, em administração pautada na tranqüilidade política e nas várias obras, benefícios e serviços que prestou à Cuiabá e a todo MT.
Restaurou as finanças estaduais, isso apenas se tornou possível, pela força política que tinha junto ao Governo Federal, como sua dignidade e seriedade do seu caráter, facultando-lhe real prestígio !
Deposto Vargas em 9 de outubro 1945, após 5 dias, Júlio S. Müller deixa sua interventoria. Dedica-se ao empreendedorismo e pecuária na região de Várzea Gde, falece em 4 de março 1977.
Ubiratã Nascentes Alves, AML – cadeira nº 1 ubirata100@gmail.com – Whats 99968-7599
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