Eu sou um dos entusiastas leitores da escritora chilena Isabel Allende. A mais famosa de suas obras é A Casa dos Espíritos que foi adaptada para o cinema e é estrelada por ícones da dramaturgia universal, como: Meryl Streep, Jeremy Irons e Antônio Bandeiras. O seu nome tem sido cogitado para ganhar o Prêmio Nobel da Literatura, em língua espanhola, o que acompanho com fervorosa torcida. Tenho comentado, nesta coluna, vários dos seus livros. E vou fazê-lo novamente sobre a obra, cujo título encima este texto, publicado pela Editora Bertrand Brasil/2023 que trata basicamente da condição feminina no mundo:
“Em que consiste o feminismo? Não é que temos entre as pernas, mas, sim, entre as duas orelhas. É uma postura filosófica, é uma sublevação contra autoridade de homem”.
Violência doméstica: “Muitos desses psicopatas são marcados pela relação traumática com a mãe; não podem suportar a rejeição, a indiferença ou zombaria das mulheres, ou seja, não suportam o poder que elas têm e estas temem que os homens a matem…. A Reação masculina contra o poder feminino é violenta.”
“Vamos falar da paz. A guerra é uma manifestação máxima do machismo. A maioria das vítimas em qualquer guerra não são os combatentes, mas as mulheres e crianças…”
“O estupro transformou-se em arma da guerra. As mulheres são as primeiras vítimas dos exércitos que invadem e ocupam territórios…. O estupro destrói a vida dessas mulheres e meninas, bem como o próprio tecido da comunidade. É tão profundo o dano que agora estão violentando homens…. As vítimas sofrem horríveis traumas físicos e psicológicos e ficam marcadas para sempre: as vezes são expulsas das famílias e de aldeias ou executadas por apedrejamento”. As mulheres com genitália extraída com facas cegas e cacos de vidro para não ter prazer e, por consequência, não trair os homens. “Nesses e, em outros casos, a culpa recai sobre a vítima”.
“Meu avô dizia que quem paga manda…”
“Diante de nosso evidente espanto, Ester explicou que às vezes acontece de uma avó voltar a ter leite, quando há necessidade de amamentar o neto. – Essa senhora deve ter oitenta anos, acrescentou. Talvez exagerasse…Contei esse caso muitas vezes, e ninguém por estas bandas acredita em mim, mas pude ver algo semelhante num pequeno povoado do Lago de Atlitan, na Guatemala. “… É preciso dar uma oportunidade a esse imenso recurso natural e renovável que é a energia feminina.”
Discute-se – “não só o direito ao aborto como também contraceptivos femininos. É óbvio que ninguém discute o direito do homem à vasectomia ou ao uso de preservativos”.
Enfim, o livro é um mergulho no universo feminino, em que o assunto é tratado de forma abrangente e consequente. Afirma a referida autora: “todo fim é um novo começo… toda porta onde se entra é mesma onde se sai”. Certamente que a inesgotável energia feminina irá, apesar de todos os entraves, avançar muito mais e elas, as filhas de Eva, responsáveis pela vida e pela eternidade da espécie, irão pôr um fim neste calvário tardio.
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