Marinho, o som que falta na noite rondonopolitana
Eduardo Gomes
@andradeeduardogomes
eduardogomes.ega@gmail.com
Garimpeiros bêbados lavavam o piso dos cabarés com cerveja, enquanto mulheres envolventes, perfumadas, decotadas, recrutadas em Goiânia e no Nordeste desfilavam pelos salões. Nesse ambiente o som do varava a madrugada que não tinha fim em Guiratinga, Tesouro e Poxoréu, nos anos de 1950 ao final da década de 1980, que marcaram o ciclo do diamante que jorrava farto fazendo riqueza da noite para o dia.
Músico da boemia? Claro que sim. O maestro Marinho Franco bem personificava o homem da noite. Isso, porém, não restringia sua arte aos cabarés. Sua genialidade musical enternecia corações enamorados nos bailes do Caleg e da AABB em Guiratinga, e na ABR e Rondonópolis Clube, em Rondonópolis, que sempre foram seus grandes palcos.
Marinho de Oliveira Franco nascido em 6 de março de 1912 era a mais pura expressão da musicalidade baiana que o município de Lençóis exportou da Boa Terra para Mato Grosso. Saxofonista requintado sabia de cor, repertório inigualável de boleros, guarânias, samba, mambo, blues, xaxado, sertanejo e o que mais se possa imaginar.
Maestro, músico, compositor e arranjador, Marinho Franco montou conjuntos musicais e o principal é a banda que em seus primeiros anos era composta basicamente por integrantes da família Franco: Marinho e Seus Beats Boys.
Desde 1951 Rondonópolis sempre esteve na alma de Marinho Franco, mesmo quando morou em Guiratinga e tocava nas noites do garimpo. Por mais de 40 anos fez parte da população rondonopolitana.
Homem honrado, familiar, trabalhador, o maestro Marinho Franco ajudou a escrever uma das importantes páginas da consolidação da Rondonópolis que conheceu antes mesmo de sua emancipação. Naquela cidade era figura querida, respeitada e recebia o tratamento de “Tio Marinho”.
Desde 24 de março de 2000, o sax do maestro Marinho Franco não toca mais. Rondonópolis reverencia sua memória com uma rua e seu moderno Aeroporto Maestro Marinho Franco. A cidade cresceu, está ainda mais bonita, mas em suas noites ficou para sempre o vazio das melodias que somente ele, com sua maestria e genialidade sabia tocar.
Infografia: Marco Antônio Raimundo
Foto: Acervo Marinho Franco