Sílvio Santos é parte da boa brasilidade que está morrendo, deixando um vazio que não é preenchido pelas novas gerações.
Quem substitui a genialidade de Pelé em campo? E os dribles desconcertantes de Garrincha, onde encontrá-los?
A capacidade administrativa, o poder de convencimento, a visão de estadista de Juscelino Kubitschek não estão nas prateleiras dos partidos nem na insanidade por Lula ou Bolsonaro.
O sacerdócio de integração nacional do mato-grossense Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon vai muito além do que se possa imaginar.
A baianinha porreta Santa Dulce dos Pobres, o Anjo Bom da Bahia, e Chico Xavier com sua mineirice nos deram exemplos de amor ao próximo nesta terra dominada por pastores que gerenciam as Igrejas S/A.
A voz de Nelson Gonçalves na dor de cotovelo, o amor ao Nordeste na sanfona branca do Rei do Baião e a brasilidade sertaneja de Inezita Barroso não têm substitutos. Octogenário, Roberto Carlos ainda nos brinda.
A poesia de Carlos Drummond de Andrade não é hereditária e nenhum outro ocupa o lugar do poeta nesta terra pobre de rima. E a literatura de Jorge Amado contestando os desníveis sociais e tecendo duras críticas ao mosaico da hipocrisia social? – Quem os substitui?
Em Meus Tempos de Criança, Ataulfo Alves arrasta a alma do Brasil interiorano para a poesia musicada e sua letra e rima permanecem para sempre nesta terra onde a vulgaridade de músicas atuais ofende a memória de Ataulfo, Cartola, Mário Lago, Adelino Moreira, Evaldo Gouveia, Humberto Teixeira, Catulo da Paixão Cearense, Adoniran Barbosa, Luiz Vieira, João Pacífico, Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Chiquinha Gonzaga, Noel Rosa, Goiá, Edwina de Andrade e Zé Dantas.
“Eu daria tudo que eu tivesse / Pra voltar aos dias de criança / Eu não sei pra que que a gente cresce / Se não sai da gente essa lembrança / Aos domingos, missa na matriz / Da cidadezinha onde eu nasci / Ai, meu Deus, eu era tão feliz / No meu pequenino Miraí / Que saudade da professorinha / Que me ensinou o beabá / Onde andará Mariazinha / Meu primeiro amor, onde andará? / Ai, eu igual a toda meninada / Quanta travessura que eu fazia / Jogo de botões sobre a calçada / Eu era feliz e não sabia /…”
Onde buscar alguém com a dimensão de tantos vultos do passado e outros acima dos 70, 80 ou 90 anos? Onde encontrar um coronel José Meirelles? Bernardo Sayão? Norberto Schwantes? Ênio Pipino? Guilherme Meyer? Israel Pinheiro? Burle Max? Oscar Niemeyer? Zilda Arns? Munefumi Matsubara? Olacyr de Moraes? Antônio Paulo da Costa Bilego? João Petroni? Paulo Machado de Carvalho? Pedro Ludovico? Flaviano de Matos Vanique? Irmã Adelis? Gustavo Bringsken? Zé Paraná? Ariosto da Riva? José Aparecido Ribeiro? João Augusto Amaral Gurgel? Frederico Campos? Maria Ester Bueno? Ayrton Senna? Sandra Cavalcanti? Roberto Campos? José Tadashi Yorinori? Ozires Silva? Maysa Matarazzo? Dom Pedro Casaldáliga? Dom Helder Câmara? Adhemar Ferreira da Silva? Irmã Luiza? Sobral Pinto? Ziraldo? Chico Anysio? Jô Soares? Coronel Adib Massad? Monsenhor Celso Duca? Manoel de Barros? Clara Nunes? Nilton Santos? Didi Folha Seca? Zagallo? Bibi Ferreira? Hilton Rocha? Euryclides de Jesus Zerbini? Emílio Santiago? Hebe Camargo? Agnaldo Timóteo? Daniel Martins de Moura? João Balão? Fiote Campos? Valdon Varjão? Archimedes Pereira Lima? Filinto Müller? João Alberto Belmonte Aigner? Heronides Araújo? Amauri Furquim? Zé Paraná? Tião Carreiro? Fernanda Montenegro? Lima Duarte? Leila Diniz? Moacyr Franco? José Fragelli? Júlio Campos? Padre Lothar? Brandão Filho? Lúcio Mauro? Rogério Cardoso? Erasmo Carlos? José Clemente Mendanha? Jorge Yanai? Gabriel Novis Neves? Zeca D’Ávila? Bezerra Neto? Ilson Matschinske? Irmã Glícia Maria Barbosa da Silva? Irmã Vita? Raoni Metuktire? Claudino Francio? Calé Marien? Domingos Iglesias Valério? Liu Arruda? Gervásio Azevedo? Daniel Meneguel? Nêgo Amâncio? Jacinto Silva? Lídio Magalhães? João Carlos de Souza Meirelles? Feliciano Moreira da Costa? Padre Geraldo José dos Santos? Antônio José da Silva? Hortêncio Paro? Dario Hiromoto? Adão Riograndino Mariano Salles? Rômulo Vandoni? Wilson Clever Lima? William José Lima? Antônio Luiz de Castro? José Queiroz? Djalma Pimenta? Luzia Guimarães? Rubens Rezende Peres? Alair Álvares Fernandes? Antônio Nunes Severo Gomes? Moisés Mendes Martins Júnior? Benedito Pedro Dorileo? Ivo Cuiabano Scaff? Rosalina de Jesus Maciel (Baiana)? José Antônio Tobias? Elby Milhomem? Orlando Roewer? Siegfried Roewer? Gilson de Barros? Reinaldo Tirloni? Padre João Salarini? Dagmar Parini? Theonilo Arruda (Bilo)? Luiz Cancian? José Almir da Silva? Cezalpino Mendes Teixeira (Pitucha)? Adilson Reis? Roberto Dorner? Hilton Campos, Germano Zandoná? Zeferino José de Matos? José Castrillon? Yosuhua Matsubara (Paulo Japonês)? Márcio Lacerda? Mário Nishikawa? Louremberg Nunes Rocha? Onde, nesta terra?
Os textos de Samuel Wainer, David Nasser, Ricardo Boechat e José Hamilton Ribeiro – que enfrenta grave problema de saúde – apontavam rumos e exibiam a dura face nacional. Agora, o jornalismo de frases curtas, insossas e não raramente bajulativo é um desconvite à leitura.
Sílvio Santos foi um raio de luz entre nós.
Com seu otimismo, sorriso cativante e poder de comunicação o Homem do Baú foi referência na televisão para gerações. Que São Pedro o receba de braços abertos e grite a todos os pulmões para Deus ouvir no trono celestial: Sílvio Santos vem ai! E que no céu, seu lado camelô convença o Criador a nos enviar grandes nomes nas próximas gerações, porque as que caminham sobre a Terra de Santa Cruz – com as exceções de praxe – são exemplos que não devem ser seguidos. Infelizmente!
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