40 Anos – O Pai da Cuiabá-Santarém
Rasgar a BR-163, a Rodovia Cuiabá-Santarém, com 1.770 km na Amazônia do começo dos anos 1970 era questão estratégica ao governo, que a confiou ao Exército. Essa missão foi executada pelo 9º Batalhão de Engenharia de Construção (9º BEC) de Cuiabá e o 8º BEC de Santarém.
O comandante do 9º BEC na fase inicial da obra foi o coronel José Meirelles, que entre tantos desafios enfrentava a malária e ataques de índios. Meirelles além de cumprir o cronograma, ainda se desdobrou junto ao Incra em defesa da regularização fundiária no eixo da rodovia e colaborou na abertura das vilas que brotaram nas esteiras dos tratores, para mais tarde se tornarem cidades, a exemplo de Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso e Sinop.
A malária era verdadeira tormenta para os militares e civis que construíam a BR-163. O mosquito transmissor da doença ataca principalmente no amanhecer e final da tarde. Os acampamentos montados â beira dos rios e córregos eram cenários perfeitos para a proliferação da malária.
Para reduzir a incidência da malária o comandante do 9º BEC montou carroções sobre chassis de caminhões. Aquelas geringonças transformaram-se em verdadeiros acampamentos móveis acompanhando o avanço da estrada, mantendo o pessoal longe dos focos dos mosquitos nos horários mais críticos. O número de acamados diminuiu sensivelmente e os tais corroções ganharam o apelido de “Circo do Meirelles”.
Meirelles chamava a BR-163 de “Predestinada”, por entender que aquela rodovia é estratégica ao sistema de integração nacional, ao processo de ocupação de imenso vazio amazônico em Mato Grosso e no Pará e por criar uma rota ligando o centro do continente ao porto de Santarém, onde a navegação é marítima.
Após se aposentar o “Pai da Cuiabá-Santarém” – como se tornou conhecido – foi vice e prefeito de Cuiabá. Juntamente com sua mulher, Zulmira, o coronel José Meirelles desenvolveu intenso trabalho social em defesa de crianças e jovens na capital.
Meirelles nasceu em Conselheiro Lafaiete, Minas Gerais. Vítima de um choque hemorrágico decorrente de um aneurisma, o coronel José Meirelles morreu na noite de 28 de agosto de 2012 num hospital particular em Cuiabá, onde seu corpo foi sepultado. Deixou viúva, filhos, genros e netos.
Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes
Foto: Geraldo Tavares
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