Política ou negócios?
Nessa antevéspera de fechamento das composições politicas visando a eleição que se aproxima, tanto em nível federal como para os governos estaduais, ainda mais se esclarece o conceito de como “nossos líderes políticos” enxergam e encaram a coisa pública.
As especulações sobre “quem vai com quem” para estas eleições só escancaram e trazem a luz do dia, as trevas das negociatas políticas. Não querendo ser raso, nem negar a política ou, como é moda nos discursos falso-liberais, criminaliza-la, eu compreendo bem e respeito a política e os verdadeiros políticos, aqueles que tem causas claras, bandeiras de trabalho e histórico de construção para o respectivo seguimento, movimento social, município ou áreas em que mais prioriza seu mandato político eletivo.
Cumpre-se ali, uma função que deve ser pública, transparente, sempre a se pensar no coletivo. Ainda que se vá atuar em nome do seguimento da indústria, defender subsídios financeiros, logística para escoar seus produtos etc, ou mesmo fazer a histórica defesa de classe, de direitos mais variados dos trabalhadores, há que se pensar no todo da cadeia produtiva, do segmento econômico, e no todo da sociedade, Há que se pesar os interesses, seja na defesa de classe patronal ou de trabalhadores. A política, acima de tudo deve servir para harmonizar os interesses dessas corporações, com os de todo o POVO. Há que se ter impostos, que são gerados por empresas e trabalhadores, que devem, entre si, visar o bem estar social, gerando fortuna e riqueza pra todos, entendendo fortuna aqui como bonança e serviços básicos.
Mas não é o que se vê na prática. Os atuais grupos políticos, mais se assemelham a grupos de empresários. Os debates que acompanho em plenárias, em mídias sociais, em conversas de bastidores, vê-se claramente que as disputas não são por que alguém fez um bom ou mau governo, cuidou menos ou mais de determinada área que para população seja sensível, deu mais ou menos dignidade e celeridade ao pequeno e médio comerciante nas escrivaninhas de órgãos públicos, quando precisa resolver questões de suas fontes de renda, seus empreendimentos.
Ou seja, pouco importa se trabalhou ou não aquele mandatário. O que importa aos políticos-empresários é, se suas empresas e seus sócios foram atendidas pelo governo de plantão!
Esta eleição, aos olhos de quem a vê de fora, torcendo pelo melhor para Mato Grosso, tem dado sinais de que os homens ricos que ficaram mais ricos ainda explorando a venda de serviços ao estado, ou o próprio estado, se beneficiando de incentivos e renúncias fiscais, do bom trânsito com o poder para licenciar grandes empreendimentos agrários, florestais, hidrelétricos etc, agora não querem ficar fora da grande fatia de recursos do orçamento estatal, uma avó bondosa para grandes empresários/políticos. Precisam se eleger, ou elegerem alguém, para defender SUAS EMPRESAS E SOCIEDADES ECONÔMICAS.
Nem os “políticos-executivos” que vêm da indústria, ou do agronegócio, defendem o seguimento ou o bem do estado como um todo. Não por acaso estão rachados. São lutas amesquinhadas! Lutaram os últimos mandatos para beneficiarem seus próprios empreendimentos ou de parceiros próximos, do que propriamente para buscar uma solução para a burocracia, para a falta de linhas de crédito mais baratas aos pequenos e médios empreendedores (que mais geram emprego e renda), para a agricultura familiar ou mesmo para o desenvolvimento da cadeia industrial do estado.
Não parece de fora uma defesa do ESTADO PROVEDOR, nem do estado MOTRIZ, mas sim uma defesa de interesses segmentados, dentro dos próprios seguimentos econômicos. Quando criticam a luta dos trabalhadores, públicos e privados, o grande empresariado o faz desconsiderando principalmente o pequeno e médio, pois desconsidera que o que ganham esses profissionais, sustenta a grande maioria dos comerciantes e prestadores de serviço em todo estado, sejam pequenos, médios e até as grandes redes.
Já a renúncia fiscal, sem qualquer contrapartida social nem mesmo de incentivo a evolução de uma cadeia produtiva, ou de privilegiar a maior industrialização do estado, tira recursos diretos da saúde, onde todos os dias morrem centenas por falta de insumos básicos, da educação, que ao relegar a qualidade do ensino só aumenta a alienação dos jovens aos reais problemas e seus causadores, da segurança pública, que mata jovens e adolescentes todos os dias etc. As terceirizações indiscriminadas no serviço público, só torna mais milionário alguns políticos-empresários, em detrimento de todos. As obras superfaturadas, idem. Ou seja, são BILHÕES de reais que perdemos que fazem a máquina pública mais ineficiente propositalmente, em benefício de alguns.
A política se amesquinhou a tal ponto, de quase deixar de poder ser chamada de política, mas sim, DE NEGÓCIOS, Sociedade Empresarial S.A!.
ANTÔNIO WAGNER DE OLIVEIRA, advogado, analista da Área Meio do Estado, Presidente em exercício da Central dos Sindicatos Brasileiros em MT/CSBMT,diretor Jurídico do SINPAIG, membro fundador do Núcleo de MT pela Auditoria Cidadã da Dívida Pública e um dos atuais coordenadores do Fórum Sindical dos Servidores do Poder Executivo
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