Por uma Polícia Militar sem bico
Eduardo Gomes
@andradeeduardogomes
O primeiro sargento da Polícia Militar Odenil Alves Pedroso, 46 anos, não teve tempo para comer o sanduíche que pediu numa lanchonete em frente a UPA Morada do Ouro, em Cuiabá. Um pistoleiro o executou com um tiro na nuca, sem que ele sequer o visse. O crime aconteceu na tarde da terça-feira (28). Removido para um hospital, o graduado não resistiu e seu corpo foi sepultado na quinta-feira (30) no Cemitério Parque Cuiabá, na capital, com honras militares. O suposto criminoso foi identificado, e segundo a Polícia Civil, trata-se de Raffael Amorim de Brito, de 28 anos. A PM montou uma operação de guerra para localizá-lo. O sargento Odenil fazia bico na UPA.
Bico é uma forma de complementação salarial. No Brasil inteiro essa prática existe. Em alguns casos é aceita com naturalidade e em outros a Polícia Militar finge desconhecê-la. Em tese o policial militar somente pode exercer paralelamente ao seu trabalho, a função de professor.
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o salário bruto inicial do soldado em Mato Grosso é de R$ 8.605,56 e no topo da hierarquia o coronel recebe 36.039,80 com os descontos de praxe.
Nenhuma profissão é tão estressante quanto a de policial militar e civil. Em razão dessa realidade, são muitos os casos de estresse crônicos na base da tropa, e também muito alta é a taxa de suicídio nos quartéis.
O lamentável caso do sargento Odenil foi uma fatalidade e nada tem a ver com estresse. Porém, esse assassinato deveria motivar o governador Mauro Mendes, a Secretaria de Segurança Pública e o comando da PM, pela implementação de uma política de boa remuneração salarial para zerar o bico.
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O policial militar no cumprimento de sua escala enfrenta situações que em muito casos expõe sua vida, a de seus companheiros e de elementos da população. Nada mais justo que esse operador da segurança pública ao cumprir sua jornada retorne à sua casa e descanse, relaxe e ganhe força para retomar o ritmo dos quartéis.
Paralelamente à melhoria salarial, a Polícia Militar precisa de aumentar o efetivo, ora de 6.752 mulheres e homens, de oficiais e praças. Que tudo isso aconteça, mas sem aproveitamento político partidário, pois lamentavelmente a PM está perto de se transformar num palanque fardado.
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