A identificação de Cáceres com o rio Paraguai é tanta, que o tratamento de “meu peixe” é a forma mais carinhosa de alguém dizer que quer bem ao outro. João Arruda é um desses peixes para os 90 mil cacerenses que habitam a cidade bicentenária onde as águas do Paraguai recebem o Sepotuba e o Cabaçal, e num abraço sem fim correm para o Atlântico, banhando a Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai, não sem antes atravessarem o Brasil Oeste.
Cáceres é um museu a céu aberto onde o Brasil deposita muito de seu melhor. É também o berço de João Arruda, jornalista, geógrafo, ambientalista e acima de tudo, símbolo da voz que se levanta pela c cultura daquela região, quer seja no ritmo melódico do cururu, quer seja por seus escritos ou por seu falar cantarolado, indolente, como se a frase não pudesse chegar ao fim. É o DNA de uma Cultura que passa pela consolidação da fronteira Oeste, pela ocupação da brasilidade no vazio demográfico numa área onde os reinos de Portugal e Espanha não sabiam onde o domínio de um terminava e o do outro começava. É a terra de soldados patriotas que lutaram nas guerras contra o Paraguai e os nazistas de Adolf Hitler.
Enfim, o município é um quase reino maior que Sergipe ou Israel e onde em boa parte o ciclo das águas estabelece as condições de vida, com seu sobe desce, naquela que é a maior planície alagável do mundo, o Pantanal.
A Cáceres dos irmãos Castrillon e de Natalino Fontes, Dr. Sabino Vieira e de Padre Geraldo é a mesma de todos os cacerenses, dos brasileiros de outras regiões e dos hermanos bolivianos que cruzam a linha imaginária que une os povos à sua direita e esquerda se sentindo em casa em ambos os lados.
A vila Maria-do Paraguai, que Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres fundou à margem esquerda do grande rio em 6 de outubro de 1778 virou importante cidade que sonha em ser metrópole regional.
Em Cáceres, João Arruda é um pouco de tudo. Poeta nas esquinas, animador das cantorias nos quintais, figura reverenciada nas festas e eventos de gala. É o primeiro a ser lembrado quando a cidade precisa de quem a defenda no jornalismo. É uma mistura humana de pantaneiro com sangue indígena e europeu. É o biótipo mais cristalizado da alma cacerense.
Tendo por testemunha diante da Matriz São Luiz, na praça Barão do Rio Branco, o Marco do Jauru, que eterniza o Tratado de Madrid, de 1750; as águas do rio Paraguai que reverentes passam ficando; e as ruas planas da área central, ladeadas pelo casario histórico, João Arruda é a Cáceres que pensa, fala, caminha, vive, trabalha e sonha.
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