Boa Midia

Pum de Pirata em jogo virou merda

Ewller dos Reis Brás, o Pirata, que foi contemporâneo de muitos juízes da velha guarda que marcaram época no futebol mato-grossense – Elói Natalino Nascimento, Mário Martins Rodrigues, Miguel Arruda, Wilson Eraldo Silva, Salim Gonçalves, Orlando Antunes de Oliveira, Benedito Pio dos Santos, os irmãos Gílson e Geson Rodrigues e tantos outros –, sempre foi um gozador de marca maior. Com ele não tinha tempo ruim, estava sempre de bem com a vida, pronto para aprontar alguma travessura…    
Para começo de conversa Pirata, que adorava apitar futebol – quando não era escalado pela FMF para trabalhar nos finais de semana dava um jeitinho de arrumar uma boquinha em jogos entre amadores ou simples “peladas” – não usava cueca de jeito nenhum.  “A qualquer hora você pode entrar numa fria…” – advertiam o juiz seus amigos mais chegados, mas ele não levava em conta as ponderações.
Um dia, Pirata, que faleceu faz muito tempo, apitava no mini estádio do bairro Pedregal ou Planalto um jogo de campeonato amador. De repente, ele sentiu vontade de soltar um pum. E mandou ver… e só  quando ele sentiu uma quenturinha escorrendo pelas suas pernas se deu conta que havia enchido sua bermuda… de merda!
Nisso, um forte pé-de-vento passou pelo campo, com o redemoinho deslocando na direção de Pirata uma página de jornal velho. Ele não vacilou: pegou o jornal e começou a se limpar ali mesmo, onde estava.
E para não mostrar a bunda para a torcida, abaixando a bermuda, o juiz ia fazendo a higiene de traz para frente, espalhando disfarçadamente pedaços de papel sujos de merda por onde passava correndo…
Muitos torcedores perceberam o que estava acontecendo dentro do campo e começaram a se manifestar ruidosamente, uns aplaudindo, outros vaiando o caradurismo do árbitro. A torcida se divertia, dando gargalhadas…
Diante do ineditismo da situação, alguns jogadores sugeriram que Pirata se dirigisse ao vestiário para fazer uma higiene completa para se livrar do mau cheiro da merda. Mas ele se recusou: “O jogo é de campeonato, não pode parar! Continuem jogando…”

 

PS – Capítulo do livro Folclore da bola (volume 2 do Casos de todos os tempos) e desmembrado em três capítulos: futebol, arbitragem e radialismo,  que está na editora à espera da publicação pelo jornalista e escritor Nelson Severino.
A obra, ambientada em Mato Grosso, focaliza personagens do esporte e do jornalismo esportivo.
Aposentado e residindo em Várzea Grande, Nelson Severino se dedica a escrever livros. Em breve terá novo lançamento.
Em Mato Grosso o autor é uma das referências do jornalismo, profissão à qual se dedicou com seriedade e profissionalismo durante décadas, sem se deixar seduzir por políticos e poderosos, atuando em jornais e revistas regionais, e na condição de correspondente de grandes jornais do eixo Rio-São Paulo. 

 

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