Boa Midia

O Escândalo do Pastel de Fávaro continua abafado

Eduardo Gomes

@andradeeduardogomes

eduardogomes.ega@gmail.com

Sempre defendo o jornalismo. Porém, a recente publicação da Folha, dando conta de que o município de Jangada – famoso por seu pastel – foi contemplado em 2023 com uma emenda de 29 milhões de reais do ministro da Agricultura e senador licenciado Carlos Fávaro (PSD) levou-me a uma torcida atípica: pedia a Deus que o grande jornal brasileiro estivesse enganado. Que por erro de digitação o número informado tinha um zero a menos ou ainda, dois. Porém a frieza dos fatos deixa claro que a referência editorial do Brasil está certa.

Torcia para que a destinação não fosse de 29 milhões. Nada contra Jangada, que merece o máximo do tratamento federativo, mas contra a maior vergonha na área pública em Mato Grosso depois da Máfia das Ambulâncias, dos escândalos na Assembleia na Era Riva, da roubalheira no governo de Silval Barbosa e da reforma de escolas no governo Pedro Taques. É inconcebível o montante destinado por Fávaro para seu correligionário prefeito Rogério Meira.

Jangada, 7,5 mil habitantes e dividia ao meio pela BR-364/163

A administração de Jangada não tem estrutura para investir 29 milhões no município, nem o mesmo necessita de tamanha montanha de dinheiro. Não há nenhuma materialidade naquela cidade que aponte para a aplicação da dinheirama. A transação entre Fávaro e Meira foi na surdina, bem ao estilo da liberação das emendas federais para a compra de ambulância da Planam, quando do escândalo da Máfia das Ambulâncias em 2006.

Todos os que bebem água em Mato Grosso sabem o quanto Fávaro adora holofote. Convenhamos, numa generosidade assim, excessiva, ele ocuparia espaço até no Rodong Sinmun,  mais fechado jornal do mundo e que circula somente para enaltecer o ditador norte-coreano   Kim Jong Un. Estranha essa emenda! Além da estranheza em si, avalio que Fávaro jamais destinaria tanto recurso para um município com 7,5 mil habitantes se seu projeto político para 2026 é disputar eleição majoritária.

Meu pensamento.

Em nome da transparência, da lisura e para facilitar a apuração dos fatos, Fávaro deveria entregar o Ministério da Agricultura e licenciar-se no Senado. Meira também teria que deixar a prefeitura e a Câmara Municipal em peso, idem. A Câmara? Alguém pode perguntar. Digo que sim. Afinal os 29 milhões entraram no caixa da prefeitura em 2023 e no ano seguinte os vereadores aprovaram as contas do prefeito. O fato é extremamente grave e justifica intervenção imediata no município.

A destinação por Fávaro, o recebimento por Meira e a aprovação das contas pela Câmara deixam claro uma estranha sintonia institucional quando trata-se de dinheiro público. Caberia ao Tribunal de Contas do Estado, quando analisou a prestação de contas de Jangada, ter virado o mundo de cabeça para baixo, mas nada disso aconteceu.

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Em tempo, destaco a essência da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, que mostrou ao Brasil a necessidade de controle e fiscalização sobre o sombrio mundo das emendas parlamentares. Parabéns, ministro Flávio Dino!

Espero que o Ministério Público Federal e o Ministério Público Estadual, cada um em sua esfera de competência priorizem esse episódio. Está mais que evidente que 0s 29 milhões não foram aplicados em Jangada.

Que a silenciosa emenda da Fávaro seja passada a limpo antes que a instituição Estado caia no descrédito popular. Por enquanto o caso está apenas nas páginas da Imprensa.

Até agora vejo a emenda  de Fávaro com desconfiança. Que os procuradores e os promotores nos detalhem o que se esconde por trás desse  Escândalo do Pastel.

 

Fotos:

1 – Agência Brasil

2 – blogdoeduardogomes.com.br

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