O apito do trem no Coração do Brasil

Trilhos da FICO ligando Água Boa a Mara Rosa (GO). O governo federal bateu o martelo sobre essa obra, que terá 383 quilômetros e que será alimentadora da Ferrovia Norte-Sul, naquela cidade goiana
O anúncio dessa obra, em 2 de julho de 2019, partiu dos à época ministros Valter Casimiro (Transportes) e Ronaldo Fonseca (Secretaria-Geral da Presidência) juntamente com o então secretário especial do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), Adalberto Vasconcelos.
Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO) é o xodó do Vale do Araguaia, onde se situa Água Boa. Planejada pela VALEC Engenharia, Construções e Ferrovias, empresa vinculada ao Ministério da Infraestrutura. a ferrovia terá extensão de 1.641 quilômetros entre a Norte-Sul e Vilhena (RO). Oficialmente o nome da ferrovia é EF-354
A construção e conclusão do trecho Água Boa-Mara Rosa da FICO está previsto para o final de 2025, devendo a obra começar em 2021. Os recursos serão da mineradora Vale e girarão em torno de R$ 4,8 bilhões. Quando os trabalhos forem concluídos a ferrovia será entregue ao governo federal, que a dará em concessão.

A construção da FICO é resultado de uma costura administrativa. A Vale ganhou a prorrogação por 30 anos de duas concessões ferroviárias que terminariam em 2027: da Ferrovia Vitoria-Minas (de Itabira/MG ao porto no Espírito Santo) e da Carajás, no Pará e Maranhão, por onde se escoa minério de ferro de Carajás para o porto em São Luís, no Maranhão – ambas transportam passageiros.
A construção da FICO entre Água Boa e Mara Rosa está burocraticamente chancelada pelo Ibama e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Sobre o restante do trajeto, somente Deus sabe.
O último obstáculo para a obra da FICO seria o Tribunal de Contas da União (TCU), caso o mesmo barrasse a renovação antecipada das duas concessões da Vale. No entanto, em 29 de julho deste 2020, o TCU deu aval para tanto, fez recomendações à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) , mas não criou obstáculos à prorrogação contratual.
No ano passado o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, anunciou que a construção da FICO estava prevista para o começo deste ano, mesmo antes do aval do TCU. Porém, toda obra ferroviária tradicionalmente vai além dos prazos, e agora, com a pandemia, mais uma justificativa para o início dos trabalhos.
Além de commodities agrícolas de Água Boa e região a FICO deverá receber bom volume de cargas no município de Nova Nazaré, onde pesquisa aponta a existência de minério de ferro, que poderá entrar em processo de explotação em breve, e que terá destinos certeiros tanto no porto maranhanese, para exportação, e no polo sidero-metalúrgico de Marabá (PA).
MAMÃO COM AÇÚCAR – A obra da FICO não exigirá um centavo sequer de desembolso pelo governo federal. Quando concluída o governo a entregará em concessão recebendo por sua outorga.

NOVA NAZARÉ – No percurso da FICO, Nova Nazaré pertence a comarca de Água Boa e foi distrito daquele município até 28 de dezembro de 1999, quando se emancipou por força de uma lei do deputado Humberto Bosaipo sancionada pelo governador Dante de Oliveira. Sua área é de 4.037,501 km², tem 3.849 habitantes, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é 0,595 – considerado baixo pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento/PNUD – e a renda per capita é R$ 18.832,69.
O município tem problemas agrários na zona rural. Seu primeiro nome foi Borecaia. A denominação atual foi sugestão da religiosa Irmã Vita, que liderava a população em suas lutas sociais. A Rodovia MT-326 cruza a cidade, que tem ligação pavimentada com Água Boa. A economia é ancorada pela pecuária leiteira e a agricultura.
O primeiro prefeito foi o pecuarista mineiro José Marques de Queiroz, que não está mais entre nós e foi vereador por Água Boa.
Redação blogdoeduardogomes
FOTO:
1 – Site da Vale
2 – Karen Malagoli – Site público da Assembleia Legislativa de Mato Grosso
3 – Site público da Câmara Municipal de Água Boa
Sonhamos com o trem apitando aqui BRIGADEIRO. Obrigado pelo costumeiro apoio ao interior de Mato Grosso.