Boa Midia

Percival não assinou carta contra Pedro Taques

 

 

 

 

Um dos líderes da oposição, o ex-prefeito de Rondonópolis vê aquele manifesto como ‘futricaiada’ e defende a apresentação de projeto de governo

Percival Muniz (foto) não assinou a carta de ex-apoiadores do governador tucano Pedro Taques criticando sua administração, declarando ruptura unilateral e relacionando compromissos de campanha que não teriam sido cumpridos. Mesmo assim, ele consta entre os 31 que assinaram aquele manifesto político. Fraude seria palavra muito forte para definir a inclusão do nome de Percival. Equívoco também não soaria bem, porque a elaboração foi demorada, cercada de cuidados e feita a muitas mãos.

Sobre a inclusão de seu nome à carta, Percival não desceu a detalhes, “Eles tiveram dificuldade para me achar. Passaram mensagem e não tive tempo de responder. Não quero entrar no mérito da carta, pois acho que ela não tem a importância que estão lhe dando. Não sou contra nem a favor (ao documento), mas eu não vou desautorizar nem autorizar (a inclusão de seu nome)”. Na ordem alfabética das assinaturas ele aparece no 25º lugar numa lista com 31 políticos. O manifesto foi divulgado no dia 24 deste abril, mas até então Percival não tinha sido ouvido pela imprensa sobre ele.

Sem rotular o caso Percival tem outro enfoque para fazer oposição, “Deixemos o povo julgar, senão fica muito no pessoal, fica uma ‘futricaiada’, uma conversa de comadre”, desqualificou a iniciativa, mas deixou claro que usou a expressão “comadre” de modo figurado, pois, “as comadres são importantes”. O enfrentamento político, na análise dele, tem que ser feito com proposta e diálogo inclusive com antigos adversários do governador, que demonstram disposição para conversar com o grupo ora descontente.

Percival acha que ao invés da carta as oposições deveriam ter apresentado novo projeto ao povo de Mato Grosso. “Lá atrás (2010) quando apresentamos uma proposta com a candidatura de Mauro Mendes a governador, com Pedro Taques ao Senado, a grande maioria dessas pessoas (que assinaram a carta) estava conosco. Depois (2014) veio à candidatura de Pedro Taques ao governo num movimento liderado mais pela personalidade dele do que pelo conjunto dos partidos que (Taques) estava representando. Era o que tínhamos naquele momento”, destaca. Transcorridos mais de sete anos o movimento iniciado em 2010 dá sinais de desmoronamento a julgar pela carta, que Percival questiona.

Contrário ao julgamento de Taques por seus ex-companheiros, Percival entende que, “cabe à população julgar a administração do Pedro (Taques)”, que segundo sua avaliação, “É um governo bem personalista, bem ao estilo dele”. Insistindo em ficar em direção oposta àquela apontada pela carta, Percival diz que, “Nós que temos militância política, e história política e partidária, devemos apresentar uma proposta para o Estado, diferente daquilo que o Pedro (Taques) representa. Acho que ao invés de ficarmos criticando pontos devemos apresentar um projeto de desenvolvimento para o Estado, com um governo mais democrático, popular e que ouça todos os segmentos sociais; que consiga encaminhar as questões macro e as reformas que o Estado precisa promover, de uma forma democrática, respeitando todos, valorizando as instituições e ao mesmo tempo construindo uma direção para o futuro, pois estamos sem futuro. No jeito que o Estado está sendo conduzido ele não apresenta um futuro para a sociedade e nós vamos ficar somente pagando folha (salarial), vamos ficar sem conseguir enfrentar os problemas de logística, de estradas, os problemas de melhoria da produção, principalmente da pequena agricultura, que muito depende do Estado. Esse projeto também tem que contemplar a política de desenvolvimento geral dos servidores públicos com estabilidade tanto em salário quanto em carreira”.

Como levar o povo a julgar o governador para formar valor de juízo pensando nas eleições e de que modo à oposição pode fundamentar sua proposta para um novo governo? – questiono. “Nós precisamos chegar para Mato Grosso e dizer: olha o Pedro (Taques) está ai e não vamos julga-lo. O julgamento tem que ser feito por vocês. Agora, nós temos uma proposta aqui, que achamos por nossa experiência, seja possível melhorar o governo”, respondeu.

Esse projeto é um novo estilo de se fazer política? – pergunto. Sim – responde – e política tem que ser feita com altivez, com respeito. Se o atual governador não respeita nem valoriza as lideranças isso é uma questão pessoal dele. Nós devemos olhar para Mato Grosso, que é muito grande. Não podemos pensar pequeno”, sintetizou.

Seu entendimento é que o julgamento seja feito pelo povo e que oposição apresente uma proposta de governo? – pergunto. “É isso que tenho defendido dentro do grupo. Temos que liderar um movimento no sentido de se construir um novo momento para o Estado. E buscar amplia-lo com as forças que não estavam conosco lá atrás, que na época eram oposição ao nosso grupo e que hoje estão dispostas ao diálogo. Acho que é por ai. A discussão está no campo pessoal, na crítica pela crítica. Não tenho crítica nenhuma a fazer. Quem tem que fazer crítica é a população. Agora, cada um faz política como gosta de fazer e a gente tem que respeitar.

Percival dos Santos Muniz, 62 anos, é filiado ao PDT. Exerceu mandato de vereador por Rondonópolis (PMDB-1983/86) quando iniciou sua carreira política. Foi deputado federal constituinte e secretário de Estado. Foi vice-prefeito e três vezes prefeito de Rondonópolis. Cumpriu dois mandatos de deputado estadual. Em 2016, pelo PPS, Percival tentou se reeleger prefeito, mas foi derrotado por Zé Carlos do Pátio (Solidariedade).

 

Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes

FOTO: Arquivo/AL

 

PS: Transcrito do Jornal Diário de Cuiabá edição 27 abril 2018 Caderno Política e de sua versão eletrônica www.diariodecuiaba.com.br no link: http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=514757

 

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