Boa Midia

Lógica infame

Como se ganhar na maciota o rico dinheiro público? A resposta é imediata: construindo obras. E estas quanto mais caras melhores para rechear os bolsos de empresários e funcionários públicos corruptos.

Cuiabá ia ser e foi um dos locais a sediar os jogos da Copa do Mundo. Já tínhamos um Estádio: O Verdão. O que fazer? Reformá-lo. Construir outro? Entretanto, ficava mais caro derrubá-lo e construir outro no local. Esta foi a tese vencedora. E elefante branco foi construído e desafia uma destinação que lhe pague ao menos os custos de sua manutenção.

O BRT foi aprovado para facilitar o deslocamento urbano. Este modal era o mais barato e foi aprovado. Entretanto, desfez-se o aprovado e foi mudada a opção para o VLT 03 vezes mais caro. E deu no que deu: não sobraram árvores no seu percurso e um canteiro imenso de obras inacabadas, a céu aberto, desafia uma solução. Enfim, uma afronta que já perdura por mais de um lustro e o deslocamento urbano foi comprometido e continua pior do que antes.

Deixou-se o Sistema de Saúde Pública deteriorar-se à exaustão. E aí apareceu a solução mágica: as OSS. Com elas o desvio do dinheiro público em concessões camaradas e que não resolveu nada. E a saúde estava, está e continua no mesmo lugar: o fundo do paço.

Quanto maior a obra maior será a propina. Nesta lógica infame é que repousa a notícia de que estão trocando as salas de aula de alvenaria por containers de metal. A guisa de recuperação das salas de alvenaria que precisam de reformas instalam-se estas em containers e nunca mais se fala em recuperação das salas de alvenaria. E esta solução se torna definitiva, com os transtornos de tudo que é provisório: precários, quentes, insalubres, inseguros com riscos de choques elétricos e não detém e nem suporta as intempéries. O espetáculo deprimente, neste período chuvoso, tem sido mostrado, com insistência, pela televisão.

E os culpados de todo o aqui relatado, onde andam?

Têm-se várias soluções para resolver o mesmo problema, por que não escolher as mais gravosas e convenientes para atender os interesses espúrios com severos prejuízos ao Erário? O poder discricionário do serviço público, submisso às conveniências, continua a fazer das suas: favorecer os desmandos e a grossa corrupção.

As operações de combate à corrupção ganharam corpo e deixaram um passivo substancial de prisões, condenações, mas não atingiram o seu caráter profilático. Muita coisa continua acontecendo como se nada tivesse sido feito! Tudo continua como dantes no Quartel de Abrantes!

E a Capital deste Grande Estado Grande completa os seus 300 anos sem se desvencilhar do seu maior inimigo: a corrupção. Ela é insidiosa, e continua grassando os cantos e recantos onde entra o rico dinheiro do contribuinte. O Governo é novo, mas as práticas antigas são fortes e prometem vencer para continuar ditando as ordens do dia.

E nós hein! Continuaremos a pagar o pato que prossegue cada vez mais indigesto!

Renato Gomes Nery – advogado em Cuiabá e ex-presidente da OAB/MT

rgnery@terra.com.br

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